segunda-feira, junho 5

nada digo sobre o tempo que passou

nada digo sobre o tempo que passou estava escuro os
passos eram demorados e as crianças morriam de fome
à frente dos meus olhos só a noite e o que ela envolvia
sobre um silêncio quase inumano e os meus amigos presos
e os meus amigos torturados e os meus amigos mortos
aí perdi os sentidos e a liberdade toda a liberdade que os
meus olhos precisavam de beber
nada digo da noite os passos eram demorados e estavam
ansiosos para chegar à manhã que então acordava com abril
e os meus amigos libertados

Álvaro de Oliveira
Baladas de Orvalho
(Passos de Anisa 27)

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