terça-feira, dezembro 13

O cábula vaidoso e a esperança

Foi um debate pouco emotivo. Estivemos perante dois candidatos muito diferentes:

Francisco Louçã, com um discurso seguro, um pensamento estruturado, ideias consistentes, propostas ponderadas e politicamente sustentadas, ideias para o País, um projecto político de mudança, uma combatividade forte.

Manuel Alegre, aparece com um discurso frágil, defensivo, desajeitado, sem ideias sólidas, incoerente, contraditório, sem ideias novas.

Francisco Louçã foi macio e complacente com Manuel Alegre, mas inciso onde tinha que ser, confrontando-o com as suas próprias contradições, como o aumento do IVA, a aprovação do orçamento rectificativo, o vota, não vota do orçamento de estado, as alterações às regras económicas da UE.

Manuel Alegre, foi trapalhão na explicação das suas posições, sobre a sua própria candidatura, sobre o apoio ao aumento do IVA, ao orçamento rectificativo que permitiu o aumento da idade da reforma e o ataque aos direitos sociais e sobre as privatizações foi incoerente com a ausência na votação do orçamento de estado, não cumprindo o papel para o qual foi eleito.

Fez afirmações confrangedoras, que quase fizeram saltar Louça da cadeira, como a de um Presidente de um governo regional não dever poder recandidatar-se, se fosse demitido por uma avaliação política do Chefe de Estado (que depois corrigiu, dizendo que não disse, o que todos ouvimos).
Foi obrigado a responder, sobre se demita o Procurador-geral da República, depois de um engolir em seco (com um pois!) e uma pausa de uns segundos que pareceram horas, quando queria fugir a uma resposta que o próximo presidente terá de dar.
É incipiente nas críticas a algumas medidas (que diz inábeis e não erradas) e tem um fervor pela palavra Pátria (Louça prefere falar em Portugal) que o remete para um nacionalismo de “esquerda” ao contrário de Louça que se afirma convictamente um homem do mundo e um europeísta de esquerda, lembrando que a sua pátria é a pátria das centenas de milhares de pessoas que vieram para a rua lutar contra a guerra no Iraque.

Louçã esteve bem, mas foi suave o que se compreende. Alegre não é o seu adversário principal. O tom e o discurso foram essencialmente virados para os eleitores do partido socialista e para o esclarecimento e a clarificação de posições. Alegre tem um discurso de declamação teatral com uma retórica pretensamente “moralizadora” para conseguir votos em descontentes, mas veste mal no fato de quem tem sido e é complacente com políticas que conduziram a esta situação. Também quando é preciso ser mais concreto como nas nomeações politicas, encolhe-se para não comprometer os amigos do partido.

Manuel Alegre não é um voto de protesto nem é um voto de mudança ou renovação. É um voto de continuismo num protagonista de há muito a querer o seu momento de glória.

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