quarta-feira, maio 10

Sabes, amigo!


Tenho como fundo uma canção maravilhosa, muito doce, do nosso tempo. Do outro tempo. Daquele tempo, em que pensávamos que poderíamos dar a volta ao tempo, como se de ponteiros de relógio se tratasse. Hoje, gerimos o tempo, damos-lhe importância e apesar de uma dose de ingenuidade, temos consciência de que o tempo passa e já nem nos passa pela cabeça, dar-lhe a tal volta! Mesmo com o tempo a passar, eu adoro a palavra tempo. O tempo é o tudo e o nada. O ter e o não ter. É onde tudo se dilui. É nele que vivemos. É onde nos situamos. E, sendo o tempo a possuir-nos, tão de mansinho, levando-nos através dum tempo sem idade, confiamos nele, sempre, com uma réstia de esperança…

Sou uma amante do tempo. Do tempo com vida, por onde eu e tu passamos, onde nos encontramos com os outros, que como nós são passageiros do tempo. Sabes, um dos meus sofrimentos, é sentir que o tempo não tem tempo para correr devagarinho. Eu sei que, como eu, gostarias que o tempo parasse um pouco. Talvez tivéssemos mais tempo… Talvez parássemos um pouco para pensar… Talvez nos encontrássemos mais… Talvez amássemos mais e melhor… Talvez olhássemos mais os outros… Talvez fizéssemos o que não fazemos…

Sabes, amigo, o tempo corre no seu ritmo natural. Sem pressas. Nós é que temos pressa de correr pelo tempo e passamos o tempo a jogar o esconde-esconde entre as desculpas e as hipóteses dos vários “talvez”…

Deixo-te este desabafo, feito num momento, em que escrever seria a continuidade do tempo, no resto da tarde…

Deixo-te ainda, um beijo terno.

Adelaide Graça

Este texto poético faz parte do livro "Quando tudo parece parar".
É o seu comentário ao meu post anterior, disse-me ela. Obrigado, amiga.


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