Marcelo Rebelo de Sousa, MRS, dedicou especial eloquência ao Bloco de Esquerda. Se bem percebi, Marcelo compreende as intenções do Bloco de disputar a maioria social.
MRS compreende que o BE lance uma iniciativa como a “marcha pelo emprego” porque o emprego é uma questão estrutural na sociedade e é uma questão que diz respeito à maioria da população.
Equivoca-se quando diz que o BE se tem remetido às causas “comportamentais”, basta olhar o que foi a primeira campanha do BE – centrada no segredo bancário e na fiscalidade, e agora a última campanha presidencial – muito centrada no desemprego e na segurança social, com, talvez, o maior número de visitas a empresas de sempre.
MRS refere a não influência sindical do BE. A abordagem de MRS merece umas notas:
a) O BE não quer controlar movimentos sociais – entende que estes devem ser independentes e fortes. Os movimentos sociais não são correias de transmissão do partido – devem ser as vozes e as vontades dos seus próprios associados.
b) O BE não tem tendência sindical – expressa uma linha política de participação, democracia, cidadania e combate social aos trabalhadores. O BE não dá ordens aos seus militantes para que tomem determinadas opções sindicais.
c) O BE não faz concorrência interna – nomeadamente dentro da CGTP. Era aliás difícil – muitos sindicatos da CGTP têm estatutos tão bloqueados que parecem inspirados na UGT ou que visam perpetuar um único grupo político dirigente.
d) O BE não faz concorrência ao PCP. O PCP é um partido bloqueado. O BE é um partido movimento – essa MRS percebeu bem – um partido aberto, plural e democrático. O BE não pretende fazer uma afirmação ideológica dogmática encerrada num passado sem resgate, em derrotas sem questionamento. O socialismo é expressão de futuro, que se constrói numa luta plural e não numa verdade pré-definida.
e) O BE quer disputar o apoio de milhões de pessoas, muitas delas influenciadas e votantes do PS, de Manuel Alegre, de Mário Soares... o BE quer desmontar essa política de destruição do Estado social, a política de rendição do PS ao neoliberalismo e conquistar o apoio popular para a oposição a essa política.
f) O neoliberalismo é o nosso adversário. Cá, como na Europa, como no mundo. Isso MRS também sabe.
Victor Franco
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