sexta-feira, dezembro 30

Alegre, pátria e bandeira.

Nunca gostei da utilização da palavra “pátria” no discurso político. Também não gosto da utilização pungida do hino nacional e do frenesim pela bandeira nacional. Aceito e contemporizo em certas circunstâncias muito particulares, não como a apologia de uma superioridade, antes como uma benquerença por algo que sentem como seu.

Pátria e nacionalismo, querem dizer exactamente o mesmo, objectivamente, por mais que digam que não. Pátria e nacionalismo são palavras ouvidas e mais que ouvidas por diferentes nacionalismos, ainda hoje presentes, em alguns sectores da sociedade, sejam de feição fascista, republicana, socialista, comunista ou maçónica.

O nacionalismo de qualquer natureza é um erro e um indicador de uma ideia de superioridade. Sempre foi assim. Esse é o seu traço fundamental. É o orgulho pateta de quem julga a sua cultura, a sua história, a sua vocação, a sua etnia, os seus valores, melhores e mais preparados que os outros.

O nazismo, o fascismo, as políticas imperialistas, o colonialismo, são expressões desta superioridade doutrinal, pretensamente, investidos por um qualquer poder divino que lhes atribuiu uma qualidade superior e universalista. Foram estas “aptidões” que durante muitos anos, justificaram a nossa presença colonialista em muitas partes do mundo, como os “grandes civilizadores” e que foi a imagem da marca das políticas imperiais de Salazar, em particular em África.

Pátria ou nacionalismo transportam uma ideia de superioridade que é bem patente agora no discurso de Alegre ao invocar a “vocação universalista portuguesa” para lembrar e associar o "novo" Portugal, à época dos descobrimentos e a uma posição cimeira de Portugal no mundo.

São palavras sem sentido e perigosas. Nós podemos e devemos ter orgulho em muitos acontecimentos do nosso passado. Podemos e devemos gostar do nosso país, da terra onde nascemos, onde ganhamos raízes. Mas, somos parte de um mundo, onde vivem, convivem e se cruzam, diferentes etnias, religiões, culturas, todos iguais, todos diferentes, onde mais tarde ou mais cedo, seremos a síntese de tudo isso.

O nacionalismo ou o patriotismo não são uma identidade nacional. A unidade em volta do conceito de pátria, torna invisíveis as desigualdades sociais ou os conflitos de classe. Não há nacionalismos melhores e piores. Eu não posso estar com um Belmiro porque é da minha pátria, contra um trabalhador explorado na China, porque não é da minha pátria. Eu não posso estar do lado do Belmiro alegre e patrioticamente concertado, contra qualquer trabalhador explorado de qualquer parte do mundo, só porque não é da minha pátria.

O patriotismo recuperado do Alegre ou um hino nacional cantado numa sessão do PCP, são reminiscências de um passado de “glória”, muito nacionais e fechadas ao mundo e por isso perigosos num mundo globalizado e transfronteiriço.

Convém lembrar, não há muito tempo, o sucedido na França com as “passagens” de votantes habituais do partido comunista e nos socialistas republicanos, directamente para Le Pen, por causa dessa defesa desses “nacionalismos”, habilmente aproveitado pelo outro “nacionalismo”.

Portanto Alegre, ao contrário do que dizem alguns, não trouxe nenhum contributo inovador à esquerda, pelo contrário, as suas posições, como a de outros, que se fecham aos novos tempo (em que tudo o que vem de fora é mal – mesmo sendo trabalhadores), desconsidera a luta dos trabalhadores imigrantes e tem uma posição retrógrada sobre o mundo nada adequado a um homem de esquerda que se opôs ao fascismo.
Nota:
Este tema que há muito tempo estava para escrever, acabou por sair agora, depois de ter lido um artigo excepcional, no jornal "Público" de ontem, sob o título O rectângulo, escrito pelo Historiador, José Neves, com o qual concordo inteiramente, recomendando a sua leitura.

quinta-feira, dezembro 29

Uma confidência

Não passo um dia sem ouvir o Jorge Palma. O seu último álbum, "Norte" em minha opinião é genial, talvez o seu melhor trabalho de sempre. É um trabalho muito tranquilo, limpo, muito swing, com uma leve abordagem jazzística.
Um espanto!
Todas as faixas são excepcionais. Não sou capaz de dizer qual é a melhor. Mas, como não referir, O Passeio dos prodígios; A escuridão (vai por mim); Norte (o meu); Há tanto tempo (espero por ti); Demónios interiores ou a Partitura Humana ( a fazer-me lembrar a Noite de José Mário Branco)?
O meu leitor de MP3 está a ficar "gasto" de tanto reproduzir o Jorge Palma. Com, José Mário Branco faz o par dos meus cantores preferidos.
Fica o alinhamento do álbum e as letras:
Passeio dos prodígios (Letra). Optimista céptico (Letra). Escuridão (vai por mim) (Letra. Os demitidos (Letra). Norte (o meu)(Letra).Tama-ra (Letra). Há tanto tempo (espero por ti) (Letra). D. Quixote foi-se embora (Letra).Gosto de brincar com o fogo (Letra). Acordar tarde (Letra). Valsa dum homem carente (Letra). Outono (estratégia da cigarra) (Letra).Demónios interiores (Letra). Good old Dixie's back . Partitura humana .

Venham os protestos de rua!

Já não consigo suportar esta ideia de que temos de fazer sacríficios! Pedem-nos compreensão este ano, já nos pediram nos anos anteriores, vão nos pedir nos anos seguintes. Quando é que acaba esta merda? Somos todos parvos é? Os sacríficios são partilhados por todos, por acaso? E que podemos esperar dos candidatos Cavaco, Soares e Alegre, que alinham neste coro dos velhos? Bardamerda para todos, desculpem lá.

quarta-feira, dezembro 28

Um profundo nojo

O trabalhador por contra de outrem que não exerce funções de direcção é, em regra, um tarefeiro. Faz o que lhe mandam, acata ordens, executa com competência, exerce com brio, pugna pelos objectivos, trabalha mais horas, empenha-se por aprender, é aplicado, inventivo, polivalente, respeitoso e desenrascado.

Quem trabalha numa empresa sabe que esta é a regra. Há excepções, naturalmente.

Mas dependendo de outros, o trabalhador tem uma margem de manobra limitada. Quem define as regras, os métodos, os meios humanos e técnicos, a formação especializada, as opções estratégicas, as metas, são os dirigentes e os empregadores.

Por outro lado, também não são os trabalhadores, quem traça os eixos em que assenta o progresso! Quem faz as escolhas do modelo económico e social! Quem interfere nas grandes opções dos planos de crescimento e desenvolvimento estratégico! Quem aprova as leis! Quem governa! Quem manda! Quem decide!

Os cidadãos e os trabalhadores em geral, são convidados a votar de quatro em quatro anos. Até lá não se vislumbram, chamamentos à participação cívica. Ou se criam estruturas amplas de observação, discussão ou de decisão participada. O que se vê é os partidos enxameados de oportunistas, de carreiristas, de interesseiros.

É por isso que há falta de competência, de visão estratégica, do conhecimento, de lucidez, mas também de excesso de ambição, de mentira, de oportunismo, mas também da ladroagem, das “máfias” de interesses cruzados, empurram para os trabalhadores e em geral para os suspeitos do costume a responsabilidade pelo estado do país.

É por isso que quando ouço o discurso de Natal do Sr. Primeiro-Ministro, “aos portugueses de boa vontade” e agora a apresentação de aumentos de 1,5 por cento de aumento aos funcionários públicos, sinto um profundo nojo.

terça-feira, dezembro 27

A Assembleia Municipal de 23 de Dezembro

Com a minha eleição para a Assembleia Municipal de Viana do Castelo, assumi o compromisso de dar público conhecimento da minha (nossa) actividade nesse órgão autárquico. Nesse sentido deixo aqui o que de mais relevante se passou na última Assembleia. Num texto breve, logo após a última Assembleia, dei conta da principal decisão, agora desenvolvo um pouco mais.

A sobranceria derrotada.

A sobranceria e a falta de humildade democrática do Presidente da Câmara Municipal foram exemplarmente derrotadas na Assembleia Municipal de Viana do Castelo.

Os votos conjuntos dos Presidentes das Juntas eleitos em listas como independentes e dos Partidos com representação na Assembleia, (PSD, CDU, Bloco de Esquerda e CDS), com excepção do Partido Socialista, chumbaram o Plano de Actividades e o Orçamento de 2006 e as grandes opções do plano para o quadriénio 2006/2009, por 37 votos contra, 34 a favor e 4 abstenções.

Pela primeira vez em treze anos de mandato, a Câmara Municipal viu derrotada uma votação na Assembleia Municipal. A causa deste revés, deve-se, à “revolta” dos Presidentes das Juntas “independentes” maioritariamente socialistas e social-democratas, contra a alteração à regras de transferências da verbas para as freguesias, tomada unilateralmente pela Câmara, onde era apontado um aumento de 10 por cento mensais, na disponibilização de meios financeiros, mas se reservava a utilização de 20 por cento desse financiamento para a aquisição de inertes, como areia, cimentos, blocos ou cubos por parte das Juntas de Freguesia.

Antes desta alteração, o fornecimento de inertes era da responsabilidade da Câmara de acordo com as solicitações das Juntas.

Com a alteração proposta, Defensor Moura e a Câmara Municipal pretendiam que as Juntas passassem a ser responsáveis pela aquisição dos materiais necessários à realização das obras a levar a efeito nas freguesias.

Estranhamento, só agora, doze anos depois, a Câmara descobre os defeitos do modelo que o Bloco de Esquerda tinha denunciado na última Assembleia, tendo apresentado uma proposta de alteração, daquele relacionamento, diferente deste que a Câmara propõem, longe de ser um processo rigoroso, transparente e justo.

Com a alteração proposta pela Câmara, na prática as Juntas recebiam menos 10 por cento à cabeça, sendo os restantes 20 por cento entregues posteriormente, depois de as Juntas terem adquirido os inertes com os seus próprios meios. Como se compreende, os Presidentes das Juntas não aceitaram suportar este encargo prévio, por sua conta, até ser devolvido pela Câmara, sabe-se lá quando. O descaramento da Câmara em se vangloriar de um aumento em 10 por cento do financiamento às Juntas, foi muito mal recebido, por todos, pois escondia uma esperteza saloia que não passou e a falácia foi posta a descoberto.

Os eleitos do Bloco de Esquerda consideram a proposta pouco séria e entendem que deixa um encargo suplementar às Juntas difícil de gerir, face aos escassos meios de que dispõem.

Apesar disso, não deixam de considerar que o modelo existente é errado e pouco transparente, como, aliás, Defensor Moura reconheceu quando afirmou, em plena Assembleia Municipal, que uns Presidentes de Junta eram mais beneficiados do que outros, que uns conseguiam ter mais materiais do que outros e que essas benesses eram fruto do menor ou maior relacionamento com os elementos da Câmara Municipal.

Foi evidente, não obstante este despertar dos “independentes”, o temor por terem mantido a posição do voto contra, quando, entre eles e à “boca pequena”, iam dizendo “ vamos pagar caro por isto”, no momento em que o Presidente tentava “explicar” o sentido da sua proposta, mas em simultâneo ia deixando, umas vezes directa outras mais veladamente, criticas aos “independentes” numa tentativa de os dividir.

Por estas razões é que mantivemos a proposta de regulamentação, apresentada na anterior Assembleia, agora como recomendação, de um novo arquétipo na distribuição dos meios financeiros, técnicos e humanos, segundo um princípio responsabilizador, transparente, rigoroso e imparcial, onde todas as partes em tempo útil, tinham conhecimento dos projectos aprovados, dos montantes atribuídos e da fundamentação económica e politica dos apoios, concedidos ou recusados.

Infelizmente, na penúltima assembleia, a nossa proposta, só teve o acompanhamento dos eleitos da CDU e nesta última, não foi a tempo de ser votada, por a sessão ter terminado sem que fossem esgotados os pontos da Ordem de Trabalhos.

Para além destes dois aspectos que condicionavam o nosso voto favorável à propostas da Câmara, os membros do Bloco de Esquerda, fizeram eco do seu protesto contra o desrespeito do estatuto da oposição que obriga a Câmara a consultar previamente os partidos com assento na Assembleia, a fim de apresentar propostas alternativas. Quanto ao orçamento, destacaram algumas apostas que vão no caminho certo, como são as na educação, cultura e ambiente, embora, na maior parte delas com uma diminuição na percentagem, comparativamente aos anos anteriores o que não deixa de ser preocupante.

Os Bloquistas, apresentaram ainda outra proposta de recomendação que também não chegou a ser votada em que se recomendava, para o orçamento do ano de 2007, o arranque de uma experiência piloto, de elaboração de um orçamento participativo, em três áreas: A cultura, as infra-estruturas de desporto e lazer e a assistência social, como forma de envolver e incentivar as populações na discussão, decisão e gestão da urbe, procurando alargar a participação dos cidadãos (não a reduzindo ao acto de votar), contribuindo para melhorar a qualidade da nossa democracia.

Para isso, proponham um ciclo de debates temáticos, onde seriam convidados a participar associações, não governamentais, agentes sociais, agentes económicos e académicos do concelho e de todos os cidadãos e cidadãs interessados em contribuir com as suas opiniões, para a resolução dos problemas, que produzisse sínteses propositivas a ter em conta no Orçamento e no Plano de Actividades.

Como foi referido atrás estas duas propostas não foram votadas, mas a sensação que ficamos depois de algumas conversas marginais é que a Câmara e os partidos do Bloco Central, acham que isso é “democracia a mais e dá muito trabalho”.

No período de antes da ordem do dia, associamo-nos a duas propostas, uma de censura do orçamento de estado no que respeita à diminuição da transferência dos financiamentos para as autarquias e outra de louvor aos 150 anos do jornal “ A Aurora do Lima”, com uma declaração de voto onde, também se criticava o Partido Socialista, por não se ter associado à efeméride, com base em discordâncias quanto ao conteúdo do jornal e que consideramos muito redutora de um conceito de democracia.

Com a recusa do orçamento a Câmara terá de levar novamente á Assembleia uma nova proposta e entretanto gerir a Câmara através de duodécimos.

No período de antes da ordem do dia, associamo-nos a duas propostas, uma de censura do orçamento de estado no que respeita à diminuição da transferência dos financiamentos para as autarquias e outra de louvor aos 150 anos do jornal “ A Aurora do Lima”, com uma declaração de voto onde, também se criticava o Partido Socialista, por não se ter associado à efeméride, com base em discordâncias quanto ao conteúdo do jornal, pois entendemos que trinta anos após Abril, em defesa da liberdade de imprensa não se pode condicionar o conteúdo jornalístico daquilo que é publicado na comunicação social.

sexta-feira, dezembro 23

Carta ao Pai Natal

Olá Pai Natal É a primeira vez que escrevo para ti
Venho de Lisboa e o pessoal chama-me AC
Desculpa o atrevimento mas tenho alguns pedidos
Espero que não fiquem nalguma prateleira esquecidos
Como nunca te pedi nada
Peço tudo duma vez e fica a conversa despachada
Talvez aches os pedidos meio extravagantes
Queria que pusesses juízo na cabeça destes governantes
Tira-lhes as armas e a vontade da guerra
É que se não acabamos a pedir-te uma nova Terra
Ao sem-abrigo indigente, dá-lhe uma vida decente
E arranja-lhe trabalho em vez de mais uma sopa quente
E ao pobre coitado, e ao desempregado
Arranja-lhe um emprego em que ele não se sinta explorado
E ao soldado, manda-o de volta para junto da mulher
Acredita que é isso que ele quer
Vai ver África de perto, não vejas pelos jornais
Dá de comer ás crianças ergue escolas e hospitais
Cura as doenças e distribui vacinas
Dá carrinhos aos meninos e bonecas ás meninas
E dá-lhes paz e alegria
Ao idoso sozinho em casa, arranja-lhe boa companhia
Já sei que só ofereces aos meninos bem comportados
Mas alguns portam-se mal e dás condomínios fechados
Jactos privados, carros topo de gama importados
Grandes ordenados, apagas pecados a culpados
Desculpa o pouco entusiasmo, não me leves a mal
Não percebo como é que isto se tornou um feriado comercial
Parece que é desculpa para um ano de costas voltadas
E a única coisa que interessa é se as prendas tão compradas
E quando passa o Natal, dás á sola?
Há quem diga que tu não existes, quem te inventou foi a Coca-Cola
Não te preocupes, que eu não digo a ninguém
Se és Pai Natal é porque és pai de alguém
Para mim Natal é a qualquer hora, basta querer
Gosto de dar e não preciso de pretextos para oferecer
E já agora para acabar, sem querer abusar
Dá-nos Paz e Amor e nem é preciso embrulhar
Muita Felicidade, saúde acima de tudo
Se puderes dá-nos boas notas com pouco estudo
Desculpa o incómodo e continua com as tuas prendas
Feliz Natal para ti e já agora baixa as rendas
Boss AC
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UM BOM NATAL PARA TODOS OS AMIGOS, ILUSTRES VISITANTES DESTE ESPAÇO. BOAS FESTAS E BOM ANO.
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A arrogância derrotada

Pela primeira em doze anos de mandato, a Câmara Municipal de Viana do Castelo, vê recusado por maioria as Grandes Opções do Plano para o próximo quadriénio e o orçamento e plano de actividades para 2006.
Foi a revolta dos presidentes das Juntas de freguesia "independentes".
A falta de humildade democrática e a arrogância do poder foram exemplarmente derrotados.
O Bloco de Esquerda pela primeira vez representado naquela orgão, com dois elementos, tem tido um papel preponderante no debate, no esclarecimento e na propositura de alternativas, papel que tem sido relevado por quase todas as forças politicas representadas.

quarta-feira, dezembro 21

O (des)acordo na Autoeuropa

Há dois anos o acordo entre os trabalhadores e a administração da Autoeuropa foi elogiado por quase todos os sectores da sociedade, como um acto de bom senso, responsabilidade, competência negocial e destacado como modelo a seguir, por outras empresas e sindicatos.

O propalado acordo, foi conseguido, devido a um grande sentido de responsabilidade dos trabalhadores, ao cederam nos seus direitos sociais, incluindo o congelamento dos salários durante três anos, para assegurar a competitividade da empresa e a manutenção dos seus postos de trabalho e das dezenas de empresas e centenas de famílias dependentes da economia subsidiária local e nacional que a Autoeuropa promove.

Passado este tempo de sacrifícios, legitimamente os trabalhadores pensaram que era a altura indicada, para reivindicar aumentos justos que recompusesse a perda de poder de compra, achando que a empresa, este ano, tinha condições para que isso sucedesse.

A administração e a Comissão de Trabalhadores depois de uma ampla discussão, não cederam ao “fantasma” real, de fecho da empresa, mas agitado de forma descabida, e com a firmeza e a flexibilidade necessária, obtiveram um princípio de acordo, que no entanto, acabaria por não ser ratificado, pela maioria dos trabalhadores (52 por cento), um tanto surpreendentemente.

Ao que sei, esta negociação é conduzida pela Comissão de Trabalhadores que alberga no seu seio várias tendências sindicais e politicas mas como a prática tem mostrado, tem sabido estar à altura das suas responsabilidade, não obstante, parece-me, pelo que leio e pressinto nas várias posições públicas, alguns sindicatos e partidos, à margem, tentem exercer a sua influência, para um lado ou outro, o que é normal, mas os trabalhadores tem sabido estar acima das interferências nefastas e não se deixam seduzir de qualquer maneira.

Pela parte que me toca espero que cheguem a um acordo vantajoso para os trabalhadores e confio que, tal como no passado, irão ter a lucidez bastante, para saber os seus limites reivindicativos, em nome do interesse dos próprios e do colectivo.

Lamentavelmente, aqueles que no passado, elogiaram os trabalhadores, pelo seu grande sentido de responsabilidade, já saíram da toca a censurar os trabalhadores pela sua decisão.

São assim os oportunistas. Antes, estes trabalhadores eram um exemplo, hoje são uns parasitas que só olham para os seus interesses. É preciso não esquecer que estes trabalhadores foram considerados, não há muito, dos mais produtivos, competentes e com a mais baixa taxa de absentismo no universo do grupo VW. Em Portugal eram considerados por todos, um exemplo de competência, competitividade e responsabilidade.

O que mudou? Os trabalhadores são os mesmos, os dirigentes são os mesmos, a avaliação que a maioria dos trabalhadores, fizeram da situação é que é diferente e merece ser respeitada. Se no passado souberam estar à altura, agora com a sua inteligência, saberão, também, encontrar as saídas adequadas, sem pressões ou ameaças.

É por isso inadmissível a chantagem e a intimidação, do Ministro da Economia, Manuel Pinho, exercida sobre os trabalhadores, com afirmações inconcebíveis como “ os trabalhadores são os únicos responsáveis” ou que este acontecimento “mancha a história positiva do País”, colando-se ás posições da administração da Autoeuropa, em vez de assumir um papel mediador, como lhe competiria.

terça-feira, dezembro 20

Caminhada

Pintura de Pedro Charters

Venho de longe de ti
- e vivo
perdido no teu seio,
multidão!

Andava eternamente distraído e debruçado na varanda
de mim mesmo,
a olhar
e a escutar
apenas a minha dor inconsolada...

E nunca pude ouvir,
nem ver,
perfeitamente,
nunca pude sentir a tua imensa dor,
oh! Multidão!...

Hoje,
peguei nas minhas dores
e lancei-as para o meio de ti,
para que, ao procurá-las,
eu tenha
que encontrar as tuas Dores
e já não saiba
quais são as tuas e as minhas!...

Alfredo Reguengo
Poemas da Resistência

segunda-feira, dezembro 19

Quero mais de cinco minutos

Hoje o meu dia foi dedicado a ler parte das centenas de páginas que constituem o Plano Plurianual de Investimentos para o quadriénio 2006/2009, da Câmara Municipal e Serviços Municipalizados e respectivos planos de actividade e orçamentos para 2006, cuja discussão e votação na Assembleia Municipal, irá ter lugar na próxima quinta-feira.

São quadros e mais tabelas que não tem fim, onde estão traçados os planos, as rubricas, os valores orçamentados, as actividades planeadas, as despesas e receitas previstas, os prazos anunciados, os objectivos para o quadriénio, as prioridades da governação.

Não é uma tarefa fácil, entre as centenas de folhas a de descortinar se está tudo bem, se não há truques ou armadilhas, se as escolhas são as melhores, se os gastos são adequados, se é justificável o recurso a mais endividamento, se as opções estratégicas são as acertadas.

Não vá eu por distracção, votar a favor de medidas que discorde por negligência, como parece ter acontecido a Manuel Alegre, um profissional da política, ao votar a favor do Programa do Governo, do Programa de Estabilidade e Crescimento, do Orçamento Rectificativo e afirmando que votaria a favor do Orçamento de Estado, “se fosse preciso” e agora se mostra, aparentemente, contra algumas dessas medidas.

Mas há um outro facto que não deixo de pensar e que tem a ver com os tempos que são concedidos aos diferentes agrupamentos políticos, para discutir estes temas. Segundo a Constituição Portuguesa os órgãos do poder político electivos obedecem ao princípio da representação proporcional. Nesse sentido os votos, em harmonia com esse princípio, são convertidos em mandatos, ficando uns partidos com mais eleitos para o debate e as votações.

Essa é uma vantagem conferida pelos eleitores. Até aqui tudo certo. Já me custa aceitar ser-lhes atribuído mais tempo para discussão dos pontos agendados que a outros grupos. Não me parece que a diferença se deva fazer diminuindo o tempo de debate aos grupos mais pequenos. O debate é um espaço de confrontação de opiniões diferentes e o tempo de discussão deveria, em minha opinião, ser igual em função do número de inscritos. A decisão que viesse a ser tomada seria mais ponderada e participada.

Deixo aqui o repto para quem se quiser pronunciar sobre este assunto e a nota de que para uma hora de discussão, um agrupamento com dois deputados tem apenas cinco minutos para discutir assuntos desta importância.

Depois da Assembleia de quinta-feira próxima, conto deixar aqui os meus comentários à sessão.

sábado, dezembro 17

Francisco Louçã é um vencedor

O debate entre Soares e Louçã veio uma vez demonstrar o que já tinha dito.

Francisco Louçã é o candidato melhor preparado, tem um discurso seguro, um pensamento estruturado, ideias consistentes, propostas politicas concretas e economicamente sustentadas, ideias para o País, uma visão ampla e global dos problemas e carrega um projecto político de mudança e uma combatividade enorme. É o grande vencedor destes debates!

O meu apoio à candidatura não condiciona, nem valoriza, em nada a esta minha observação.

Parece-me aliás ser esta apreciação, mais ou menos consensual, à excepção de uns quantos empedernidos e ressabiados que abundam para aí, nos jornais e em alguns blogues, que não conseguem esconder a irritação e animosidade que Francisco Louçã lhe provoca.

Ainda não vi nenhuns críticos a controverter as suas propostas com argumentos sérios.

Como não conseguem, coleccionam disparates e deleitam-se com as provocações que vão arremessando para tentar denegrir a candidatura.

Mas Louçã tem um carácter forte, não se perturba e responde a tudo, não se esconde, não tem medo de dizer o que pensa e exprime com destemor o seu pensamento. Um candidato que foge às perguntas com motivos falaciosos não merece o meu apoio. E se esse candidato é de esquerda perde o meu respeito. Manuel Alegre é um dos casos.

Esta é a grande diferença com os outros candidatos!
Francisco Louçã não vai ganhar. Contudo seja qual for o resultado que obtiver, o projecto de uma esquerda combativa, socialista e popular está no bom caminho.

quinta-feira, dezembro 15

A nossa pequenez

Eu neste momento, agora mesmo, só queria escrever bem. Queria saber usar com perícia as palavras, construir bem as frases, ter um vocabulário abastado, empregar os termos certos e mais apropriados. Dizer muito em meia dúzia de palavras para que fosse tudo lido até ao fim. Ter a arte e o talento dos grandes escritores, a sapiência dos experimentados, a inteligência dos raros, a competência dos diligentes. Mas não tenho, nada disso!

É que eu queria dizer que estou farto, cansado, abespinhado, com vontade de mandar todos para o raio que os parta e desistir! Queria dizer que me irritam os chico-espertos, os analistas, pagos e parciais, os senhores importantes e engravatados, os que estão de fora ou atrás a dizer mal e a criticar asperamente. Os que nunca estão satisfeitos com nada. Os pobres de espírito. Os lambe-botas. Os oportunistas. Os que atiram a pedra e se escondem. Os que procuram a glória de um minuto.

Eu queria dizer que estou farto dos portugueses, do país, do nosso atraso, da nossa complacência, da nossa resignação, das nossas elites estapafúrdias, dos empresários com o rei na barriga, dos nossos intelectuais de nariz empinado, dos trabalhadores manhosos, dos sindicalistas acomodados, dos políticos rafeiros.

Estou farto e cansado, sim! Farto desta merda! Farto da mesquinhez! Percebem isto? Andam aqui uns, com boas intenções para quê? Para serem maltratados, censurados, depreciados, metidos no mesmo saco? Não há diferenças, é? É tudo a mesma cambada? É tudo uma data de comedores? Não há pessoas bem intencionadas, por acaso? Não há quem esteja na frente, a dar a cara o corpo e o manifesto porque sim? Porque querem mudar! Porque querem mais justiça e igualdade! Porque são melhores que nós! Eu acredito, eu conheço, eu tenho respeito! Porque não muda o raio do país? Porque há cada vez mais miséria, mais desemprego, mais ricos, mais pobres? Porque nos governam sempre os mesmos? Porque nos acostamos à inevitabilidade que nos vendem? Porque não arriscamos mais? O que nos puxa para trás? Porque não atiramos a pedra ao charco para mudar a sério esta porcaria? De que temos medo?

E como posso eu dizer isto sem ser mal interpretado? E sem ser feito um aproveitamento oportunista?

Que se lixe! Hoje não quero dizer mais nada. Eu estou bem. Deixem-me só!

quarta-feira, dezembro 14

A propósito do acordo na Autoeuropa

Aqui há uns trinta ou mais anos, era comum, encontrar-se imensos jovens, a partir dos catorze anos no mercado do trabalho oficial. Mesmo antes dessa idade, já muitos miúdos, estavam a trabalhar sem o enquadramento legal dos 14 anos. Foi o meu caso e de todos os meus irmãos e irmãs. Obviamente, isto acontecia nas famílias muito pobres e normalmente numerosas.

Esta introdução serve apenas para explicar que desde esse tempo eu aderi a um sindicato e uns tempos depois, passei a ser um activista sindical, interessado e comprometido com a defesa dos direitos sociais dos trabalhadores. Cheguei a ser delegado sindical e dirigente sindical regional e nessa qualidade participei em algumas negociações com a hierarquia da empresa. Nunca, contudo, fui dirigente nacional. Posso dizer que estive sempre do lado do contra-poder. Fosse o poder a direcção sindical ou a empresa. Eu percebia as razões para a direcção sindical do sindicato, não me convidar, não obstante, consecutivamente, ser o representante eleito dos trabalhadores no local de trabalho.

Ambos percebíamos, afinal, as razões: Eles não me convidavam porque sabiam que não era moldável a certos comportamentos e seria sempre um crítico feroz de uma prática sindical desajustada, interesseira, oportunista e eu também não me importava porque aquele não era o meu meio. E foi assim durante muitos anos, até ao dia em que depois de um “castigo” da direcção sindical, (em que os instrutores e decisores são os mesmos, -os dirigentes sindicais) a direcção regional de que fazia parte se demite, em solidariedade e a partir daí, não mais quis concorri ao lugar. Apenas e só concorri em listas à direcção nacional em oposição às lista da direcção.

A direcção sindical foi sempre dominada e controlada pelo PCP, durante mais de trinta anos, acabando no dia em que devida às dissidências dos renovadores, a direcção se divide, com troca de acusações gravíssimas, de desvios de documentos, despesas não sustentadas, desvios de dinheiros, viagens pessoais, envolvimento de mulheres, enfim, tudo o que possam imaginar. Nas eleições que se seguiram fui convidado pela lista desafecta ao PCP, para um lugar na Mesa nacional. Obviamente recusei.

É claro que não conheço tudo o que se passa no reino dos sindicatos, mas conheço o suficiente para dizer que há uma “máfia” de interesses largos, que fazem com que queiram manter-se no lugar. E por isso, é que vemos os dirigentes sindicais de sempre, apesar de pouco recomendáveis, vitalícios nos seus lugares, e com o apoio dos responsáveis do seu partido, sem qualquer escrúpulo.

Mas felizmente, nem todos são assim e os membros da comissão de trabalhadores da Autoeuropa, parecem ser um bom exemplo, de como devem ser uns dignos representantes dos trabalhadores.

Firmes, rigorosos, responsáveis, democratas e com um grande sentido de defesa do interesse comum.

Firmes, porque não cedem à primeira ameaça ou chantagem de fecho da fábrica.

Rigorosos, porque apresentaram propostas sensatas, razoáveis beneficiando os mais baixos salários, em vez de uma percentagem igual para todos que dá mais a quem mais ganha e faz aumentar o leque salarial.

Responsáveis, porque mantiveram abertas as portas e souberam construir pontes de diálogo e negociação, porque sabiam como era importante um acordo de trabalho e de compromissos.
Democratas, porque apesar de terem um acordo de princípio, irão submetê-lo, por voto secreto, à decisão dos trabalhadores.

Os trabalhadores da Autoeuropa, com este acordo, mais um, negociado em condições difíceis, olharam para eles próprios, mas também tiveram em conta toda a envolvente da região, as dezenas de empresas, centenas de famílias e milhares de pessoas que dependem desta economia local. Mas também a economia nacional, em particular no âmbito das exportações, ganha muito, porque assegura a manutenção de uma Empresa, fundamental para o país.

Enfim, foi um bom acordo para todos e a demonstração de que com inteligência, responsabilidade, firmeza e flexibilidade nas doses certas e sem obediência a manobrismos tácticos, sindical-partidários, é possível assegurar conquistas e direitos adquiridos.

Fossem assim todos os nossos sindicalistas! E já agora também os nossos empresários!

terça-feira, dezembro 13

O cábula vaidoso e a esperança

Foi um debate pouco emotivo. Estivemos perante dois candidatos muito diferentes:

Francisco Louçã, com um discurso seguro, um pensamento estruturado, ideias consistentes, propostas ponderadas e politicamente sustentadas, ideias para o País, um projecto político de mudança, uma combatividade forte.

Manuel Alegre, aparece com um discurso frágil, defensivo, desajeitado, sem ideias sólidas, incoerente, contraditório, sem ideias novas.

Francisco Louçã foi macio e complacente com Manuel Alegre, mas inciso onde tinha que ser, confrontando-o com as suas próprias contradições, como o aumento do IVA, a aprovação do orçamento rectificativo, o vota, não vota do orçamento de estado, as alterações às regras económicas da UE.

Manuel Alegre, foi trapalhão na explicação das suas posições, sobre a sua própria candidatura, sobre o apoio ao aumento do IVA, ao orçamento rectificativo que permitiu o aumento da idade da reforma e o ataque aos direitos sociais e sobre as privatizações foi incoerente com a ausência na votação do orçamento de estado, não cumprindo o papel para o qual foi eleito.

Fez afirmações confrangedoras, que quase fizeram saltar Louça da cadeira, como a de um Presidente de um governo regional não dever poder recandidatar-se, se fosse demitido por uma avaliação política do Chefe de Estado (que depois corrigiu, dizendo que não disse, o que todos ouvimos).
Foi obrigado a responder, sobre se demita o Procurador-geral da República, depois de um engolir em seco (com um pois!) e uma pausa de uns segundos que pareceram horas, quando queria fugir a uma resposta que o próximo presidente terá de dar.
É incipiente nas críticas a algumas medidas (que diz inábeis e não erradas) e tem um fervor pela palavra Pátria (Louça prefere falar em Portugal) que o remete para um nacionalismo de “esquerda” ao contrário de Louça que se afirma convictamente um homem do mundo e um europeísta de esquerda, lembrando que a sua pátria é a pátria das centenas de milhares de pessoas que vieram para a rua lutar contra a guerra no Iraque.

Louçã esteve bem, mas foi suave o que se compreende. Alegre não é o seu adversário principal. O tom e o discurso foram essencialmente virados para os eleitores do partido socialista e para o esclarecimento e a clarificação de posições. Alegre tem um discurso de declamação teatral com uma retórica pretensamente “moralizadora” para conseguir votos em descontentes, mas veste mal no fato de quem tem sido e é complacente com políticas que conduziram a esta situação. Também quando é preciso ser mais concreto como nas nomeações politicas, encolhe-se para não comprometer os amigos do partido.

Manuel Alegre não é um voto de protesto nem é um voto de mudança ou renovação. É um voto de continuismo num protagonista de há muito a querer o seu momento de glória.

segunda-feira, dezembro 12

Os candidatos cábulas

Fui consultar a agenda para hoje dos candidatos Manuel Alegre e Francisco Louçã.

O candidato Manuel Alegre não tem actividades marcadas. Fica em casa a preparar a entrevista. Francisco Louçã tem uma sessão esta tarde, com estudantes da Universidade de Évora, a convite da Associação de Estudantes.

Logo à noite encontram-se ambos para o debate na RTP.

Os cábulas ficam a estudar a lição, até à entrada no exame. O que interessa é que a prova corra bem, nem que esteja tudo colado a cuspo. Ou talvez os copianços resolvam. Vão enganando durante uns tempos, até podem passar, mas um dia descobre-se a sua falta de conhecimento e preparação.

Quem se preocupa todos os dias não precisa de guardar para o último dia ou para o último minuto porque estudam os problemas, investigam, preparam-se todos os dias, conhecem soluções, são profissionais a sério. Esses não enganam!

Nesta situação está o candidato, Francisco Louçã e também, Jerónimo Sousa.

Os outros só estudam para o exame, à espera que saia determinada matéria e suspirando para que não saia outra, por não saberem ou para não serem obrigados a dizer o que não lhes convém e ainda têm uma corte de "explicadores" (consultores).

Durante o exame, esperam que os examinadores não descubram.

domingo, dezembro 11

Estou à espera

A candidatura de Cavaco Silva, colocou o video do debate Cavaco-Alegre em on-line. Estou à espera que coloque agora o video do debate com Francisco Louçã para rever a tareia que levou.

Será que irá colocar?

sábado, dezembro 10

Louçã abana Cavaco

Até que enfim! Desta vez foi um debate a sério. Ficou muito por discutir e aprofundar mas também pela primeira vez, Cavaco Silva foi obrigado a dizer mais do que pretendia, a sair do discurso redondo e a clarificar algumas posições.

Cavaco Silva foi confrontado com o período em que foi chefe de governo e o país recebia cinco milhões de euros de fundos comunitários por dia e o preço do barril do petróleo caíra significativamente e não soube fazer as apostas certas na formação, na educação, nas qualificações, ou nas tecnologias que agora tanto se reclama. Francisco Louça também demonstrou que nesse período as injustiças e as desigualdades aumentaram, apresentando números que não foram questionados.

Cavaco Silva deixou implícito que defende a liberalização do desemprego e não tem propostas ou ideias sobre a sustentabilidade do sistema de Segurança Social a não ser o aumento da idade da reforma. Surpreendentemente, Cavaco Silva, mete o pé na poça onde menos se espera ao preconizar estudos sobre o estado da Segurança Social quando estes estão feitos e são credíveis. É extraordinário como um economista e candidato presidencial desconhece os problemas na sua extensão e alvitre soluções.

Também ficou demonstrada a insensatez de querer intervir na governação com sugestões de propostas de lei, como foi desmontado por Louçã, pois na primeira vez que isso acontecesse, duas coisa podiam acontecer ou o Parlamento era irremediavelmente condenado a um papel subalterno, com os perigos que isso acarretaria, se fossem por aí ou se recusassem, abria-se um conflito institucional.

Também sobre as escutas Cavaco Silva sugeriu propostas contra as escutas ilícitas quando elas já existem, não são é aplicadas.

Do mesmo modo ficou implícito o seu apoio à cimeira das Lages que lançou a guerra no Iraque e também o apoio à própria guerra, embora no quadro das Nações Unidas.

Mas ainda muita coisa ficou por dizer, mas Cavaco Silva já disse mais alguma coisa que ajuda a perceber o seu pensamento.

Francisco Louça falou claro as suas ideias não tem duas interpretações.

Sobre o aumento da idade da reforma, sobre a segurança social (o único candidato com propostas concretas no seu programa mas que não puderam ser aprofundadas), sobres as prioridade do País, (a defesa de politicas de criação de emprego e qualificações e o ataque ao desemprego), o não apoio à intervenção portuguesa no Afeganistão e no Iraque e não fugiu a questões, como o casamento de homossexuais ou a legalização dos imigrantes com base no direito de solo.

O debato mostrou duas personalidades e duas visões do mundo e nesse sentido foi esclarecedor.

Francisco Louça soube ser acutilante, persuasivo, elevou a qualidade do debate, falou olhos nos olhos, cara a cara, com segurança e com conhecimento dos assuntos e obrigou Cavaco a abrir-se mais do que queria.

Cavaco Silva estava tenso, atemorizado, titubeante, surpreendido, nunca olhou para o adversário, (ao contrário de Louçã que procurou o debate mais solto) e cometeu alguns lapsos, sendo que em determinados momentos, de tão confundido, pareceu que ia encostar às boxes. Soube reagir na segunda parte do debate mas sem conseguir sair da mediania e fugindo, algumas vezes, às questões, refugiando-se no que estipula a Constituição.

Julgo que este debate conseguiu encostar Cavaco Silva à direita, retirando-lhe apoios ao centro político-partidário e nessa medida foi um grande contributo para derrotar Cavaco Silva.

Eu espero é que também a candidatura de Louça tenha ganho alguma coisa!

sexta-feira, dezembro 9

Soares ganhou e Jerónimo não perdeu

O debate Soares e Jerónimo tiveram um vencedor claro, Mário Soares.
A principal diferença em minha opinião foi a de que Soares falou para todos e Jerónimo apenas para o seu próprio eleitorado. Jerónimo não está muito à vontade nos debates. Tem pressa de dizer a lição estudada. A tentativa de se demarcar de Soares foi bem anulada por este e mal replicada por Jerónimo. Soares está como peixe na água mas prefere mais o confronto e o repentismo.

Jerónimo foi encostado à parede em alguns momentos.

Quando criticou o primeiro mandato de Soares na presidência e depois apoiou o segundo – Soares acutilante, responde "E apesar disso apoiaram-me, porquê? Porque o PC, sabe que eu sou isento". De uma cajadada mata mais outro coelho que era o de colar Soares à governação.

O segundo momento foi a posição de Jerónimo sobre as relações com a China. Embora a pergunta aparecesse a despropósito aí Jerónimo esteve bem ao fazer notar isso, mas depois nas explicações, não se sai bem (é dificil explicar o inexplicável) e embrulha-se nas suas contradições. Soares é contundente. "A China tem o pior do capitalismo selvagem e o pior do comunismo arrogante" e arruma para canto.

Um terceiro momento foi relativamente à Europa. A posição do Jerónimo é frágil e não sai do discurso pobre, pouco consistente e mesmo míope, sobre a Europa que o PCP tem sobre esta matéria. Mário Soares confronta com o que seria Portugal fora da Europa, "talvez uma Albânia". Jerónimo fica-se.

Soares também soube gerir as relações com os eleitores do Jerónimo para uma 2ª volta sem hostilizar o candidato e o partido.
De resto foram convergências com as dúvidas sobre a OTA, o apoio ao TGV, contra a guerra no Iraque, o papel da Nato.

Soares, foi a "velha raposa". No momento certo, atirava-se à caça e quebrava as regras com inteligência. Esperava um Jerónimo mais inciso a contrariar a cassete da inevitabilidade destas politicas, quando Soares defendeu a governação de Sócrates.

Em resumo: Jerónimo, apesar da sua figura empática não tem o rasgo e a sagacidade suficiente para ser mais acutilante. Tem contudo o discurso suficiente para satisfazer as suas hostes mais fiéis. Não ganhou nem perdeu com o debate. Soares mostrou estar bem. Foi convincente, apesar de alguns lapsos como na declaração final "Eu sou o presidente", mas em minha opinião ganhou terreno a Alegre nesta disputa entre os dois.

Foi um debate mais animado do que o produzido entre Cavaco e Alegre todo cheio de salamaleques e muito cerimonioso, mas não muito entusiasmante.

Apesar disto fico com a convicção que este modelo de debate não favorece as candidaturas mais ofensivas como são as Soares e Louçã que vivem mais do confronto de ideias, da argúcia, da resposta na ponta da língua. Penso que este modelo não favorece o estilo aguerrido e frontal de Louçã que só teria a ganhar com o debate cara a cara.

Este modelo hermético favorece claramente as candidaturas mais defensivas de Cavaco e Alegre ou mesmo de Jerónimo bastando ter a lição bem estudada para as perguntas conhecidas.

Aguardemos pelo debate de hoje entre Louça e Cavaco Silva. Apesar das limitações do formato espero que Louça dê uma lição ao "senhor professor".


quarta-feira, dezembro 7

Apontamentos de campanha

site de Manuel Alegre

“Penso que estou em melhores condições do que qualquer outro para poder desempenhar, na hora de crise que o país atravessa, o cargo de Presidente da República. Porque conheço os problemas económicos e sociais, conheço os problemas do défice e se tiver dificuldades nas finanças peço até conselhos ao Professor Cavaco Silva e a outros que são especialistas.”

Surpreendidos?

blog não oficial de Mário Soares

Os entrevistadores acham - com toda a razão - que Manuel Alegre não é uma pessoa qualquer; por isso sentem-se obrigados a tratá-lo por "Doutor", apesar de não ele possuir qualquer grau. Já Louçã, cujo currículo académico deixa à distância o de Cavaco Silva - como se comprova pelo facto de recentemente ter escrito um livro a meias com Christopher Freeman, uma das maiores autoridades mundiais em economia da inovação - não tem o direito ao título de "Professor Doutor" porque não partilha a "langue de bois" que é considerada atributo essencial dos praticantes da ciência lúgubre.

Pois é! Porque será?

Benfica segue em frente na liga dos campeões


Resultado final.
Benfica 2 - 1 Manchester

33' - GOLO DO BENFICA... Nélson cruza da direita para o corte de Alan Smith... BETO, de muito longe, remata de primeira, a bola bate em Scholes e entra na baliza do Manchester. O Benfica está pela primeira vez em vantagem na partida. (in Record)

Grande Benfica!

terça-feira, dezembro 6

no rescado de um debate

Debate é.
Contenda, discussão.
Controvérsia, altercação.
Confronto, opinião.
Divergência, discussão.
Chama, emoção.
Garra, transpiração.
Coração, intuição.
Coragem, afirmação.

Cavaco e Alegre não são!

Cavaco e Alegre são!
(Na sua [deles] opinião)

Salamaleques, bom-tom.
Cortesia, dedicação.
Humanismo, transparência, visão.
Consenso, pensamento, cooperação.
Estratégia, valores, pactos, ambição.

Cavaco e Alegre não são!
Ou são!

Políticos aproveitadores.
Políticos do lugar-comum.
Políticos da cartilha.
Políticos da ocasião.

Para eles um prémio de eleição:

“ Frases vazias para candidatos sem imaginação”

A bem da Nação!

o debate dos medrosos

Pf... que coisa fraquita

Um debate impróprio para consumo. Nenhum deles disse nada de importante. Um debate morno, defensivo, cheio de lugares comuns. Uma cavaqueira dispensável. Aquilo não foi debate, foi uma entrevista cruzada a dois candidatos. Não posso dizer que me desiludiu porque não esperava muito deles. Apesar disso, acho que Cavaco Silva esteve melhor, mais seguro, desta vez não perdeu por falar. Mas Cavaco Silva não se alarga, diz o mínimo possível, não se compromete. É preciso ir aos detalhes, às entrelinhas para perceber o pensamento daquele homem. É um personagem sombrio, calculista. Não se estica. Perigoso. Ganha votos com aquela pose artificial e fabricada.

Manuel Alegre foi barrete! Frases ocas e vazias. Não sai dos lugares comuns de frase feitas. Tem um discurso redundante que não se estende por falta de engenho e competência. Não tem ideias. Tem horizontes. O discurso e a prática são inconsequentes, cheio de palavras universais da esquerda mas pouco consistente. Manuel Alegre está inebriado pelas sondagens e não confronta, não arrisca, usa a mesma táctica de Cavaco Silva mas com menos precisão. Manuel Alegre podia ser o candidato de muitos cavaquistas se não houvesse Cavaco Silva.

Não gostei, enfim.

Se tivermos em conta o impacto do debate nos eleitores indecisos de esquerda, na minha perspectiva, Manuel Alegre tem nota negativa e Cavaco Silva não conquista votos com o debate. Ao centro Manuel Alegre conseguiu uns apoios e Cavaco Silva, nem perde nem ganha. Portanto um empate em termos de ganhos eleitorais.

Pretende-se debates mais enérgicos e mais confronto, para que tudo não fique na mesma. Manuel Alegre não teve a arte para desmontar o efeito das políticas de Cavaco Silva no País. Provavelmente, também não era esse o seu o seu objectivo nos jogo táctico de cálculos eleitorais em que é pródigo e que não dignifica uma esquerda combativa.

segunda-feira, dezembro 5

Nova caixa de comentários

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A fim de facilitar o uso dos comentários alterei a caixa de comentários para o HaloScan. Infelizmente perderam-se todos os comentários feitos até agora. Lamento e as minhas desculpas.

Apaga a luz

Vem!
Vamos.
Eu quero ir.
Anda.
Vem mesmo assim!
Deixa tudo.
É só uns tempos.
Tu precisas de ir!
Eu quero ir.

Vamos os dois!

Anda conhecer o mundo.
O mundo do outro lado!
Vá!
Anda.
Ao outro lado
Comigo!
Vem!
Vem ver como é
O outro lado!

Não faças de conta
Que não é contigo!
É contigo
é comigo
É com todos!
Vem!

Vem mesmo assim
Eles não são de cerimónias.
Retira só o casaco
Da indiferença.

Vem ver o lado dos que sofrem!

Viste? Pronto!
Agora, deixa-me só!
Deixa-me comigo.

Deixa-me esquecer que existo.
Deixa-me esquecer que estou vivo.
Deixa-me com a minha vergonha!

Isto passa…
Amanhã é outro dia.

Amanhã...
Já estamos do lado de lá.
Podes começar a vestir o casaco
Amanhã é tudo igual.
Tu não viste.
Eu não ouvi.
Nós não vimos nada de mal
Nós vamos continuar a fingir
Nós vamos continuar a mentir!

Cambada de cobardes!
Puta que nos pariu!

Apaga a luz
E deixa-me só!
Já te disse.
Foda-se!
Eu quero ficar só
Ouviste!
Apaga essa merda
Caralho!

candidato a pequeno ditador

O Vasco Pulido Valente dá-lhe forte. “O homem só não será um pequeno ditador porque as circunstâncias o não permitem”. Eu que raramente concordo com o Vasco Pulido Valente mas admiro a sua acutilância, independência e inteligência, não posso estar mais de acordo. Confesso que quando ouvi aquela frase, fiquei meio aparvalhado. Mas como? Como é? Repita se faz favor? Ele fez-me a vontade.

E repetiu: "Duas pessoas sérias com a mesma informação têm de concordar".

As duas pessoas são ele próprio, Cavaco Silva e Sócrates e esta afirmação vem a propósito de um possível conflito com primeiro-ministro se ele fosse o Presidente da República. O curioso é que ele disse isto sem pestanejar como se aquela afirmação fosse uma declarada evidência, perante uma incrédula, Judite de Sousa que não reagiu.

Estão a ver não é? As pessoas estão condenadas a entenderem-se se tiverem a mesma informação. Para ele só há uma maneira de ver as coisas. À sua maneira. E quem não achar assim, só pode ser mal-intencionado, ignorante, incompetente, força do bloqueio, de certo.

Na opinião de Cavaco, se tivermos a mesma informação e seriedade que ele, só se pode concordar com ele. Por isso se Cavaco for eleito Presidente, vamos todos viver em paz, harmonia, concórdia, sem querelas, sem aventuras, sem os políticos esses "malandros".

Ele estará na Presidência para velar por nós, "escusam de ficar descansados"!

Como diz, Vasco Pulido Valente, a terminar a crónica. “Afinal, se o primeiro-ministro não fizer o que ele manda, confirma automaticamente que é mal-intencionado ou que não estudou o que devia. E nós também, cautela. Se não aprovarmos, quem somos? Malandros de nascença? Uma cambada de patetas? Quem quiser que escolha.”

A crónica de VPV foi publicada no Público de ontem.

domingo, dezembro 4

António Variações

Se António Variações estivesse-se vivo teria feito ontem, salvo erro, 61 anos. Lembro-me bem do Variações. Daquele jeito estranho de cantar e estar em palco. António Variações, morreu de SIDA, julga-se, embora na altura ninguém falasse nisso. Este homem, cabeleireiro de profissão, cantava e fazia músicas por gosto.

Tudo em si era excêntrico. A roupa, o cabelo, as barbas e isso para os nossos costumes não era(é) apreciado. O Variações tinha um grande orgulho nessa sua imagem peculiar e fazia uso dela, "provocatóriamente".

Mas é num programa de Júlio Isidro, seu cliente, que se dá a conhecer ao País com toda a sua irreverência atípica para a época. Depois disso lançou uma série de discos e músicas que ainda hoje perduram na nossa memória.

Não deixo de me lembrar do António Variações naqueles momentos mais melancólicos e depressivos, "eu sou estou bem onde não estou, eu só quero ir onda não vou" ou "não sei de que é que eu fujo"

António Variações deixou um espólio musical de grande valor e canções inesquecíveis:

Estou além - Não Consigo Dominar/Este estado de ansiedade/A pressa de chegar/P'ra não chegar tarde.


Canção do Engate - Tu estás livre e eu mais estou livre/e há uma noite p'ra passar/porque não vamos unidos/porque não vamos ficar,! na aventura dos sentidos.

Sempre ausente - Diz-me que solidão é essa/que te põe a falar sozinho/diz-me que conversa estás a ter contigo.

É p'rá amanhã - É p'rá amanhã/Bem podias fazer hoje/Porque amanhã sei que voltas a adiar/E tu bem sabes como o tempo foge/Mas nada fazes para o agarrar.

O corpo é que paga - Quando a cabeça não tem juízo/Quando te esforças/Mais do que é preciso/O corpo é que paga/O corpo é que paga.

E todas estas canções agora produzidas pelos Humanos como: Muda de Vida, Não me consumas, Na lama (excelente), Eu quero é viver, A culpa é da vontade ou a Maria Albertina.

Fica a minha homenagem (atrasada) ao António Variações.



sábado, dezembro 3

Insuspeitos


[Francisco Louçã] "..tem grande qualidade. Apresentou no campo económico um certo número de propostas concretas, que a comunicação social não soube analisar e criticar."

Eduardo Prado Coelho
(membro da C.Política da candidatura de Manuel Alegre - in Público de 02/12/05)

"Um comunicador especial com a vantagem da sua formação académica em economia que foi a tempo de tornear as questiúnculas pessoais: quando o oiço na televisão, imagino-o sempre a somar votos."

Pedro D'Anunciação
(Jornalista do Expresso - in Expresso de 03/12/05)

sexta-feira, dezembro 2

O meu candidato

Eu ouço o Francisco Louçã e concordo. Eu ouço os outros candidatos e não gosto.

Este é um resumo simplista mas não posso fugir dele.

Francisco Louça sabe o que quer. Tem ideias e projectos. Fala do que lhe perguntam. Não se esquiva. Não contorna. Vai directo ao assunto. Não se refugia no não comento. Diz o que pensa, critica, sugere, acusa. O Francisco Louçã suscita a discussão de temas de que ninguém quer falar. Nós sabemos o que Louça pensa, sobre a Europa, sobre o Mundo, sobre a politica de defesa, sobre a segurança social, sobre a economia, sobre o ambiente, sobre a politica de saúde, da educação, sobre … e conhecemos as suas propostas!

Esta é uma grande diferença com os outros candidatos! Francisco Louça não diz banalidades. Francisco Louçã diz. Francisco Louça não faz discursos vazios, ocos, proclamatórios, sem sentido. Francisco é o melhor candidato. O melhor preparado. O mais estudioso dos dossiers. Tem uma postura séria e perfil para o cargo. Não está à procura de honrarias do cargo, de fins de carreira em lugares ao sol, de vaidades pessoais.

Quando ouço os comentadores do costume fico em estado de choque!

Esta gente não gosta que Louçã fale dos problemas do País. Que fale do desemprego, da educação, do ambiente, da segurança social. Francisco Louçã, fala disto e é um ai Jesus que isto é um problema de governo, não cabe nas competências de um Presidente da República!

Mas não são estes os grandes problemas que o País tem de resolver? Não são estas as questões que um Presidente tem de levantar para serem discutidas?

Daqui a uns dias estão aí os debates televisivos. O que vai ser discutido? O que esperam que seja discutido? Eu quero que se discuta politica. Eu quero saber o que cada candidato pensa sobre os problemas do País! Sobre a economia, o desenvolvimento, sobre as questões da Europa, sobre os imigrantes, sobre a nossa presença em missões militares. Eu não quero discussões de Lana Caprina!

Eu não quero um Presidente figura decorativa. Eu não quero um Presidente que não conheça os problemas, nem as soluções. Um não quero um Presidente que não sabe comer e que representa os interesses dos mais poderosos. Eu não quero um Presidente em fim de carreira ou a preparar o fim da carreira ao sol. Eu quero um Presidente sério que esteja activamente na política para trazer mais justiça social.

Eu quero Francisco Louça na presidência!

Não vai conseguir? OK! Paciência. Mas eu não desisto! Não me resigno! Não me conformo! Eu quero o melhor!

Está dito! Olhos nos olhos! Não volto atrás para reler ou corrigir. Saiu-me assim, ao correr da pena que é como eu gosto.


Mais nada.

quinta-feira, dezembro 1

a pedido da Bárbara

Não me peças poesia.
Não peças…
Não!
Não peças!

Não peças,
O que não quero dar!
Não me peças,
O que não sei dar!...
Agora!

A poesia que pedes
Fala de amor e dor
Fala de paixão e traição
A poesia que pedes
É a fala do coração!...
Agora, não!

Agora não quero.
Não quero deixar falar o coração!
Não quero e pronto!..
Não quero falar em vão!

Talvez um dia.
Talvez…
Mas, agora, não!
Talvez na hora que vem!

Agora, não minha amiga! Não!

Eu não quero ainda que soubesse.
Eu não consigo ainda que quisesse.
Compor poemas de amor…
Redigir lindas melopeias…
Enxergar o mundo cor-de-rosa.

Não, minha amiga. Não!

Eu não consigo e não quero.
Combinar as rimas
Ajustar os versos
Ritmar a poesia
Contar as sílabas
Para sair o poema que tu queres!

Depois, depois!...
Quando o meu mar se acalmar
O sol despontar
O mundo mudar.

Depois sim, amiga.
Depois, talvez consiga!
Vou conseguir…
Na hora que há-de vir!

C/ Dedicatória à minha amiga Helena

quarta-feira, novembro 30

Presidenciais

Nada como ser-se candidato para mudar de opinião

O Manuel Alegre candidato à presidência diz que defende a concessão automática da nacionalidade portuguesa aos descendentes de imigrantes nascidos em Portugal. Mas o Manuel Alegre deputado do PS e vice-presidente da Assembleia da República votou no dia 14 de Outubro a favor da proposta de Lei de Nacionalidade do Governo que nega a nacionalidade automática aos filhos de imigrantes nascidos em Portugal. Passou-se só um mês e meio e Manuel Alegre mudou de opinião. Ah! Mas agora Manuel Alegre é candidato.

Movimento "Deixem o Professor comer"

Foi notado nos meios democráticos que os assessores de Cavaco Silva, em particular o seu assessor de imprensa, o ex-director do DN Fernando Lima, não deixa o Professor comer. Revela a revista Sábado, que garante que o Professor tem humor, que no Brasil Fernando Lima impediu vergonhosamente o candidato de por um pão de leite na boca, com medo das fotos dos jornalistas presentes, que lembrassem o episódio do bolo-rei.Mas um pão de leite não é um bolo-rei e a indignação dos democratas cresceu quando se soube que esta opressão se vai manifestando com regularidade. Por isso, está a nascer um movimento "Deixem o Professor comer", para garantir o direito de todos, incluindo os do candidato.

Palavras para quê?

Fernando Ulrich apoia Cavaco Silva. Diz que “é fundamental que o PR contribua para que o maior número de portugueses compreenda e apoie as medidas necessárias ao progresso do País.” Para quem não se lembra, este Ulrich, presidente da comissão executiva do BPI, é o que defende a possibilidade do despedimento por iniciativa unilateral do empregador, o fim da progressão de carreiras e a flexibilidade total de horários (trabalho aos sábados e domingos). Em resumo, escravizar os bancários.

Quem falava sem pensar antes de ser candidato?

Há candidatos que dizem que, agora que são candidatos, têm que pensar um pouco mais e têm de ter mais cuidado antes de se pronunciar sobre questões internacionais, nomeadamente as que têm a ver com a política de George W. Bush. Quer dizer: antes pensavam uma coisa; agora... pensam outra. Ah é??? Descubra quem é o candidato que tem este raciocínio neste vídeo (para saber, veja até o fim).

+Ver Vídeo

(do Site de F.Louçã)

O benefício ao infractor

A Administração Fiscal, reduziu a dívida do Sporting em 70 por cento.

São 1,9 milhões de euros que não entram nos cofres do Estado!

Porquê?

um mentiroso no Ministério da Educação

Aqui está a prova de que o Secretário de Estado da Educação mentiu.

Agora faça o óbvio, Senhor Primeiro Ministro. Demita-o!

terça-feira, novembro 29

Assembleia Municipal II

A delegação de competências é hoje indispensável para dar agilidade aos processos de decisão e ao compartilhar de responsabilidades. A propensão para concentrar tudo, é um resquício de manifestações de arrogância e poder, de alguns toscos complexados, espécimes vivos de uma mentalidade pacóvia, infelizmente ainda muito presente em muitos dos nossos dirigentes.

As competências delegadas nas Juntas de Freguesia, são para a conservação e limpeza de valas, bermas e caminhos, ou dos espaços verdes e praias ou da rede viária florestal, para a conservação e reparação das escolas do ensino básico, pré-escolar, parques infantis, ou ainda a gestão, conservação e reparação dos equipamentos culturais e desportivos ou centros de apoio à terceira idade, jardins de infância, bibliotecas que sejam propriedade municipal.

Parece pouco, mas para as actividades das Juntas são absolutamente necessárias se querem apresentar trabalho perante os seus concidadãos.

Por estranho que possa parecer é aqui que se joga muita coisa. Como sabem não basta delegar competências. É preciso que para estas novas responsabilidades se ofereçam os meios, técnicos, humanos e financeiros para um cabal desempenho das mesmas. Ora isto não acontece de forma regulamentada.

Assim a qualquer altura, as Juntas solicitam formal ou informalmente a intenção de fazerem determinados trabalhos, no âmbito dessas competências e a Câmara analisa e concede ou não, o apoio financeiro e outros meios, não se sabem com que critérios, pois estes não estão tipificados em nenhum lado.

Este modelo dá um poder desmesurada e arbitrário ao Presidente da Câmara e coloca os Presidentes das Juntas de Freguesia numa situação de pedinchice permanente para conseguir realizar obra.

Neste quadro, os Presidentes das Juntas estão em total dependência do bom juízo ou o mais certo, da boa vontade e das relações de amizade e das clientelas partidárias ou outras e por isso não é de estranhar as cumplicidades tácticas, que são reflectidas nas votações das sessões da Assembleia Municipal.

E é aqui que entra o jogo político! Os Presidentes das Juntas, temendo serem prejudicadas, nesta relação em que são a parte mais fraca, alimentam esta postura e o Presidente da Câmara, sai bem desta situação.

Foi, por essa razão que nós apresentamos uma proposta no sentido de haver candidaturas a uma bolsa financeira, para estas obras delegadas, a tempo dos projectos aprovadas serem integradas no orçamento camarário, com base em critérios claros e previamente definidos.

Não foi assim que quiseram os deputados municipais (onde se incluem os Presidentes das Juntas) e a proposta só mereceu o apoio dos eleitos do Bloco e da CDU o que, em minha opinião, vem mostrar o alto grau de dependência e onde os beneficiários são conhecidos e os mesmos.

Esta Assembleia veio confirmar as minhas primeiras impressões de aqui já dei conta e não sei se estou disposto a contribuir para este peditório, onde a maioria impõem os seus votos e “consente” os votos de outros, nesta relação “estranha” de dependências do poder que foram criadas e se vão manter e onde só nos são concedidos cinco minutos por cada hora, apesar de os inscritos nos pontos da ordem de trabalhos, não serem mais de meia dúzia.
Eu vou estar lá!

"Rodrigo Leão membro fundador dos Sétima Legião e Madredeus, é um músico sobejamente conhecido com um registo que tem obtido enorme sucesso, tendo mesmo entrado directamente para o n.º 1 do top dos mais vendidos em Portugal. Toda a sua música é visual. Mais do que uma simples imagem, por vezes apresenta um argumento completo com picos dramáticos e personagens credíveis que deambulam por entre os acordes e as vozes, onde se cruzam temas instrumentais com canções, interpretados por um elenco de convidados de luxo."

Aí ao lado com simples clique e estão a ouvir Rodrigo Leão.

segunda-feira, novembro 28

Assembleia Municipal

Mais logo, tem lugar a Assembleia Municipal e destaco dois pontos da ordem de trabalhos que mais polémica podem suscitar.

O primeiro ponto é sobre o Imposto Municipal sobre Imobiliário (IMI). A Câmara propõem a manutenção do imposto no limite máximo de 0,8 por cento, para os imóveis inscritos até Novembro de 2003 e de 0,5 para os inscritos a partir daquela data. Não há meias medidas com esta Câmara. O que é preciso é receitas! Não lhes interessa se sobrecarrega mais os contribuintes.

Como ainda não conhecemos o orçamento e o plano para 2006, também não sabemos se é possível descer este valor sem colocar em causa a execução de certos projectos de investimento.

A fixação deste valor é pois uma mera operação contabilista de arrecadação de receitas.

Esperava-se que esta oportunidade fosse aproveitada para definir uma politica de habitação e de urbanismo e de incentivo ao arrendamento. Não vão por aí. Em vez de actuar com impostos diferenciados em freguesias rurais (e entre elas se necessário) e urbanas, como forma de fixação das pessoas nas suas aldeias, combatendo a desertificação e "compensando" as desigualdades de infra-estrutura e equipamentos que só existem nas freguesias urbanas, prefere fazer a aplicação cega de impostos, tratando por igual o que é diferente.

Esta forma de actuação, tão ao jeito do que fez o Governo de Sócrates, com o aumento do IVA que penaliza da mesma forma o rico e o pobre, o que pode e o que não pode, tem aqui um belo seguidor. A Câmara podia dar aqui o sinal do que deve ser uma gestão urbanística do território. Mas ou não sabe ou não quer ou sabe mas não lhe interessa, ter uma verdadeira politica autárquica para a construção, conservação ou recuperação de habitação ou de arrendamento.

As Câmaras Municipais tem reivindicado para si a faculdade de fixar determinados impostos, mas tem de provar que sabem utilizar bem esses instrumentos para criar justiça e bem-estar dos munícipes. Ora, limitar-se a aplicar os valores máximos permitidos pela lei sem ter em conta as assimetrias e as desigualdades conforme a lei prevê é ir pelo lado fácil sem ater a politicas integradoras e solidárias.

Apesar disso a nossa posição nesta Assembleia vai ser a de aceitar a manutenção da taxa em 0,8 por cento com sentido da responsabilidade, por causa do impacto financeiro que uma baixa de valores, poderia causar e eventualmente comprometer projectos de investimento em curso ou planeados que não conhecemos, ainda.

Mas como não concordamos com a aplicação de um valor igual para todas as freguesias, iremos propor uma minoração em 20 por cento nas freguesias rurais, como forma de discriminação positiva, para colmatar o atraso e as assimetrias e ajudar as pessoas a construir e fixar-se nas suas freguesias. Esta medida tem ainda mais justificação quando os imóveis das freguesias do perímetro urbano estão a ser valorizados por força dos planos de requalificação urbana.

No mesmo sentido iremos apresentar uma proposta de incentivo ao mercado de arrendamento, reduzindo em 20 por cento o imposto a todos os proprietários que lancem prédios ou fracções para arrendar. Por outro lado iremos subscrever uma majoração aos prédios devolutos e degradados, deixados ao abandono, conforme uma listagem da Câmara Municipal.

Temos a convicção que estas propostas não vão baixar as receitas porque a minoração não atinge o coração dos impostos que são as freguesias urbanas e porque há receitas provenientes deste imposto de 2004 e 2005 cujos valores patrimónios actualizados com a reforma fiscal, só terá os seus efeitos reflectidos em 2006.

E acima de tudo estamos a fazer justiça às freguesias mais isoladas.

A minha curiosidade é saber como irão votar os presidentes das Juntas de Freguesia rurais. Vamos ver se são capazes de se libertarem da disciplina partidária ou votar contra os interessses da sua freguesia.

Amanhã falarei sobre a delegação de competências nas Juntas de Freguesia que não é tão pacífico como se pode pensar. Vamos aguardar.

domingo, novembro 27

olhos nos olhos


Uma vista muito rápida pelo jornal e um tema sugeriu-me este texto.

A questão que gostaria de partilhar é se é legítimo ou correcto a um candidato (ou a um partido), pedir a outro ou outros que desistam ou então apelar ao voto dos eleitores tradicionais de seus concorrentes, a favor de si próprio, com o argumento de um voto útil porque supostas sondagens ou estudos de opinião os dão como melhor colocados, para vencer determinado opositor, de outra área politica.

Em minha opinião não é e sou bastante critico de quem envereda por estes caminhos.

Estes candidatos, diriam o mesmo se estivessem numa posição mais atrás nas sondagens?

Não diriam! Não iriam pedir o voto num seu adversário. Confesso uma certa repulsa por estas pessoas e por este tipo de raciocínio.

Os candidatos ou os partidos valem o que valem e não o que valem, somados com os votos dos outros, que a pretexto de um mal maior se juntam a eles.

Os candidatos devem fazer a sua campanha, dizerem o que pensam, o que propõem e deixar à inteligência dos eleitores a decisão sem pressões psicológicas de qualquer espécie.

Irritam-me este tipo de apelos. Na falta de argumentos, atiram-nos à cara o “bicho-papão”, desavergonhadamente, como quem diz, “depois digam que não vos avisei”.

Não são sérios os políticos que assim actuam. Um apelo deste tipo, é um menos, na minha caderneta.

Outra frase que detesto num candidato é dizer que não comenta. Não comenta porquê? Porque se recusa a dar a sua opinião em matéria que toda a gente tem opinião? Este jogo eleitoral de cálculos matemáticos, enoja-me.

Vocês sabem do que estou e de quem estou a falar!