domingo, abril 16

A crise militar no centro do império

Vários militares de alta patente, norte-americanos, estão em divergência com o secretário da Defesa, o todo poderoso Donald Rumsfeld. Os generais, recentemente passados à reserva, criticam as competências do protegido de Bush e pedem a sua demissão.

Paul Eaton, um dos críticos, considera mesmo que Rumsfeld “é mais do que ninguém responsável pelo que aconteceu à nossa missão no Iraque”. As críticas vêm no momento em que as sondagens mostram que a aprovação da ocupação do Iraque se encontra em queda acentuada.

O mais interessante desta notícia[1], é o facto de a crise se dar no centro do poder da potência militar global e dominante. Quando a crise chega ao centro do poder – e à cúpula desse mesmo centro – então o caso é muito sério.

Os tempos provaram que os EUA podem invadir e deflagrar impiedosamente uma guerra em qualquer ponto do mundo derrotando qualquer resistência militar significativa. Mas também provaram que esse mesmo poder militar não consegue segurar o poder no país ocupado. Todos os planos para o período pós-ocupação no Iraque falharam – inclusivamente a capacidade de rapina eficaz das suas matérias-primas.

A crise no centro do poder pode acentuar a tendência de uma fuga para a frente, para outra guerra – agora com o Irão. Fugir para a frente tem sido a política da burguesia dominante no império.

O dólar está em crise e precisa de preços altos no petróleo para se manter em procura. Mas também é essa burguesia, intimamente ligada com a indústria da guerra, que precisa que o super-Estado continue a emissão continuada do dólar para segurar o crescente e gigantesco défice. O mundo está inundado de dólares sem paridade ao ouro e os preços deste sobem sem cessar. O problema é tanto mais sério quanto o Irão, acompanhado da Venezuela, quer começar a negociar o petróleo em euros.

A luta pela paz no mundo é cada vez mais importante. A paz, e a recusa da guerra infinita, são cada vez mais um marco distintivo de uma política de estancamento à deriva louca do neoliberalismo. Também por isso muitos milhões de pessoas esperam as primeiras medidas do governo de Romano Prodi.

Victor Franco

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