quarta-feira, fevereiro 22

Preocupações dos trabalhadores sobre a OPA*

Ao nível dos custos financeiros:
A operação de aquisição vai representar um endividamento colossol de Belmiro que irá ser transferido para a PT. A totalidade do empréstimo iria resultar num encargo financeiro adicional, sem amortizações, na ordem de mais 850 milhões de euros/ano que iriam, directamente, para o exterior (Banco Santander de Espanha), totalizando nos próximos 5 anos mais de 4200 milhões de euros.
Ao nível da fusão da fusão da Optimus com a TMN:
Foi anunciada a intenção de fundir a TMN com a Optimus, medida que contraria as tão propalas posições anti-monopólio que o Sr. Belmiro diz defender nas telecomunicações, para fomentar a concorrência e possibilitar melhores produtos, serviços e preços para os clientes. Todavia, esta medida em primeiro lugar aumentaria a concentração (mais de 65% de quota de mercado) e em segundo permitiria facilmente a formação de “cartel” e o aumento dos preços.
Ao nível do pagamento de impostos:
Actualmente, o Grupo PT é um grande contribuinte para o País, através de salários, descontos obrigatórios para os regimes de protecção social, benefícios de reforma e de saúde, impostos, remuneração accionistas (incluindo os pequenos investidores), etc..
A concretização da OPA nos moldes conhecidos, ancorada num financiamento na ordem dos 11 mil milhões de euros de dívida adicional, iria traduzir-se na redução do investimento a níveis incomportáveis para o desenvolvimento das telecomunicações, sector vital para o sucesso da batalha da competitividade da economia, e também numa redução muito significativa do IRC pago ao Estado.
O pagamento dos juros da dívida adicional traduz-se em cerca de 200 milhões de euros/ano (1000 milhões de euros em 5 anos), que os cofres do Estado deixariam de receber.
Ao nível da redução de efectivos:
A Sonae anunciou sinergias de 2 mil milhões de euros (depois corrigiu para mil milhões) resultantes da integração dos negócios móveis; grande parte dessas sinergias resultaria da redução de efectivos estimada entre 800 a 1000 trabalhadores, principalmente na empresa alvo (TMN).
Anunciou também a separação da rede de cobre da rede de cabo, bem como a venda de uma delas. Certamente a de cobre. A destruição de valor, por diminuição de escala (a PTC ficaria isolada com todos os encargos sociais não fundeados na ordem dos 2600 a 2800 milhões de euros em relação aos fundos de pensões e protecção na Saúde) implicaria, a prazo, a perda de milhares de clientes com a consequente redução de efectivos na ordem dos 2500 a 3500 trabalhadores na PTC.
Ao nível das despesas com pensões e cuidados de saúde:
Esta OPA, assente num grande endividamento, iria limitar, seriamente, o cumprimento das responsabilidades com benefícios de reforma e cuidados de saúde. As contribuições anuais de cerca de 300 milhões de euros ficariam em risco. Com o pagamento de juros adicionais de cerca de 850 milhões de euros/ano, o cash flow poderia ser inferior a 300 milhões de euros. Por esse facto, o pagamento das pensões, dos complementos, das prestações de pré-reforma e de suspensão de contrato e ainda as contribuições para a PT-ACS ficariam, a curto prazo, em perigo.

Note-se que ainda estão por provisionar os fundos de pensões, na ordem dos 2600 milhões de euros, a disponibilizar nos próximos anos e associação de cuidados de saúde com uma dívida do Estado superior a 30 milhões de euros.
*Segundo a Comissão de Trabalhadores

Actualizado: Ver notícia do Correio da Manhã
"A compra da Portugal Telecom pela Sonae pode resultar num prejuízo fiscal para o Estado na ordem dos três mil milhões de euros nos próximos 12 anos. Isto porque os encargos financeiros resultantes da dívida contraída pela operação serão tão elevados, que o novo Grupo PT/Sonae terá resultados negativos durante vários anos e, consequentemente, não pagará um cêntimo de IRC."

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