domingo, março 5

A Índia, o Irão e a guerra


Os EUA assinaram com a Índia um acordo de cooperação para a energia nuclear. Um acordo histórico, disseram George Bush e Manmohan Singh. E têm razão, a Índia foi integrada na ordem imperialista mundial.

Já eram muitas as transnacionais com origem nos EUA que produziam na Índia, explorando, muitas vezes, mão-de-obra infantil, salários de miséria e horários de 12 e 14 horas/dia. Já eram muitos os cérebros indianos que emigravam para os EUA. Já era conhecida a deslocalização da produção para a Índia feita através das modernas redes de comunicações e de teletrabalho.

Mas faltavam dois pontinhos finais. Um, é a parceria militar ao mais alto nível – o da tecnologia nuclear. Outro é o convite para a Índia integrar o consórcio de grandes potências que vai construir o primeiro reactor de fusão nuclear do mundo – a energia do futuro.

Bush não se preocupa que a Índia não tenha aderido ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear, que tenha desenvolvido e realizado testes nucleares… não, isso não tem importância para um país com um exército que trabalha “em parceria” com os EUA, para um país onde os EUA têm altos interesses económicos. Ora, como é bom de ver, não se está a ver os EUA deitarem bombas em cima das fábricas americanas…

No Irão é diferente. O exército iraniano não trabalha em parceria com o americano e o seu petróleo não é explorado por empresas americanas. Outras áreas da economia iraniana não parecem ter o dinamismo de uma presença norte-americana. Ora, como é bom de ver, já se está a ver que os EUA podem deitar bombas em cima das fábricas iranianas, do povo iraniano, da terra iraniana…

Ainda por cima o Irão quer abrir, em Março, uma bolsa de comércio internacional de petróleo a funcionar em euros!

Ah é verdade, o Irão quer produzir energia nuclear – não pode ser. E bombas nucleares – mas que malandros! Em nome da paz mundial os EUA não deixam.

E o petróleo faz tanta falta!

Victor Franco


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