sexta-feira, junho 9

O Mundial e os imigrantes/emigrantes

Começa hoje o Mundial de Futebol. Fico a torcer por Portugal. Não vou contudo andar de bandeirinha na mão, ou no carro. Não vou comprar camisola ou andar de “cascol.” Mesmo que venham “embrulhados” e oferecidos em alguns jornais ou outras publicações das que costume comprar.

Vou vibrar com a selecção. Esperar que ganhe. Os portugueses, estão sedentos de algo que os anime. Uma boa campanha, talvez, sirva para trazer algum ânimo e conforto aos portugueses. Bem precisam. Ao menos, ganharemos em alguma coisa, porque “isto” tem sido só a perder...

Sou a favor, como sabem de uma política de imigração inclusiva e responsável. Acho que os imigrantes que produzem riqueza para este país, os que trabalham ou querem trabalhar, os “imigrantes” que são portugueses de nacionalidade, não reconhecidos, os que trabalham legal ou ilegalmente, os que são atirados para a marginalidade, merecem um tratamento digno. Tal, como genericamente, tiveram os nossos emigrantes espalhados pelo mundo. Problemas de marginalidade, de integração, de conciliação de culturas, não são fácil de resolver. Tem de ser feito esse esforço.

Eu quando vejo, imigrantes, a torcer a sério por Portugal, sinto uma grande satisfação, sinto que estão a dar bofetadas de luva branca, a políticas racistas e xenófobas.
Quando os ouço gritar, "Portugal, Portugal" acredito na sinceridade daquele grito. Não acredito nos "Portugal, Portugal", dos cabeças rapadas, dos neonazis.

Quero dizer-vos que sou um apreciador do Deco. Um grande jogador. Um talento. Uma pessoa que transmite serenidade e confiança a falar e a jogar. Também, uma pessoa humilde, entre algumas vedetas.
Sabemos que Deco não teve grandes problemas de naturalização. Como acontece com a generalidade dos jogadores de futebol.
Não tenho nada contra. Apenas lamento que estes processos céleres não aconteçam com outros imigrantes.

Dito isto, quero dizer-vos que gostava de uma selecção nacional de jogadores portugueses.
Nascidos em Portugal ou que adoptaram o país como o seu país. E se naturalizaram. Ou se querem naturalizar ou legalizar.
Não gosto de coisas naturalizações “forçadas” só para melhorar a nossa prestação desportiva.

Deco é agora português. Mas não sei se é o seu país.
Em tempos quiseram, “naturalizar” à pressa outros jogadores que sobressairiam, nos seus clubes. Jogadores de “passagem” à espera de outras visibilidades.
Não me parece, mesmo assim, que seja o caso de Deco.
Queria ser português e queria jogar por Portugal, embora a porta da selecção do Brasil, lhe estivesse ainda aberta.

Pelos nossos emigrantes em especial, gostava que a selecção nacional, fizesse uma excelente campanha!

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