terça-feira, fevereiro 28

A cruzada ideológica de José Manuel Fernandes

O director do jornal Público prossegue, há muitos anos, uma cruzada ideológica pelos valores neoliberais. A entrevista, ontem reproduzida no jornal, ao ministro Vieira da Silva fez este convertido neoliberal parecer um perigoso esquerdista. A insistência na defesa dos sistemas de reforma de capitalização privada foi bem nota disso. Hoje, pela milionésima vez, JMF volta a insistir na defesa da diminuição do emprego público – em nome da competitividade. JMF argumenta mais, “não se exportam serviços públicos”. Tem que se reconhecer que o homem é persistente.

A destruição dos serviços públicos é hoje o centro do ataque conservador. Ataque ideológico, financeiro, ao emprego público e ao papel social do Estado.

Os serviços públicos são parte essencial do nosso salário, salário social ou indirecto. Eles são financiados através dos nossos impostos, portanto, através das remunerações por nós auferidas na venda da nossa força de trabalho, manual ou intelectual. Se esses impostos se transformam em cuidados de saúde, apoio no desemprego, garantia de ensino público gratuito… significa que essas remunerações vêm de volta em forma de serviços públicos.

Em nome da competitividade, da ineficácia do Estado, de uma economia aberta… eliminam-se esses mesmos serviços públicos. Significa que o nosso dinheiro se transfere, tendencialmente, para pagamento da máquina burocrática do Estado e daquilo a que se chama funções de soberania – entre elas a máquina repressiva do poder dominante, máquina repressiva que JMF não questiona. Significa que necessitaremos de mais dinheiro ainda para aceder a cuidados de saúde privados, a planos poupança reforma… significa o nosso empobrecimento absoluto e relativo e a destruição da solidariedade.

JMF também questiona o emprego público porque ele significa auxiliares de educação, professores, enfermeiros, médicos…

O ataque ao emprego público está pois intimamente ligado ao ataque aos serviços públicos. Também por isso, Sócrates provocou – ante a incapacidade sindical – a divisão entre os trabalhadores do sector público e os do sector privado.

Eles estudam as coisas… nós é que nem sempre!

Victor Franco

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