quarta-feira, agosto 23

A demissão de Carlos Sousa

Carlos Sousa, presidente da Câmara de Setúbal, vai pedir a demissão do lugar. Esta informação foi prestada à saída de uma reunião da concelhia do PCP de Setúbal. As razões para o pedido de demissão, segundo o próprio vão ser dadas amanhã.

Cá por mim não tenho dúvidas. Carlos Sousa, face ao pedido do IGAT ao tribunal administrativo para demissão do executivo, perante algumas eventuais ilegalidades e a pressão dos orgãos do partido, preferiu ceder a fazer finca-pé contra o partido e a aguardar uma possível decisão dos tribunais, no sentido da dissolução do executivo da Câmara.

Faz mal em minha opinião, Carlos Sousa.

As decisões que tomou e foram consideradas ilegais, foram sempre, defendidas pelo próprio, pelos vereadores da CDU e pelos orgãos do partido como sendo no âmbito das suas competências e dentro do quadro legal. Assim, deveria defender até ao fim, essas posições, no seu lugar. Se agora, eventualmente, admite irregularidades, vai tarde, como vai tarde a sua "substituição".
O PCP, é público, sempre defendeu as medidas tomadas pelos seus militantes nos orgãos executivos, nas questões complexas das aposentações compulsivas e na gestão financeira da Câmara.

Por fim quem comunica a sua substituição é o PCP. Está mal, outra vez. A substituição ou a demissão do lugar é um acto individual. Não é um acto imposto pelo partido. O eleito ao ser eleito, assumiu um compromisso com a população. E é perante a população que tem de se justificar, primeiro. Com o partido há lealdade e compromissos de cumprimento do programa eleitoral.
Nunca ouvi criticas do partido perante a gravidade das acusações à Câmara, bem pelo contrário.


A demissão só a entendo por dois motivos:
Não resistir às pressões partidárias.
Abandonar o barco traindo as suas próprias convicções.
Haveria uma terceira legitima mas que no caso me parece desajustada e que seria o próprio reconhecer uma prestação negativa do seu trabalho à frente da autarquia, mas nesse quadro, a sua saida é a destempo.

Não retiro uma virgula do que disse no anterior post e nos comentários em resposta a outros:
O eleito não pode aceitar um pedido de substituição, com base na avaliação do trabalho negativo por parte de uma estrutura partidária, mesmo sendo a sua. A avaliação deve ser do próprio. Ele a partir do momento em que é eleito (e não é eleito, por militantes e simpatizantes do partido pelo qual foi candidato), pelos munícipes, responde por ele próprio e perante todos.

Por isso, só por uma alegada má avaliação do seu trabalho ou por motivos pessoais, poderia ser a sua justificação para a demissão. Não sai bem, neste quadro em que há muito "barulho" ao redor.

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