terça-feira, maio 23

O acesso à Internet

A Portugal Telecom anunciou ontem, o aumento da velocidade do acesso à Internet em banda larga, de dois para quatro mega bits por segundo. Há poucos anos, a velocidade oferecida, era de 512 Kbits. Estamos perante, um aumento de velocidade quatro vezes superior à primeira oferta. Esta alteração da velocidade e também algumas mexidas nos limites de tráfego são positivas, sem dúvida, tendo, em conta, especialmente, que os preços se mantiveram inalterados.

Os outros concorrentes da PT há muito que anunciaram a oferta de velocidades superiores e também preços mais baixos. O presidente da PT, Henrique Granadeiro, tem razão, quando afirma, que os concorrentes da PT, “dizem que vão fazer e depois não fazem. Nós primeiro fazemos e só depois anunciamos.”. Tem razão. Não tem razão é noutros aspectos.


Na verdade, não passa um dia, em que não ouçamos, principalmente, pela Clix, de Belmiro de Azevedo, anunciar velocidades e preços espantosos e depois, ou a oferta não está disponível, (são conhecidos casos de inscrições à largos meses) e nos poucos sítios onde o serviço existe, é uma logro.

Apesar de positiva esta medida da PT, também não deixa de constituir uma manobra de propaganda e em alguns casos de uma falácia. Esta oferta da PT é para os clientes residenciais com ligações, através do Sapo ADSL e Netcabo, segundo a notícia do DN de hoje.

Um estudo da Anacom, em Janeiro deste ano, concluiu que as medidas da velocidade do tráfego efectuadas, não atingem as velocidades máximas anunciadas e prometidas.

No ADSL, isto acontece porque a transmissão se faz através de um suporte fixo, a linha telefónica, e esta não consegue assegurar um comportamento linear devidas às condições técnicas da linha telefónica que não sendo impeditivas para o uso da telefone são fatais para a Internet.

Outros aspectos a ter em conta são:

1) a distância entre, onde está instalado o ADSL, até ao ponto de acesso de todos as ligações (as instalações da PT). Quanto maior for essa distância pior velocidade se consegue obter;

2) a largura de banda disponível, entre pontos de acesso diferentes, por exemplo entre Viana e Braga; (a soma individual dos acessos, não é igual à largura de banda existente, entre estes dois pontos, o que é justificável do ponto de vista da gestão financeira. Os utilizadores, não usam a Internet em simultâneo.

3) assim a disponibilidade da taxa de ocupação simultânea, é um aspecto muito importante ao diferenciar as propostas dos operadores com reflexos na qualidade das ligações. Em períodos de maior utilização, haverá mesmo congestionamento, a quem estiver ligado a operadores com menos largura de banda, nestas interligações;

4) O estado das condições físicas da linha telefónica (a secção dos condutores, os fracos isolamentos, entre condutores ou à terra, são muito condicionadores da velocidade e da flutuação do sinal.

No caso da Netcabo, o problema principal, reside na largura de banda ser partilhada, por pequenos concentradores, por zonas geográficas e por isso está mais dependente do uso mais ou menos intensivo, de cada um dos clientes ligados.

Assim e para arrefecer alguns ânimos, convém desde já que fique claro, que se um Cliente, hoje, não consegue atingir velocidades ao nível da velocidade contratada, devido, à distância da sua linha telefónica, ao ponto de acesso da PT, não irá ter, por este aumento, maior velocidade, qualquer que seja a largura de banda que se divulgue como disponível. Do mesmo modo, se não for aumentada a largura de banda, para o caso das interligações entre pontos de acesso, dificilmente vão notar diferenças.

Queria, neste post, abordar um outro aspecto, ligado com o preços das ligações e dos equipamentos, mas dada a extensão deste, já não o vou abordar. Deixo apenas as ideias que pretendia desenvolver:

1) O serviço do acesso à Internet, em banda larga, deveria ser considerado um serviço público e os preços de acesso, deveriam ser simbólicos ou gratuitos, para permitir o uso amplo desta tecnologia;

2) Os computadores, tal como acontece com os packs de telemóveis, deveriam ser subsidiados com preços, associados, PC + Internet, a um custo insignificante.

A Sapo tem uma oferta deste tipo, mas, nem os preços altos do serviço ADSL, nem a oferta de equipamentos são tentadores.


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