Esta é uma medida de retaliação contra os jornalistas que não abdicando de exercer o seu trabalho vestidos de forma informal, têm sido impedidos de exercer as sua funções e obrigados a abandonar a assembleia regional.
Jardim diz que esta é uma "atitude premeditada e corresponde a um posicionamento ideológico snobe e inculto, ou de desleixo cívico".
Nós somos um país de pelintras armados em pessoas importantes. Somos um país de engravatados. E da pose.
O casaco e gravata fazem parte da indumentária nacional. Não há patego, armado em importante que não use casaco e gravata. São vendedores, empregados bancários, de escritório ou de balcão. Podem ter uns sapatos rotos nas solas ou por engraxar, uma camisa desbotada, ou mal amanhada, uma gravata esquisita, ou uma barriga proeminente, não importa. O que importa é o casaco e a gravata.
Os mais importantes, os endinheirados, os doutores, os deputados ou ministros, esses são mais cuidadosos. Vão ao ginásio tratar do físico, vestem os fatos de estilistas, as gravatas mais caras, cuidam do aperto do laço e não se esquecem de apertar os primeiros botões do casaco, quando se expõem publicamente. Para a fotografia.
Uns fazem-no por obrigação "profissional". Outros por obrigação "institucional". Outros, parece, vão ter de fazer por determinação oficial, na república das bananas da madeira, do Sr. Jardim.
Espero que estas determinações não cheguem ao Continente. Seria um absurdo. Eu ando e visto-me como quero. E nos períodos mais quentes do verão, vou de t-shirt e sapatilhas para a Assembleia Municipal. Vou completamente à vontade, mas "composto", segundo os meus parámetros.
Será que usar o cabelo comprido, uma pequena barba ou um brinquinho, poderá ser considerado “uma atitude de desrespeito propositado”? Será que ir de sapatilhas, calças de ganga, t-shirt ou camisa de mangas curtas é uma provocação ou deve ser considerado, um acto de liberdade individual?
Não faço isto para chocar ou provocar, quem quer que seja. Faço-o porque gosto e faço-o com o cuidado e a compostura para não chocar ninguém. Se alguns se sentem "chocados" é um problema delas. Não o faço premeditadamente, mas também não me visto de modo diferente, só para agradar, a certas mentalidades emperdenidas. O que não podem, não devem é obrigar a um padrão de conduta único.
Estas são as pequenas réstias das nossas individualidades e apenas o bom senso deve imperar. Tudo contra regulamentações absurdas.
Pela parte que me toca, preferia abandonar todos os postos que ocupo, a obedecer a regras e modelos padronizados e que interfiram com as minhas liberdades.
Um país que se preocupa com estas merdisses é um país pequenino.
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