A Portugal Telecom apresentou uma proposta à Anacom, para que o valor da assinatura telefónica seja convertida em minutos de comunicações. Esta medida é positiva e há muito que é reclamada por muitos clientes.
Esta proposta já mereceu a discordância pública da Tele 2. Devem seguir-se a Novis de Belmiro e a Oni da EDP. Eles ou não concordam com a proposta da PT ou no mínimo querem que a oferta seja extensível aos outros “operadores”.
Era mais uma originalidade. Nada impede que os novos operadores ofereçam a assinatura, convertida em minutos, como a PT pretende fazer. O que não devem é esperar que a PT lhes ofereça a linha, gratuitamente, para beneficio dos seus clientes.
Nós sabemos que esta liberalização das telecomunicações foi e é uma chuchadeira. Mais de uma dúzia de anos depois os novos operadores ainda querem tudo. Porventura quererão até acabar com a PT. Não pode ser.
Tudo isto está mal desde o inicio. Em minha opinião, parece-me que a solução deveria passar pela rede básica, voltar à posse do Estado (nesta situação, os trabalhadores da PT que operam com as infra-estruturas seriam integrados, se o desejassem, na nova empresa do Estado). Na posse da rede básico o Estado pode e deve gerir as infra-estruturas, sem privilegiar nenhum operador.
Uma outra alternativa seria a PT criar uma nova empresa, com o único objectivo de gerir a rede, de cabo e cobre, com uma lógica de competição ente si. Com esta separação , entre as redes de cobre e de cabo a concorrência era mais forte e teria mais e melhores ofertas e os consumidores, ganhavam com isso, também ao nível da qualidade dos serviços e dos preços.
Hoje pela razão da PT ser grossista e simultâneamente retalhista além de lider destacado do mercado, prejudica o consumidor e a oferta inovadora de serviços, na medida em que, com toda a lógica, a PT não vai competir entre si, com empresas do mesmo grupo. Por exemplo, assistimos a PT a oferecer a banda larga em ADSL a nível nacional e a TV Cabo não. Assistimos a TV Cabo a não fazer a oferta em telefonia. Assistimos a PT Comunicações, a não oferecer o sinal televisivo. E por aí afora.
É para mim claro que a criação de uma empresa, para gerir a rede básica de telecomunicações, independente dos operadores, iria criar melhores condições para o desenvolvimento de uma sã concorrência e de melhores ofertas comerciais e tecnológicas e melhores preços para os consumidores.
Esta nova empresa detentora das infraestruturas deveria ser uma empresa do Estado.
É claro que eu compreendo-os a todos. Estas empresas visam o lucro. E por isso não se dão ao luxo de investir a longo prazo e socorrem-se do Estado para ganhar o mais possível com o menor investimento. Mas ao Estado cabe fazer a opção, sobre o que é melhor para o país, para a economia do país e também para os trabalhadores das empresas. Não cabe servir os interesses das empresas se não contribuirem para a melhoria e bem estar do país.
A grande verdade é que os novos operadores quase não investem ou investiram, nestes anos todos, em tecnologia, em infra-estruturas, em equipamentos, em investigação, em formação, em criação de empregos e aguentam-se, a parasitar na rede de outros, à custa de alugueres das linhas, a preços simbólicos e é natural que por isso se sintam "ameaçados" com esta proposta.
Em minha opinião empresas como a Tele 2, nem deveriam ter licença para operar, pois são exemplos de intermediários que não trazem nenhum valor para o País. Com apenas “meia dúzia” de pessoas, alguns computadores, usando as linhas telefónicas da PT, alugadas a preço irrisórios, fixados pela Anacom, realugam-as aos seus clientes pelo valor da PT e vendem o tráfego telefónico a preços mais competitivos. Fácil, não é?
Pudera! Sem terem que investir em nada, são apenas parasitas que vivem à custa dos meios e recursos dos outros, no caso da PT. Não interessam.
O que era desejável é que estas empresas fossem empresas a sério. Empresas a competir no mesmo terreno da PT, colocando as suas capacidades de gestão, em todos os sectores de negócios de telecomunicações, com ofertas comerciais atractivas, com serviços inovadores, investindo nas redes físicas com as melhores tecnologias, formando ou contratando os melhores técnicos, apostando na investigação.
Mas isso não se vê! A Sonaecom prefere comprar tudo feito (a PT) a preço da chuva. A EDP, quer vender a ONI, A Tele 2, prefere continuar a parasitar. A Anacom não lhes tem complicado a vida. Parece-me, contudo, que está a fazer um trabalho com independência.
A continuara assim um dia destes não temos concorrência!
Apenas se pede que os novos operadores da rede fixa, imitem os operadores da rede móvel. Invistam. Todos temos a ganhar.
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