Hoje o Cavaco é presidente
De toda a gente?
De toda a gente?
Meu não!
Um dia acordo, calço os ténis e em peregrinação
Subo ao edifício mais alto que encontrar.
E do alto da cidade solto um monumental:
Foda-se!
Que se foda este país preso ao passado e de futuro adiado
Este país de gente cinzenta. Dormente. Adormecida.
Confortáveis no marasmo, na mediocridade e na rotina.
Este país de gente de boas maneiras. Boas intenções.
Ordeiro. Cordeiro.
Preconceitos. Glórias passadas. Tradições.
Este país agarrado ao mito de um fedelho
Que se perdeu no nevoeiro.
Agarrado a caravelas e que há muito perdeu as velas
E a força. E a vontade
E até a voz.
Que se foda D. Sebastião
Ele não volta não
A este país embalado pela saudade e que fez dela fado.
Orgulho redondo. Bandeira desfraldada.
Hora do futebol.
Ah! Um dia calço os ténis parto em peregrinação
E subo a pé o edifício mais alto da cidade.
E depois de acrescentar um quarto efe ao país
Viro-lhe o cu e vou para outras paragens!
Encandescente
Foto: Geoffroy Demarquet
Sem comentários:
Enviar um comentário