quarta-feira, dezembro 28

Um profundo nojo

O trabalhador por contra de outrem que não exerce funções de direcção é, em regra, um tarefeiro. Faz o que lhe mandam, acata ordens, executa com competência, exerce com brio, pugna pelos objectivos, trabalha mais horas, empenha-se por aprender, é aplicado, inventivo, polivalente, respeitoso e desenrascado.

Quem trabalha numa empresa sabe que esta é a regra. Há excepções, naturalmente.

Mas dependendo de outros, o trabalhador tem uma margem de manobra limitada. Quem define as regras, os métodos, os meios humanos e técnicos, a formação especializada, as opções estratégicas, as metas, são os dirigentes e os empregadores.

Por outro lado, também não são os trabalhadores, quem traça os eixos em que assenta o progresso! Quem faz as escolhas do modelo económico e social! Quem interfere nas grandes opções dos planos de crescimento e desenvolvimento estratégico! Quem aprova as leis! Quem governa! Quem manda! Quem decide!

Os cidadãos e os trabalhadores em geral, são convidados a votar de quatro em quatro anos. Até lá não se vislumbram, chamamentos à participação cívica. Ou se criam estruturas amplas de observação, discussão ou de decisão participada. O que se vê é os partidos enxameados de oportunistas, de carreiristas, de interesseiros.

É por isso que há falta de competência, de visão estratégica, do conhecimento, de lucidez, mas também de excesso de ambição, de mentira, de oportunismo, mas também da ladroagem, das “máfias” de interesses cruzados, empurram para os trabalhadores e em geral para os suspeitos do costume a responsabilidade pelo estado do país.

É por isso que quando ouço o discurso de Natal do Sr. Primeiro-Ministro, “aos portugueses de boa vontade” e agora a apresentação de aumentos de 1,5 por cento de aumento aos funcionários públicos, sinto um profundo nojo.

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