A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), publicou um relatório sobre Portugal onde confirma as piores notícias. Se por um lado confirma a contínua divergência entre a previsão do crescimento do Produto Interno Bruto português 1,4% e o da Zona Euro 1,8%, por outro confirma a queda do PIB nestes últimos 5 anos em 0,1% enquanto a Zona Euro crescia 0,9%.
A organização sedeada em Paris faz jus aos seus pergaminhos de defensora da economia de mercado e reforça as posições mais conservadoras que, em Portugal, continuam a achar que a política do governo ainda é tímida.
A OCDE defende, no seu relatório, o aumento da idade de reforma, o aumento das contribuições mas a diminuição das prestações, o aumento das propinas, o aumento das facilidades no despedimento, a simplificação dos impostos (deve querer dizer imposto a percentagem de valor único)…
Bénédicte Larre, a lauta economista da OCDE que acompanha a economia portuguesa, criticou ainda a nova classe de IRS de 42% porque “complica o sistema e cria um desincentivo adicional para trabalhar”. Ora tendo este escalão sido criado para os rendimentos mais altos de todos, os superiores a 60.000 € anuais, a senhora Larre está a dizer que os mais ricos são os que trabalham e que os mais ricos devem pagar menos impostos.
Está certo – aos que ganham 4.000 euros anuais a senhora acha que se deve impor contenção salarial. Ora aí está!
Na mesma linha tem estado o “socialista” Vítor Constâncio. O homem que ganha, consta-se, pelo menos 25.000 € mês há anos que pressiona pela contenção salarial dos que ganham o salário mínimo, 385 €.
José Miguel Júdice, homem de profícua prosápia, também lá vem dizendo que realmente se “acabaram os tempos dos empregos para toda a vida, do Estado-providência, do 13.º mês, do subsídio de férias, da reforma aos 55 anos, do absentismo laboral, da baixa por doença sempre que dá jeito, do faz de conta que estou a trabalhar…” mas diz “para que não seja mal citado sou pessoalmente favorável à maior parte destas aquisições sociais…”. Lendo mais à frente, lá vem que “temos que trabalhar mais por menos dinheiro, temos de nos reformar mais tarde e com menos vantagens” e por aí fora[1]. Júdice reconhece que agora há a “coragem de enfrentar de enfrentar os privilégios incomportáveis do funcionalismo público, que Sócrates – honra lhe seja feita – está a tentar reduzir para limites mais admissíveis”. Entre encómios a Sócrates fica a crítica à “esquizofrenia” da direita.
Realmente é verdade. Dificilmente a direita, aquela que oficialmente diz ser, conseguiria fazer melhor. E com apoio popular nas sondagens.
Victor Franco
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