Quem me conhece sabe também que eu gosto de estar onde está a Revolução e “...revolução não quer dizer guerra, mas sim paz: não quer dizer licença, mas sim ordem, ordem verdadeira pela verdadeira liberdade...” parafraseando Antero de Quental. E com o devido respeito pelos habitantes do resto do Mundo amorfo, esta Revolução está a ser feita pelo povo latino-americano.
Por isso, mais do que as manifestações de França, tenho acompanhado as manifestações nos EUA contra a proposta de lei de imigração que estava a ser discutida no Senado.
Somente foram as maiores manifestações a que os EUA assistiram desde a Guerra do Vietname.
Mas isto para concluir, que a ideia que muitos nos vendiam de que a política de imigração dos EUA, era uma política de primeiro mundo, rebuscada, em que ninguém escapava ao processo rígido de legalização e que não havia permissividade para os indocumentados, caiu por terra.
Tratam-se de onze a doze milhões de imigrantes, a maioria deles hispânicos. E foram estes (com excepção dos Filhos Putativos dos EUA, vulgo cubanos de Miami) que saíram às ruas.
Como se vê até este problema está globalizado. Não é exclusivo dos emigrantes portugueses no Canadá, onde o (des)governo português saiu a correr em defesa dos mesmos dada a injustiça da medida, mas na mesma semana pratica actos semelhantes dentro da sua própria casa.
Sem querer analisar a adequação ou justiça da lei de imigração portuguesa, podemos afirmar que a mesma está estruturada para que situações de indocumentados (para não lhes chamar ilegais ou criminosos, que me choca!) não existam…pelos menos nas proporções a que assistimos.
Teoricamente as coisas passam-se assim: se há 10000 ofertas de trabalho no sector da hotelaria e só há 8000 portugueses para as preencher, obviamente que as restante 2000 terão de ser preenchidas por imigrantes. Esses dois mil emigrantes entrarão no país com o respectivo visto de trabalho emitido no seu país de residência pelo consulado português e pelo período de duração do respectivo contrato de trabalho.
Mas se é assim tão simples e tão bem estruturado o esquema de entrada e permanência em território nacional (como aliás o é nos EUA) como se justifica o monstruoso número de indocumentados?
E já agora, como se justifica que a um estrangeiro que faça do roubo o seu modo de vida e lhe é aplicada por um Tribunal português uma pena de prisão, suspensa por um determinado período, não tenha nessa mesma sentença uma ordem de expulsão e o trabalhador estrangeiro indocumentado é notificado pelo SEF para abandonar o país em 20 dias?
Quem define na prática toda esta estrutura imigratória e dita as regras aos imigrantes? E com que objectivos? Não serve a imigração e não está estruturada para que os emigrantes ocupem postos de trabalho vagos?
Ou será antes para cumprir os objectivos que agora o Presidente Bush quer definir claramente no seu programa de imigração? “ «Este programa fornecerá um meio legal de fazer coincidir a vontade dos trabalhadores estrangeiros e a vontade dos empregadores norte-americanos de ocupar empregos que os norte-americanos não querem», disse. «Este programa ajudará a satisfazer as exigências de uma economia em pleno crescimento», lembrou Bush, aludindo à vontade das companhias de ter uma mão-de-obra abundante e barata nos sectores como a agricultura, a construção e os serviços.” Pelo menos de falsidade não o podemos acusar.
Mas sejamos claros meus senhores, revoguem a lei de emigração e criem uma Lei de Exploração e Perseguição da Imigração…Sou apologista de que as coisas devem ser chamadas pelo seu verdadeiro nome!
Cris
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