domingo, junho 4

O veto de Cavaco à lei da paridade

Realmente vivemos num país atrasado. Até a burguesia e os seus representantes são uns atrasados, aliás, sempre foram uns atrasados. Em vez do desenvolvimento escolheram a rapina de África, em vez da democracia burguesa escolheram a ditadura, em vez da modernidade sempre escolheram o conservadorismo. Nem para capitalistas têm prestado.

Está difícil vencer o conservadorismo. A incorporação da mulher no mercado de trabalho ajudou um pouco à sua independência, mas persistem os mais baixos salários e a mais alta precariedade. São as primeiras a ser despedidas e as últimas a ser admitidas.

O direito de voto veio tarde, a liberdade pessoal ainda mais tarde. A moral ditada por um capitalismo patriarcal ainda se faz sentir. Se um homem “come”várias mulheres é um engatatão, um herói. Se uma mulher “come” vários homens é uma puta. E assim sucessivamente.

O direito à decisão sobre o seu próprio corpo é coisa de difícil conquista. A despenalização do aborto continua uma luta com vitória ainda por garantir.

Até com a paridade os conservadores embirram. O conservadorismo não perdoa – então no que diz respeito aos direitos das mulheres todas as tentativas de modernidade e conquista social são ainda mais difíceis.

O veto político – não foi veto constitucional – de Cavaco veio dar mais uma força aos conservadores. Aí está o primeiro resultado da vitória da direita nas presidenciais. Pelos vistos Cavaco não quer que as listas tenham obrigatoriamente paridade. Talvez Cavaco aceite que a lei exija paridade, mas que a própria lei aceite que ela própria – a lei – seja violada, pagando-se uma multa. Se assim for a violação do direito da paridade será tratada como uma contra-ordenação. E o PS parece que vai nisso!

Victor Franco

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