quarta-feira, março 1

Quando a música é uma arma e os blogs independentes a única munição

Vivemos numa ditadura comercial. Consumimos a música que a MTV nos impõe e a maioria das rádios segue-lhe os passos. A música de intervenção política ou social que alguns dos “velhinhos” ainda ousam fazer, passaria despercebida, não fosse a existência dos Blogs.

Todos esses meios de comunicação social, ou melhor, de comunicação comercial, quase nos criam a convicção que afinal a situação que se vive em Portugal, mais não passa de mais um mau ciclo económico, daqueles que passam com o decurso do tempo, é só uma questão de esperarmos mais ano, menos ano, quais Alices no País das Maravilhas.

Para quê intervir? Se de um dia para o outro tudo se resolverá, ou seja, deixaremos de ser tão pobres, o desemprego diminuirá, a educação será finalmente educada e a saúde tendencialmente gratuita.

«Gente pobre, com empregos mal remunerados, baixa escolaridade, pele escura. Jovens pelas ruas, desocupados, abandonaram a escola por não verem o porquê de aprender sobre democracia e liberdade se vivem apanhando da polícia e sendo discriminados no mercado de trabalho. Ruas sujas e abandonadas, poucos espaços para o lazer.”: é assim que o jornalista brasileiro Spency Pimentel define os protagonistas do Hip Hop, os únicos que em meu entender nos dias de hoje ousam fazer a música de intervenção política ou social que cria o desassossego, abana as consciências, faz guerra ao conformismo.

Eles andam por aí, são as bandas “underground”, não entram nos circuitos comerciais, por isso poucos conhecem o “Fim da Ditadura” de Valete ou o “Capitalismo” do Xeg. Não fossem os Blogs e jamais poderia estar a escrever estes nomes.

Pelo mesmo motivo que se eu escrever isto – “Olá nina, quero tratar de ti, Dar-te um mundo e o outro tenho tudo aqui, Chega só um pouco perto de mim, Acredita que nunca me senti assim” – a maioria me sabe responder que se tratam dos Da Weasel.

Porém, se eu escrever isto – Desculpa lá, dread, se não nasci no gueto. Desculpa lá, se a pele da minha cara é muito clara para me achares um verdadeiro preto. Não há espiga. Vamos fumar o cachimbo da paz. Eu, tu e um novo rico de fato lilás. Tu roubas-lhe o dinheiro...eu roubo-te a intolerância e o preconceito – poucos me saberão responder que se trata dos mesmos Da Weasel.

Cris
Fica aqui uma música do Valete que descobri por aí. Cliquem e aguardem um pouco.

(Mais uma amiga a colaborar com o "A hora que há-de vir". Bem-vinda Cris. Espero que essa colaboração continue. Este Blogue contigo, o Victor e outros que hão-de vir, cada vez irá ficar melhor.)

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