Nada a dizer contra. Hoje, cada vez mais, o mundo está a encarar esta nova realidade, como normal. A homossexualidade existe, não se pode fechar os olhos. E existe, independentemente de uma vontade expressa individual.
A homossexualidade acontece. Basta ouvir ou ler alguns testemunhos. Acontece, simplesmente. Sem saber como, os homossexuais descobrem que gostam de pessoas do mesmo sexo. Que têm essa inclinação sexual. E não há nada a fazer. Nem a opor. As pessoas gostam-se e amam-se e mais nada.
Embora possa parecer contra-natura, nem isso, hoje, parece assim, tão evidente.
Agarrados que estamos a uma cultura religiosa que nos “impôs” determinadas normas de comportamento e de regras morais, tendemos a julgar como anormal esses tipos de comportamento. Porque fomos educados a ver a família de uma determinada forma. Habituados a que a procriação, se tinha de fazer no espaço de um casamento entre pessoas de sexo diferentes e durante uma relação sexual.
Hoje, sabe-se que não é assim. A sexualidade, o amor, sempre aconteceu, com pessoas do mesmo sexo, ao longo dos séculos. E a procriação deixou de ser um entrave com o avanço da ciência e com a inseminação artificial. Em Portugal, já foi inclusive aprovada uma lei de procriação medicamente assistida, ficando, lamentavelmente de fora as mulheres sós.
O preconceito e a ortodoxia estão a diminuir. Devagar, muito devagarinho. A ideia de apenas um modelo único familiar, não condiz com os novos tempos. Hoje, casais homossexuais, partilham, vida, casa, filhos, constituem família. Não lhes é assegurado ainda as mesmas condições, os mesmos deveres e direitos que aos casais hetero.
Há que arrumar os últimos preconceitos. Hoje não há apenas o modelo familiar tradicional. E por isso a escolha do modelo familiar, deve ser um espaço de liberdade de cada um. Sem constrangimentos e sem preconceitos.
O casamento homossexual, o direito à procriação medicamente assistida, a adopção de crianças, deve ser um direito indeclinável. A sociedade moderna tem de se abrir aos novos tempos. Não faz sentido, esta discriminação, este conservadorismo, num quadro do avanço científico, do conhecimento, da emancipação dos “valores” católicos.
Não consigo perceber a objecção a estas novas realidades, que não sejam por ignorância ou por preconceitos desajustados no tempo.
O que verdadeiramente as pessoas precisam é de ser sensatas: Afirmar o amor, o afecto, entre as partes, o casal, os filhos ou as crianças adoptadas, criando as condições básicas para que se desenvolva esta nova família, sem constrangimentos e preconceitos.
Sobre a marcha, apenas dizer que não gosto do uso da palavra Orgulho. As pessoas são o que são. Orgulho Gay é uma palavra desadequada e aparentemente provocatória. Não se tem Orgulho por ser homossexual, como se não deve ter por ser, heterossexual. Não se tem Orgulho por ser homem ou ser mulher ou por se ser branco ou se ser preto. O Orgulho é outra coisa. Também não gosto das manifestações exibicionistas e apalhaçadas de alguns. Mas aqui, trata-se apenas, de bom ou mau gosto.
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