A propósito da democracia participativa escrevi um post em que dizia isto a dado passo:
“[todos] tem o direito a exprimir o seu ponto de vista, defender as suas causas, lutar pelas suas convicções. E não tem de ser no estrito e escrupuloso cumprimento da lei. Às vezes até pode e deve ser contra a lei. Defendo a diferença de opinião, por muito que me custe a outra opinião. Defendo a manifestação, a greve, o protesto, a resistência, por quem ouse utilizar estes instrumentos na sua acção de luta. Quem age desta maneira sabe ou deve saber como os usar. Quem se envolve, pondera, decide, corre riscos, assume responsabilidades. Não se deve lamentar. Na vida há três ponderações prévias antes de qualquer acto: bom senso, bom senso, bom senso. O nosso bom senso. Que vale mais do que se pensa. Que não se queixe pois, quem decide intervir do modo que ache melhor. Mas que não abdique por medo.”
A propósito da publicação de caricaturas do profeta Maomé, os muçulmanos de todo o mundo, insurgiram-se contra aquilo que consideram uma afronta aos seus valores religiosos mais profundos. A reacção dos muçulmanos é compreensível. Queimar bandeiras dinamarquesas, vir para rua protestar, parece-me uma reacção normal. Mas não podem ir muito mais longe do que isto. Incendiar embaixadas, boicotar os produtos dinamarqueses, promover outro tipo de retaliações é manifestamente desproporcionado.
A publicação das caricaturas também não pode ser questionada. A liberdade de expressão é um princípio, tão “sagrado” para muitos europeus e democratas de todo o mundo, como, porventura é Maomé, para os muçulmanos. Estamos perante duas realidades culturais diferentes e devemos conviver com elas. Com bom senso. O fanatismo religioso ou a provocação primária e racista (se a houve) não ajudam nada.
Intolerável e de uma subserviência inaceitáveis foram as atitudes das Nações Unidas e do Conselho da Europa, ao pretenderem que o governo dinamarquês adoptasse sanções contra o jornal que publicou as caricaturas.
O meu relógio trabalha como os outros, mas só tem uma hora -a hora que há-de vir!...
domingo, fevereiro 5
Pela liberdade de expressão
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