terça-feira, abril 4

Os criticos de merda

Alguns blogues, algumas pessoas, alguns comentadores irritam-me solenemente. Leio-os ou ouço-os e fico mal disposto. Fico angustiado e desiludido. Nem sei porque volto lá. Às vezes, chego a pensar que gosto de sofrer e não é verdade.

Um dia destes, fecho-me no meu cantinho. Só leio o que gosto, só ouço quem me interessa, não entro em polémica, não emito opinião. Estou farto desta "gentinha". Eu gosto do contraditório, do debate, da polémica, da discussão, de ouvir e ler opiniões contrárias às minhas. Sou um crédulo, acredito, nas pessoas. Em regra, vejo as posições diferentes das minhas, apenas e só como outra forma de ver as coisas. Não costumo fazer juízos precipitados, ou radicais sobre quem pensa, divergentemente de mim. Digamos que tenho uma grande abertura às diferentes opiniões. Muitos me dizem, “não vale a pena, deixa, estás a chatear-te para quê.” Tenho que lhes dar razão! Eu é que sou um lunático. Um ingénuo. Tenho a mania de que é tudo gente boa e que estão apenas enganados. Nunca mais aprendo. Há pessoas mesmo más, mesquinhas, nojentas. Pessoas que não merecem o mínimo respeito e consideração. São oportunistas, chico-espertos, traidores, pessoas "pequenas". São uns bardamerdas, enfim.

Hoje não estou muito bem. Li coisas incompreensíveis. Porque fazem ataques descabelados, excessivos, estultos, a posições que concordo. Tipo cão raivoso. Nada disto era grave se não fosse dito de um modo muito agressivo, colérico, desrespeitoso, misturando tudo e dizendo muito mal.
Atacam pessoas e partidos. Esquecem-se de que, nos casos a que me refiro, estão a falar de pessoas sérias, de pessoas empenhadas, de pessoas combativas, mas que são políticos. Não compreendo, não aceito, esta tendência para a crítica bruta de quem não sabe fazer outra coisa na vida, de que dizer mal, dos “outros”. Há tempos escrevi uma crónica sobre isto e não me vou repetir.

E ainda ontem estava tão bem, merda, depois de um encontro, de trabalhadores da PT, simpatizantes do Bloco, com Francisco Louçã que quis conhecer, humildemente, a nossa opinião sobre a Opa e partilhar connosco a sua posição e um estudo que fez sobre a matéria. Alguns de nós andamos cerca de mil quilómetros para estarmos presentes. Pagamos a viagem, a refeição, uns gastaram um dia de férias. Não é uma queixa, ninguém nos obriga a nada. Mas algum respeito por quem, se interessa, por quem luta contra a injustiça, pela defesa dos seus e dos outros, direitos, por quem quer mudar alguma coisa no país por uma sociedade mais justa e distributiva, não ficaria mal.

Não há pachorra. Começo a ficar farto desta gentinha. Não há sítio neste Portugal dos pequeninos onde o desporto favorito não seja dizer mal.

"Os "outros" é que são responsáveis, eles não. Eles estão de fora. A criticar tudo e todos. Têm sempre opinião sobre tudo e a opinião deles é sempre a melhor. Quem os ouve ou lê, se os levassem a sério, seriam os melhores. Os melhores políticos, os melhores atletas, os melhores treinadores, as melhores pessoas", como referi no outro post sobre o mesmo assunto.

Estar de fora sempre a criticar e a dizer mal é fácil e é cómodo. Aborrece-me este tipo de pessoas que não participa, que não se envolve em nada, que vai ver passar, para dizer mal de "tudo".

O bota-abaixismo é que está a dar. É o desporto nacional preferido. Ninguém escapa. Quando se mistura tudo e não se encontram diferenças, a não ser eles próprios e os que os rodeiam no momento, quando tudo é merda, o que fazer? Hoje quase toda a gente diz mal de tudo e de todos. Em particular os políticos não escapam aos mais baixos impropérios e mentirosos, ladrões, incompetentes ou corruptos, são palavras que estão nas bocas de quase todos.
Não são todos assim, pôrra! E não falo de mim que não sou político, no sentido tradicional do termo, embora esteja a exercer funções políticas como deputado municipal. Falo de quem se dedica, seriamente, a lutar por melhores condições de vida, melhores condições de trabalho, a luta pela dignidade e contra as injustiças sociais, de quem combate e procura soluções para o trabalho precário, por direitos de cidadania.

Dizer mal é cómodo e alivia as consciências. Não há como ter bodes expiatórios para lançar as culpas sobre tudo o que corre mal. As culpas são sempre dos outros. Afinal como podem ter culpa essas pessoas, se estão de fora? se não participam! Se não andam à chuva como podem molhar-se?

Em tudo isto há quem se ponha a jeito, nomeadamente alguns políticos que contribuem para esta má reputação e descrédito. Mas não confundam tudo, por favor. Essas misturas são convenientes para alguns. Como disse o Zé Mário Branco, no FMI, " se a culpa é de todos a culpa não é de ninguém" e isso convém a alguns.

Esses maldizentes metem todos no mesmo saco econseguem esconder o seu “norte”. São pessoas de direita “supostamente” dotados de superior inteligência. Alguns até se afirmam de esquerda. São uns tristes. Eles nunca estiveram ligados a qualquer coisa. Nomeadamente a movimentos cívicos. Eles andaram sempre atrás. E contudo só uma cultura de exigência cívica e com uma grande participação cidadã é possível mudar as coisas.
Mas onde estão esses criticos de merda? Não participar no debate e nas decisões que nos dizem respeito, ficando sempre de fora é confortável mas é um refúgio oportunista.

Termino da mesma maneira que da outra vez.
Sem partidos e sem políticos não há democracia. Sem participação temos uma democracia debilitada. Sem participação e atacando tudo e todos temos uma democracia em agonia.

De que estão à espera os críticos da nossa praça de se envolverem e fazerem melhor que todos?

Os políticos ou os decisores políticos que tantos acusamos, são eleitos pela maioria de nós. Não tomaram conta do poder à força. A maioria dos eleitores parece preferir essa gente. Prefere quem não dá garantias de honestidade. Não é por mim que estão lá. Mas não me demito de lutar.

Será que não há alternativas? Há que ter cuidado nas acusações.

O problema somos nós!

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