terça-feira, agosto 29

Carlos Sousa ainda.

A propósito, da substituição de Carlos Sousa da Câmara de Setúbal, bem cedo, exprimi a minha posição aqui, “ainda” o PCP examinava o assunto. Tive, logo, uma posição muito clara. Estava contra. Não podia concordar com uma substituição, à revelia do próprio ou dos eleitores. Do próprio, porque um partido não é “dono” dos seus militantes. Dos eleitores, porque esta eleição não se confina ao voto dos eleitores do PCP.

Um partido pode e deve fazer análise, em conjunto, ao trabalho autárquico dos seus militantes. Um partido pode ter opiniões diferentes, acerca da prestação dos eleitos. Pode discordar, leve ou profundamente, da sua actividade.
Não deve é pressionar a sua substituição em público ou em privado, em especial tratando-se de um presidente da Câmara, eleito, pelos munícipes.

Um partido pode retirar a confiança política, pode afirmar a sua desaprovação sobre a governação da Câmara, em qualquer sítio.
Não deve é substituir-se ao próprio e pressionar a uma decisão que só a ele cabe.

Um partido pode concordar ou não, mas não pode substituir-se ao próprio nem aos eleitores, mesmo tendo sido eleito em listas partidárias. O partido deve tratar das questões internamente com os seus militantes. Pode suspender, expulsar, retirar a confiança, promover um processo interno se achar caso disso.
Não deve é misturar as questões do partido com as da soberania dos cidadãos.

O Presidente da Câmara é o presidente dos munícipes de um concelho. É a eles, e em particular a quem o elegeu que deve prestar contas da sua actividade, assim como aos órgãos de fiscalização autárquica, como a assembleia municipal. As suas contas. Ao partido cabe tudo, menos, “promover” a sua substituição por questões tácticas ou estratégicas, sem a concordância do mesmo e à revelia da avaliação dos eleitores.
Isso é uma “fraude” aos eleitores.

Pior do que a atitude do PCP só a atitude do próprio Carlos Sousa ao aceitar a sua substituição com o argumento de “renovar energias, rejuvenescer e reforçar a equipa, para melhor enfrentar os desafios”. Carlos Sousa esteve-se nas tintas para os seus eleitores; deu precedência à estratégia do partido, conformou-se, desistiu, teve medo. Mostrou ser um fraco. Mostrou que não merecia a confiança dos seus eleitores. Foi pior a emenda (deixar-se substituir) do que o soneto (a pressão para se demitir).

Reitero o que disse neste outro post. “A demissão [a acontecer] só a entendo por dois motivos: Não resistir às pressões partidárias. Abandonar o barco traindo as suas próprias convicções. Haveria uma terceira legítima mas que no caso me parece desajustada e que seria o próprio reconhecer uma prestação negativa do seu trabalho à frente da autarquia, mas nesse quadro, a sua saída é a destempo.”

Com isto, não quero dizer que o Presidente ou qualquer outro eleito, não possa “deixar-se” substituir ou ser o próprio pedir a sua substituição. Pode, claro. Mas não sendo por razões pessoais, deve assumir que não estava a desempenhar bem o seu papel. Não foi isso que aconteceu. O partido também não estava ainda em condições de fazer um balanço que conduzisse a uma substituição, em particular, depois de uma recandidatura e de uma reeleição, há dez meses. Mas essa é outra questão.

1 comentário:

Anónimo disse...

Isto e a pura ESCOLA do Estaline. Ou entaotava tudo maliiiiiiiiiiiiiiii