quinta-feira, março 2

Cuidado com as crianças*

Se tem uma criança com 36 meses ou menos e como todas as crianças, é "birrenta ou desobediente", ou apresenta alguns traços no seu carácter, como "falta de docilidade, impulsividade, alguma agressividade", então tenha muita cuidado, mesmo muito cuidado. O seu filho, pode ser um potencial deliquente, um provável criminoso. Atenção! Se ele grita ou se zanga, se manipula ou é mais agressivo, você pode estar a criar um monstro.

O ministro da segurança francesa, Sarkozy, depois dos últimos incidentes com as crianças em França, previne-se antes que o mal se repita. É de pequenino que se torçe o pepino, lá diz o ditado. E então para prevenir comportamentos de delinquência na adolescência, trata de criar um "caderno comportamental", destinado a seguir a evolução das crianças no seu processo de crescimento. E para que não aja dúvidas de onde vem o perigo principal convém que fique registado a "origem étnica".

Este rastreio não se limita a acompanhar o comportamento desde o infantário. Pretende, "prever" onde estão os futuros criminosos. Ele não se limita a analisar comportamentos desviantes do paradigma normal, rotula as crianças de potenciais criminosas. Tudo "em nome da da segurança e manutenção da ordem pública". Segundo a petição que corre em França, sob um vernis científico, o objectivo desta medida é justificar o reforço das medidas securitárias que Sarkozy pretende adoptar nas próximas semanas.

Os peticionários rejeitam e receiam a tentativa de "medicalização ou psiquiatrização de qualquer sinal de mal-estar", manifestado pelas crianças e a prática sistemática de cuidados médicos para fins de normalização e de controle social.

Conforme referem especialistas na matéria, como pediatras, pedopsiquiatras, cientista médicos, ninguém pode dizer que uma criança que apresenta problemas de comportamento aos três anos, será um delinquente aos quinze anos.

Bem, traquina como sempre fui, eu estaria, certamente, na lista negra dos potenciais e perigosos delinquentes. Não queria estar na pele dessas crianças e dos pais.

Acompanhar as crianças no seu desenvolvimento, social e harmonioso, tem de ser outra coisa, necessáriamente.

*segundo uma notícia do Público de hoje.

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