
Há uns cinco anos, mais ano, menos ano, apareceram para aí uns ideólogos da direita, uns com alguns anos de militância politica na extrema-esquerda, “convertidos”, outros mais novos, com manias de uma superior capacidade intelectual, a dar algumas lições com toda a sua sabedoria arrogante e cheia de certezas, aprendida não sei em que manuais.
São os herdeiros dos grandes valores intocáveis do conservadorismo expressos na trilogia, Deus, Pátria, Família e agora também de George W. Bush. Eles estão por aí nos jornais, televisões e nos blogues na sua cruzada contra as causas “modernas” como a liberalização dos costumes e da moral cristã.
Para eles as novas exigências civilizacionais, neste país ainda tão conservador, contra o atraso e a ancestralidade, como a despenalização do aborto, a paridade entre homens e mulheres, os direitos civis dos homossexuais, a mudança de políticas sobre as drogas ou as lutas pela igualdade, são estratagemas perigosos que visam contaminar a opinião pública e “destruir” os referenciais dos valores da família e dos valores cristãos.
O que eles não querem é que a sociedade se desenvolva, através da participação e da escolha democrática, para manterem o seu domínio, influência e o “controle” sobre as populações. A estas está reservado o papel de apenas irem votar. Até às eleições podem ficar descansados "eles" tratam dos seus problemas.
Hoje uma cultura moderna desafia a laicização do Estado, uma sociedade inclusiva, uma melhor redistribuição, como forma de justiça social. Esta é uma grande transformação cultural e social que apela a todas as forças a romperem com o conservadorismo retrógrado.
Só uma esquerda moderna - entre um Partido Socialista prisioneiro de uma agenda de governação neo-liberal e um Partido Comunista, fechado e rígido na sua estrutura e hierarquia, e com ambição de controlo e domínio de sindicatos e movimentos associativos, numa lógica de lutas selectivas, conforme o seu calendário partidário– em que a ideia de socialismo se afirme por uma visão do mundo, onde a intervenção e participação dos cidadãos, não se reduza à condição de consumidores e produtores, mas interfira na ideia feita de subaternização, do domínio e da representação às elites que decidem por eles, pode convocar uma democracia exigente, sobre todas as escolhas sociais fundamentais e reclamar a responsabilidade individual na opções privadas de vida.
Só este caminho que rejeita a ideia do controlismo partidário -que está provado enfraquece o movimento popular e só é convocado, para servir de carne para canhão e o rompimento com o centrão politico da governação neo-liberal- se pode interpelar todas as pessoas e forças de esquerda a novas referências em contraponto à politica tradicional dos partidos tradicionais, é o capaz de mobilizar a convergência da esquerda social e política, enquanto espaço plural e democrático para uma nova cultura de esquerda de combate e de exigência cívica.
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