segunda-feira, agosto 21

Usar e deitar fora

A direcção regional e a direcção nacional do PCP querem "substituir" o actual presidente da Câmara de Setubal, devido a uma "avaliação negativa do seu trabalho".

Isto parece qualquer coisa de surreal.
As pessoas são eleitas pelos munícipes não são eleitas pelos partidos. Por isso só poderão ser "demitidas" pelos eleitores ou por entidades competentes no caso de ilegalidades. Um partido, não é dono de ninguém.
Se não estão contentes com o trabalho do eleito, internamente, devem resolver o problema com o militante em questão ou em alternativa, retirar-lhe-iam a confiança política, se o caso fosse grave.

Vir para a rua, pôr em causa o trabalho de um seu militante "sugerindo" a seu afastamento a pretexto de uma avaliação negativa é desonesto. A razão é outra e não me recordo de o PCP criticar Carlos Sousa por isso, pelo contrário, defendeu-o, negando os acontecimentos.


O PCP sabe que há um processo na Inspecção-Geral da Administração do Território (IGAT) que recomenda a dissolução da Câmara Municipal de Setúbal e a perda de mandato dos vereadores, incluindo do presidente, Carlos de Sousa. E antes que isso aconteça quer livrar-se de um seu militante, empurrando-o pela porta fora. Insisto. É desonesto.

O Carlos Sousa é um militante de longa data. Nos últimos tempos, manifestou divergências com a linha oficial do PCP. Apesar disso foi, escolhido pelos seus camaradas de partido, para cabeça de lista e foi eleito nos últimos dois mandatos, presidente da Câmara. Agora fazem uma avaliação negativa. Tudo bem. O processo é que está mal.

No lugar dele, não me demitiria. Preferia ser demitido pelo IGAT. Ou se eu próprio fizesse uma avaliação negativa do meu trabalho. Nunca sob pressão partidária.

Mas o motivo, real, terá a ver com um "eventual" acordo do executivo da Câmara com os trabalhadores mais antigos, para através de um subterfúgio, fomentar reformas (antecipadas) compulsivas, antes da alteração da fórmula de calculo das aposentações para que os trabalhadores não ficassem prejudicados por uma questão de dias ou meses.


Por isso até merece a minha compreensão. As alterações do governo, foram um "golpe" muito forte nos orçamentos familiares. Provavelmente faria o mesmo que Carlos Sousa.

A Câmara Municipal não é um orgão do partido!

Sem comentários: