Aqui há uns trinta ou mais anos, era comum, encontrar-se imensos jovens, a partir dos catorze anos no mercado do trabalho oficial. Mesmo antes dessa idade, já muitos miúdos, estavam a trabalhar sem o enquadramento legal dos 14 anos. Foi o meu caso e de todos os meus irmãos e irmãs. Obviamente, isto acontecia nas famílias muito pobres e normalmente numerosas.
Esta introdução serve apenas para explicar que desde esse tempo eu aderi a um sindicato e uns tempos depois, passei a ser um activista sindical, interessado e comprometido com a defesa dos direitos sociais dos trabalhadores. Cheguei a ser delegado sindical e dirigente sindical regional e nessa qualidade participei em algumas negociações com a hierarquia da empresa. Nunca, contudo, fui dirigente nacional. Posso dizer que estive sempre do lado do contra-poder. Fosse o poder a direcção sindical ou a empresa. Eu percebia as razões para a direcção sindical do sindicato, não me convidar, não obstante, consecutivamente, ser o representante eleito dos trabalhadores no local de trabalho.
Ambos percebíamos, afinal, as razões: Eles não me convidavam porque sabiam que não era moldável a certos comportamentos e seria sempre um crítico feroz de uma prática sindical desajustada, interesseira, oportunista e eu também não me importava porque aquele não era o meu meio. E foi assim durante muitos anos, até ao dia em que depois de um “castigo” da direcção sindical, (em que os instrutores e decisores são os mesmos, -os dirigentes sindicais) a direcção regional de que fazia parte se demite, em solidariedade e a partir daí, não mais quis concorri ao lugar. Apenas e só concorri em listas à direcção nacional em oposição às lista da direcção.
A direcção sindical foi sempre dominada e controlada pelo PCP, durante mais de trinta anos, acabando no dia em que devida às dissidências dos renovadores, a direcção se divide, com troca de acusações gravíssimas, de desvios de documentos, despesas não sustentadas, desvios de dinheiros, viagens pessoais, envolvimento de mulheres, enfim, tudo o que possam imaginar. Nas eleições que se seguiram fui convidado pela lista desafecta ao PCP, para um lugar na Mesa nacional. Obviamente recusei.
É claro que não conheço tudo o que se passa no reino dos sindicatos, mas conheço o suficiente para dizer que há uma “máfia” de interesses largos, que fazem com que queiram manter-se no lugar. E por isso, é que vemos os dirigentes sindicais de sempre, apesar de pouco recomendáveis, vitalícios nos seus lugares, e com o apoio dos responsáveis do seu partido, sem qualquer escrúpulo.
Mas felizmente, nem todos são assim e os membros da comissão de trabalhadores da Autoeuropa, parecem ser um bom exemplo, de como devem ser uns dignos representantes dos trabalhadores.
Firmes, rigorosos, responsáveis, democratas e com um grande sentido de defesa do interesse comum.
Firmes, porque não cedem à primeira ameaça ou chantagem de fecho da fábrica.
Rigorosos, porque apresentaram propostas sensatas, razoáveis beneficiando os mais baixos salários, em vez de uma percentagem igual para todos que dá mais a quem mais ganha e faz aumentar o leque salarial.
Responsáveis, porque mantiveram abertas as portas e souberam construir pontes de diálogo e negociação, porque sabiam como era importante um acordo de trabalho e de compromissos.
Democratas, porque apesar de terem um acordo de princípio, irão submetê-lo, por voto secreto, à decisão dos trabalhadores.
Os trabalhadores da Autoeuropa, com este acordo, mais um, negociado em condições difíceis, olharam para eles próprios, mas também tiveram em conta toda a envolvente da região, as dezenas de empresas, centenas de famílias e milhares de pessoas que dependem desta economia local. Mas também a economia nacional, em particular no âmbito das exportações, ganha muito, porque assegura a manutenção de uma Empresa, fundamental para o país.
Enfim, foi um bom acordo para todos e a demonstração de que com inteligência, responsabilidade, firmeza e flexibilidade nas doses certas e sem obediência a manobrismos tácticos, sindical-partidários, é possível assegurar conquistas e direitos adquiridos.
Fossem assim todos os nossos sindicalistas! E já agora também os nossos empresários!
Esta introdução serve apenas para explicar que desde esse tempo eu aderi a um sindicato e uns tempos depois, passei a ser um activista sindical, interessado e comprometido com a defesa dos direitos sociais dos trabalhadores. Cheguei a ser delegado sindical e dirigente sindical regional e nessa qualidade participei em algumas negociações com a hierarquia da empresa. Nunca, contudo, fui dirigente nacional. Posso dizer que estive sempre do lado do contra-poder. Fosse o poder a direcção sindical ou a empresa. Eu percebia as razões para a direcção sindical do sindicato, não me convidar, não obstante, consecutivamente, ser o representante eleito dos trabalhadores no local de trabalho.
Ambos percebíamos, afinal, as razões: Eles não me convidavam porque sabiam que não era moldável a certos comportamentos e seria sempre um crítico feroz de uma prática sindical desajustada, interesseira, oportunista e eu também não me importava porque aquele não era o meu meio. E foi assim durante muitos anos, até ao dia em que depois de um “castigo” da direcção sindical, (em que os instrutores e decisores são os mesmos, -os dirigentes sindicais) a direcção regional de que fazia parte se demite, em solidariedade e a partir daí, não mais quis concorri ao lugar. Apenas e só concorri em listas à direcção nacional em oposição às lista da direcção.
A direcção sindical foi sempre dominada e controlada pelo PCP, durante mais de trinta anos, acabando no dia em que devida às dissidências dos renovadores, a direcção se divide, com troca de acusações gravíssimas, de desvios de documentos, despesas não sustentadas, desvios de dinheiros, viagens pessoais, envolvimento de mulheres, enfim, tudo o que possam imaginar. Nas eleições que se seguiram fui convidado pela lista desafecta ao PCP, para um lugar na Mesa nacional. Obviamente recusei.
É claro que não conheço tudo o que se passa no reino dos sindicatos, mas conheço o suficiente para dizer que há uma “máfia” de interesses largos, que fazem com que queiram manter-se no lugar. E por isso, é que vemos os dirigentes sindicais de sempre, apesar de pouco recomendáveis, vitalícios nos seus lugares, e com o apoio dos responsáveis do seu partido, sem qualquer escrúpulo.
Mas felizmente, nem todos são assim e os membros da comissão de trabalhadores da Autoeuropa, parecem ser um bom exemplo, de como devem ser uns dignos representantes dos trabalhadores.
Firmes, rigorosos, responsáveis, democratas e com um grande sentido de defesa do interesse comum.
Firmes, porque não cedem à primeira ameaça ou chantagem de fecho da fábrica.
Rigorosos, porque apresentaram propostas sensatas, razoáveis beneficiando os mais baixos salários, em vez de uma percentagem igual para todos que dá mais a quem mais ganha e faz aumentar o leque salarial.
Responsáveis, porque mantiveram abertas as portas e souberam construir pontes de diálogo e negociação, porque sabiam como era importante um acordo de trabalho e de compromissos.
Democratas, porque apesar de terem um acordo de princípio, irão submetê-lo, por voto secreto, à decisão dos trabalhadores.
Os trabalhadores da Autoeuropa, com este acordo, mais um, negociado em condições difíceis, olharam para eles próprios, mas também tiveram em conta toda a envolvente da região, as dezenas de empresas, centenas de famílias e milhares de pessoas que dependem desta economia local. Mas também a economia nacional, em particular no âmbito das exportações, ganha muito, porque assegura a manutenção de uma Empresa, fundamental para o país.
Enfim, foi um bom acordo para todos e a demonstração de que com inteligência, responsabilidade, firmeza e flexibilidade nas doses certas e sem obediência a manobrismos tácticos, sindical-partidários, é possível assegurar conquistas e direitos adquiridos.
Fossem assim todos os nossos sindicalistas! E já agora também os nossos empresários!
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