Os graves incidentes em Timor poderão não significar uma guerra civil, mas significarão um conflito sério sobre o qual incidem as maiores perplexidades.
Timor vive um momento delicado e está a fechar acordos internacionais para a exploração de petróleo. Há grupos económicos preteridos, entre os quais a GALP. Até que ponto os preteridos estarão a influenciar a actual perturbação?
Xanana Gusmão, Comandante Supremo das Forças Armadas, chamou a si «todo o controlo da segurança do país». Facto que desagradou ao primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri. Alkatiri, que tinha acabado de vencer um congresso onde as eleições se fizeram de braço no ar, parece ter sido desautorizado, pede apoio militar a vários países estrangeiros.
A Austrália, que demorou anos a reconhecer os direitos petrolíferos de Timor, demorou horas a desembarcar no aeroporto de Díli. "Pura vontade de ajudar"!
Adelino Gomes, num texto publicado no Público de 24 de Maio, lança algumas interrogações pertinentes. Depois de criticar a atitude sobranceira da ONU sobre os próprios timorenses reforça a importância do diálogo e faz notar que o governo não informou os partidos, que Xanana Gusmão "ainda não sentiu necessidade de convocar o Conselho de Estado", que os bispos não sentem necessidade de "apaziguarem o povo".
No conflito timorense sobram vontades de disparo e faltam vontades de diálogo. É neste conflito interno que o governo português decide, com o apoio de CDS, PSD, PS e PCP, enviar uma força militar ou militarizada para Timor. Sem sequer o ministro dos Negócios Estrangeiros passar primeiro pelo parlamento para explicar "qualquer coisinha".
A mediação política é a condição fundamental para o não agravamento do conflito - respeitando as opções do povo timorense.
Victor Franco
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