Amanhã os trabalhadores da PT vão concentrar-se em frente ao parlamento, a protestar contra a OPA. Eu também vou lá estar. São quase mil quilómetros de viagem, mas nunca devemos abdicar de lutar, quando achamos que a luta é justa. E esta OPA não é boa para o país, nem para o serviço público de telecomunicações, nem para os consumidores e nem, em particular, para os trabalhadores do grupo PT.
Não vou repetir os meus argumentos contra a OPA.
Estão aqui e aqui, mais aqui e ainda aqui, mais aqui e aqui e ainda mais aqui e aqui e também aqui e ainda aqui e mais aqui e aqui .
Entretanto quem está a ganhar e muito com as OPA são os bancos que prestam assessoria e as financiam e os advogados e os consultores de comunicação que independentemente do sucesso da operação, já garantiram um lucro mínimo:
Segundo o DN de ontem, só os bancos em aconselhamento financeiros, vão ganhar na ordem dos 10 milhões de euros, sem contar ainda com os juros (spreed) sobre o financiamento e as sociedades de advogados, ganham mais de 200 mil euros em apoio jurídico.
E os accionistas, não ganham? Segundo o Jornal de Negócios, só com o aumento dos dividendos em 9 cêntimos, decidido pela Administração da PT, como resposta ao lançamento da OPA sobre a PT, os grandes accionistas de referência vão ganhar, tomem nota, a Telefónica, cerca de 10 milhões de euros, o BES, 8,4 milhões de euros, a CGD, 5,2 milhões, o Coronel Luís Silva, 2,6 milhões, o Patrick Monteiro, também mais de 2 milhões de euros.
Vendo bem, se calhar esta OPA não é tão “hostil”, para eles, como nos querem fazer crer. Desde já, está a dar-lhes muito dinheiro e só isso são motivos para sorrir. Já para os trabalhadores, pelo contrário, as coisas não estão bem, pois ainda não foram actualizados os vencimentos que deviam ter acontecido em Janeiro, sendo a proposta da Administração inferior a 2 por cento de aumento. Isto, após um ano de exercício em que a PT obteve os maiores lucros de sempre, cerca de mil milhões de euros.
Mas essa é outra luta, espera-se pois que os sindicatos não se deixem embalar nestes cantos de sereia.
Mas não pode ser isso, motivo para os trabalhadores e até a população, esmorecerem e deixarem de se manifestar contra a OPA. Nesta fase é importante que não haja distracções.
Defender a empresa contra o seu desmembramento, defender os postos de trabalho, defender o serviço público, assegurando que o Estado deve manter a sua capacidade de intervenção, defender os direitos sociais, como o fundo de pensões e os cuidados de saúde, é a prioridade e o resto não pode ser moeda de troca, quando os lucros foram fabulosos e ainda aumentaram mais os dividendos aos accionistas.
Este país não pode ser um casino em que tudo se joga e onde os ricos estão mais ricos, os pobres mais pobres, os lucros da banca e de outras grandes empresa são enormes e continua a haver batota fiscal.
Basta ver que com esta OPA e em consequência do empréstimo de Belmiro à banca, para financiar a operação, os lucros e os dividendos garantidos todos os anos pela PT, são livres de impostos que o Estado vai deixar de receber, até a Sonae liquidar a divida à banca, ou seja, o Estado prescinde de receber o dinheiro de impostos que vão ser utilizados para comprar a PT. São pelo menos 3 mil milhões de impostos que o Estado deixa de receber.
Por isso, também, deve ser apoiada a proposta legislativa do Bloco de Esquerda que pretende que os empréstimos contraídos para o financionamento de uma OPA não possam ser usados para deixar de pagar impostos, quando as empresas a presentarem lucros, assim como, obrigar a pagar impostos, as mais-valias das vendas das acções.
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