segunda-feira, fevereiro 27

A brutalidade da Rodhe


A notícia do encerramento da Rodhe, em Pinhel, já tem uns dias. Mas o jornal Público trouxe, no domingo, ao conhecimento público novas informações de todo o drama que envolve mais uma deslocalização para Leste. Muitos dos seus trabalhadores estão sobre-endividados, muitos “choram sem saber o que fazer à vida". “Uma catástrofe para Pinhel" dizem as pessoas. E têm razão.

A deslocalização é um escândalo, também por outras razões. O terreno foi adquirido pela Câmara Municipal a um particular por 50.000 contos. A Câmara gastou mais 50.000 contos em custos de infra-estruturas e depois vendeu-o à Rodhe por 1.980 contos. Perdeu, no mínimo, 99.020 contos. A Rodhe, que pagou 1.980 contos por um terreno de 36.000 m, vai agora vender por 1.000.000 de contos. Lucro puro de 998.020 contos. Mas que grande negócio.

O acordo de laboração terminou no passado dia 30 de Novembro de 2005. A multinacional não perdeu tempo. Os trabalhadores, 370 (já foram 700), foram “avisados de que terão de continuar a trabalhar até ao fecho da unidade, agendado para 30 de Abril, para acabarem as encomendas em stock”. Ora aí está: vão para a rua, mas até lá tem que se portar bem e trabalhar direitinho.

No reino de Sócrates tudo isto é possível sem um sopro de dignidade. Quem é tão forte e arrogante para com os mais fracos não passa de um cordeirinho para os mais fortes. O Primeiro-ministro deste país não levanta um dedo à brutalidade da Rodhe!

Victor Franco

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