sábado, dezembro 10

Louçã abana Cavaco

Até que enfim! Desta vez foi um debate a sério. Ficou muito por discutir e aprofundar mas também pela primeira vez, Cavaco Silva foi obrigado a dizer mais do que pretendia, a sair do discurso redondo e a clarificar algumas posições.

Cavaco Silva foi confrontado com o período em que foi chefe de governo e o país recebia cinco milhões de euros de fundos comunitários por dia e o preço do barril do petróleo caíra significativamente e não soube fazer as apostas certas na formação, na educação, nas qualificações, ou nas tecnologias que agora tanto se reclama. Francisco Louça também demonstrou que nesse período as injustiças e as desigualdades aumentaram, apresentando números que não foram questionados.

Cavaco Silva deixou implícito que defende a liberalização do desemprego e não tem propostas ou ideias sobre a sustentabilidade do sistema de Segurança Social a não ser o aumento da idade da reforma. Surpreendentemente, Cavaco Silva, mete o pé na poça onde menos se espera ao preconizar estudos sobre o estado da Segurança Social quando estes estão feitos e são credíveis. É extraordinário como um economista e candidato presidencial desconhece os problemas na sua extensão e alvitre soluções.

Também ficou demonstrada a insensatez de querer intervir na governação com sugestões de propostas de lei, como foi desmontado por Louçã, pois na primeira vez que isso acontecesse, duas coisa podiam acontecer ou o Parlamento era irremediavelmente condenado a um papel subalterno, com os perigos que isso acarretaria, se fossem por aí ou se recusassem, abria-se um conflito institucional.

Também sobre as escutas Cavaco Silva sugeriu propostas contra as escutas ilícitas quando elas já existem, não são é aplicadas.

Do mesmo modo ficou implícito o seu apoio à cimeira das Lages que lançou a guerra no Iraque e também o apoio à própria guerra, embora no quadro das Nações Unidas.

Mas ainda muita coisa ficou por dizer, mas Cavaco Silva já disse mais alguma coisa que ajuda a perceber o seu pensamento.

Francisco Louça falou claro as suas ideias não tem duas interpretações.

Sobre o aumento da idade da reforma, sobre a segurança social (o único candidato com propostas concretas no seu programa mas que não puderam ser aprofundadas), sobres as prioridade do País, (a defesa de politicas de criação de emprego e qualificações e o ataque ao desemprego), o não apoio à intervenção portuguesa no Afeganistão e no Iraque e não fugiu a questões, como o casamento de homossexuais ou a legalização dos imigrantes com base no direito de solo.

O debato mostrou duas personalidades e duas visões do mundo e nesse sentido foi esclarecedor.

Francisco Louça soube ser acutilante, persuasivo, elevou a qualidade do debate, falou olhos nos olhos, cara a cara, com segurança e com conhecimento dos assuntos e obrigou Cavaco a abrir-se mais do que queria.

Cavaco Silva estava tenso, atemorizado, titubeante, surpreendido, nunca olhou para o adversário, (ao contrário de Louçã que procurou o debate mais solto) e cometeu alguns lapsos, sendo que em determinados momentos, de tão confundido, pareceu que ia encostar às boxes. Soube reagir na segunda parte do debate mas sem conseguir sair da mediania e fugindo, algumas vezes, às questões, refugiando-se no que estipula a Constituição.

Julgo que este debate conseguiu encostar Cavaco Silva à direita, retirando-lhe apoios ao centro político-partidário e nessa medida foi um grande contributo para derrotar Cavaco Silva.

Eu espero é que também a candidatura de Louça tenha ganho alguma coisa!

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