Segundo estudos publicados pela imprensa a PT pode vir a dispensar 4 mil funcionários com a aquisição por parte da Sonaecom.
Também deixam de estar garantidas as reformas pagas pelo fundo de pensões da PT, para os quais os trabalhadores contribuíram e que estão desprovidos de 2600 milhões de euros, segundo comunicados de todos os sindicatos e comissão de trabalhadores do grupo.
Sobre a associação de cuidados de saúde da PT, não está garantida a sua continuidade (para o qual os trabalhadores descontam e o SNS comparticipa - por os trabalhadores estarem "fora" do sistema público) e o Estado tem uma dívida de 30 milhões de euros.
O Estado vai deixar, também, nos próximos 12 anos, de receber 3 mil milhões de euros de IRC.
Com a OPA, o Estado, perde também o controle estratégico sobre um sector estratégico. A grande empresa PT é desmembrada e a sua componente internacional é vendida, perdendo escala e em consequência "perde-se" uma grande empresa do país (com presença em muitas partes do mundo) que é um dos nossos "orgulhos", apesar de todos os seus defeitos.
Os consumidores passam, por sua vez, a ter menos concorrência na rede fixa e na rede móvel e nessa medida é previsívil um aumento de preços ao consumidor.
Ora sendo assim, qual é a verdadeira vantagem para os trabalhadores, para os consumidores e para o país a OPA de Belmiro de Azevedo? Quem ganha com isso?
Diz, João M. Brandão Brito, Professor Catedrático de ISEG/UTL, num excelente artigo de opinião, "A PT não pode ser vista como uma mera fonte de retorno accionista e de mais-valias efémeras. Sabendo-se que a Sonae representa, em termos de capitalização bolsista cerca de um quarto da PT, e considerando as operações financeiras que a Sonae será forçada a fazer, é legítimo questionar se a prazo tal objectivo será sustentável" e acrescenta "se Belmiro de Azevedo quiser verdadeiramente prestar um grande serviço ao País, em vez de tentar comprar uma empresa já existente, podia criar algo de verdadeiramente novo aplicando as suas disponibilidades e o seu talento, investindo em novas actividades produtivas, sobretudo na área dos bens transaccionáveis, por forma a melhorar a nossa competitividade global."
Sábias palavras!
Terá, pois, a PT futuro a prazo, com esta operação? Isto sem prejuízo de achar que há muito a mexer na estrutura accionista, na estratégia da Empresa e no modelo organizacional. Mas essa é outra estória.
Por mim, OPA, não!
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