Freitas do Amaral foi a Cabo Verde. Num país de gente pobre e caminhos de terra vermelha sentiu o cetim do luxo hoteleiro e a delicadeza de seus trabalhadores. Alguém deve ter lembrado a Freitas que tinha parentes trabalhando
Alguém lhe falou, não sei se uma empregada do hotel se um governante.
Freitas comoveu-se. É compreensível, o homem não é de ferro. E Freitas deve ter telefonado a Sócrates. Está, está lá, … sim… Sócrates…
Sócrates não se comoveu, percebeu que tinha ali uma oportunidade de dividir as comunidades de imigrantes – agora que precisava de tornar pública a sua proposta de lei de imigração. Sócrates sabia que ia dar um ar de esquerda com uma promessa de uma mão ainda cheia de nada. Sócrates percebeu que os cabo-verdianos iriam adorar mas que os outros iriam perguntar, então e nós?
Vós? Talvez mandando Freitas para a Guiné, Angola, S. Tomé, Ucrânia, Roménia…
Os cabo-verdianos não têm que ter um acto caridoso e uma condescendência. Eles não têm que ter mais direitos que os outros imigrantes – eles têm que ter direitos iguais. E todos – todos têm direito a todos os direitos. A legalização dos imigrantes cabo-verdianos não é um favor que se lhes faz, é um dever de responsabilidade, de respeito pela vida humana. A solução é dizer que somos todos cabo-verdianos. Todos têm que estar legais. Todos somos seres humanos.
Victor Franco
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