Luandino Vieira, disse não. É um não, querendo mesmo dizer… não!
É um não mesmo. Foi um não bem sonoro, embora dito muito baixinho. Com respeito. Quase pedindo desculpa. Mas um não incomodativo. Foi um não, sublime. Um não, digno. Um não, que não se usa. Um não, grandioso.
Luandino Vieira, não quis receber o galardão do maior prémio da literatura lusófona, o Prémio Camões. Luandino Vieira, não quis receber, os 100 mil euros do prémio.
Rendo-lhe a minha homenagem. Por dizer não. E por dizer não… porque sim.
Luandino, se calhar não existe. Fisicamente, sim, está aqui próximo,
Luandino, tem um mundo. Um mundo que não é o nosso. Um mundo que só deve ser habitado por pessoas muita boas. Como ele.
Luandino disse não! Quando é difícil dizer não. Disse-o, singelamente, como poucos o diriam. Discretamente.
Luandino merece este reconhecimento. Não o fiz quando ganhou o prémio. Faço-o agora que teve a nobreza de o recusar porque sim. A minha sincera homenagem.
Gostava de conhecer Luandino. Gostava que houvessem muitos Luandinos.
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