domingo, julho 30

Os subsídios e a corrupção

O governo do PS contratualizou com cinco vidreiras subsídios de 226 milhões de euros. A Santosa Barosa, Saint Gobain Glass, Crisal, Barbosa e Almeida, e Ricardo Gallo recebem grossas maquias para modernização e melhoramento da competitividade.


As estórias dos subsídios às vidreiras são cenas de uma história em permanente construção.


Conheci o caso da Jorgen Mortensen. Esta vidreira concorreu a subsídios do então Programa de Reestruturação da Cristalaria, apresentou duas candidaturas e recebeu mais de 400 mil contos comprometendo-se a recrutar 200 novos trabalhadores (tinha 120) e a comprar dois novos fornos.

Os fornos vieram mas, dizem – nunca terão chegado a funcionar.

Os 200 novos trabalhadores nunca entraram e passado pouco tempo a empresa meteu um processo de lay-off e depois procedeu a despedimentos.

Mais tarde acabou por fechar despedindo todos os trabalhadores. Alguns até tinham emprestado dinheiro à empresa, dinheiro que tinham recebido de indemnizações de anteriores despedimentos.


O Bloco – com fotocópias de documentos comprovativos - denunciou a situação. Levantou-se uma grande celeuma na Marinha Grande mas o caso, que se saiba, ficou esquecido.


Agora, a empresa Dâmaso enfrenta enormes dificuldades.

Boa produtividade, encomendas em carteira, sofre do mal de uma anterior administração acusada de corrupção que descapitalizou a empresa e praticou gestão danosa.


Os trabalhadores dizem que se compraram grandes carros, embora a alguns mal se tenha visto a cor.

Despesas sumptuárias e privilégios vários fizeram dos senhores administradores “gente muito importante”. Agora descobre-se que a administração recebeu dinheiro para uma ETAR que nunca chegou a nascer.


A actual administração da Dâmaso está a fazer um enorme esforço de recuperação da empresa e dos salários dos trabalhadores – justiça lhe seja feita. Mas o governo PS não se lembrou da Dâmaso – apesar de lá ter requerimentos do BE que o façam lembrar.


Posto isto só posso elogiar João Cravinho. Talvez também por tudo isto ele tenha estado sozinho na conferência de imprensa em que apresentou três projectos-lei contra a corrupção.


Há momentos em que as ausências dizem muito.


Victor Franco

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