O debate da paridade tem sido "delicioso". Nuno Melo, líder parlamentar do CDS, tem-se destacado por afirmações interessantes. O dito líder defende "o reconhecimento na base do mérito". O que, tendo o CDS uma única deputada, só pode significar duas coisas: O CDS não reconhece mérito às mulheres, ou, as mulheres de mérito não querem nada com o CDS.
Mas porque é que as mulheres têm que provar ter mérito e os homens não? Qual terá sido a prova de mérito que fez Nuno Melo? E qual terá sido a prova de mérito de Teresa Caeiro, a única deputada do CDS? E quem serão os juízes desse mérito? E quais os critérios de avaliação de mérito? Eu cá, julgava, que os méritos e deméritos dos políticos eram julgados pelos eleitores!
Mas o mais estranho neste debate é que na defesa de posições conservadoras está gente de esquerda e de direita. Ouvir, sem se notar a diferença, argumentos contra a paridade vindos de Heloísa Apolónia, Zita Seabra ou Regina Bastos é espantoso. E eu a pensar que o conservadorismo era uma característica da direita.
Também espantoso é o argumento usado por Odete Santos em pleno debate parlamentar, acusando o PS de querer pôr mulheres burguesas no parlamento. Um amigo meu diria "a minha alma está parva". Mas porque é que o PCP não põe mulheres trabalhadoras no parlamento? E porque só tem duas deputadas, e sempre as mesmas? A esquerda moderna tem uma grande diferença cultural.
A defesa da paridade não pode esquecer a defesa do sistema eleitoral proporcional - essa é a única garantia de que a paridade existirá na realidade. A implantação de um sistema eleitoral uninominal destruiria a paridade - como se vê em todos os países onde foi aplicado.
Victor Franco
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