quarta-feira, julho 26

A ética de Manuel Alegre

Há pessoas que pelo seu discurso, pelo seu passado de resistente antifascista, pelo seu percurso mais recente, transportam grandes responsabilidades éticas e modelares.

Alegre em toda a vida foi um político. Também publicou alguns livros.

Como político, durante uns meses, foi nomeado, coordenador da RDP.

Por pouco tempo. Apenas uns meses.
Depois em 75 foi eleito deputado, até hoje.

Nunca mais trabalhou na rádio. Em mais de trinta anos, nunca mais lá pôs os pés.

Mas sem ninguém saber, manteve o vínculo à RDP e fazia os descontos.
Não trabalhava mas fazia os descontos...

Agora vai receber uma pensão vitalícia de 3 219,95 euros de reforma da rádio.

Alegre, não cometeu nenhuma ilegalidade técnica, digamos assim.
Mas como homem, mostrou ser uma pessoa sem carácter.

Alegre, nas últimas eleições valeu mais de um milhão de votos. Alegre nem o seu voto merecia.

Alegre, na sua biografia na AR escondeu este seu passado. Alegre o campeão da ética republicana, da defesa dos direitos cívicos, mostrou aquilo que para mim, já se tinha tornado uma evidência. Alegre é um homem sem princípios, um oportunista, um carreirista que estava espera do lugar ao sol.

Agora, como outros e porque ainda exerce actividade paga, como deputado, optou, por um terço da reforma e o vencimento de deputado. Daqui a uns anos, terá uma reforma milionária, com a subvenção vitalícia de deputado. Mais um a juntar a tantos outros.

Alegre diz que se não é avisado nem se lembrava. Alegre toma-nos por parvos. Como é possível? Então para que é que andava a fazer os descontos? Então porque manteve o vínculo?

Estes casos são escandalosos.

Mas só o são, porque nos últimos tempos o poder político e o poder económico não falam de outra coisa que não sejam os privilégios injustificados dos trabalhadores e por isso lhe têm retirado direitos.

Menos reforma, menos direitos sociais, mais tempo de trabalho, mais dificuldades.

O povo português que se cuide.


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