segunda-feira, abril 24

Um poema por dia de Alfredo Reguengo ( XII )


Alarme

Quem foi que anoiteceu a tarde em água e vento
e encheu de Inverno o Outono em que me escondo?
Quem foi que amarfanhou o meu sorriso antigo
e encheu de lama estrelas que sonhava?

Vontade de escarrar,
vontade louca
de dizer palavrões
a toda a gente!...
E tudo fica igual,
como se nada
tivesse acontecido
em qualquer parte;
e tudo fica mudo,
a mastigar
pra dentro
os palavrões
que era
preciso
dizer,
para que a tarde
fosse tarde
e o Outono
Outono
e o riso fosse riso
-um bimbalhar de sinos-
e as estrelas
brilhassem como sóis...

É preciso
acordar
a madrugada
-antes que a matem,
inda mal desperta!...

Alfredo Reguengo
05/12/196

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