sexta-feira, janeiro 6

Desiludido mas não desistido.

Acabei de ver a reportagem na SIC sobre Francisco Louçã. Está tudo lá. Não devo acrescentar muito mais. Quem viu ficou a conhecer bem o homem, o político, o professor universitário. Um homem de causas, combatente, estudioso, investigador, conhecedor, competente, humilde.

Quando se vê e ouve Louçã, se conhece a sua actividade politica, se conhece o seu curriculum, político e técnico, não pode deixar de se lembrar de Cavaco Silva e rever os seus dez anos de afastamento da política activa e verificar que neste tempo a sua actividade se resumiu a leccionar economia e à publicação de duas autobiografias políticas.

Apesar disso, um é o Professor Cavaco Siva, o salvador da pátria e o outro é o Louçã, às vezes o Dr. Francisco Louçã, um radical arrogante.

Nesta situação só posso ficar aborrecido, claro que fico aborrecido.

Ao contrário de Cavaco, Francisco Louçã nos mesmos dez anos, além das suas, exigentes, actividades políticas, continuou como professor no ISEG (Univ. Técnica de Lisboa), onde dá aulas, gratuitamente e ainda preside a um dos centros de investigação científica (Unidade de Estudos sobre a Complexidade na Economia).

Neste tempo, publicou tês livros de ensaio político, nove livros de economia, alguns com a colaboração dos mais reputados economistas mundiais, recebeu em 1999 o prémio da History of Economics Association para o melhor artigo publicado em revista científica internacional. É membro da American Association of Economists e colabora nas principais revistas científicas internacionais (American Economic Review, Economic Journal, Journal of Economic Literature, Cambridge Journal of Economics, Metroeconomica, History of Political Economy, Journal of Evolutionary Economics, etc.). Foi professor visitante na Universidade de Utrecht e apresentou conferências nos EUA, Inglaterra, França, Itália, Grécia, Brasil, Venezuela, Noruega, Alemanha, Suiça, Polónia, Holanda, Dinamarca, Espanha e é um dos economistas portugueses com mais livros e artigos publicados (traduções em inglês, francês, alemão, italiano, russo, turco, espanhol, japonês).

Mas o povo quer assim e que se há-de fazer... todos se queixam de que isto está mal, mas ao fim e ao cabo, acabam sempre por votar nos mesmos. E uma vezes temos o PS outra vez o PSD a governar.

Também ouvi a sondagem da Universidade Católica e até dei um salto na cadeira. Cavaco Silva, 60%, Soares (13) e Alegre (16), juntos não chegam aos 30%, Louçã fica nos 4% e Jerónimo nos 7%. A Sondagem de ontem da Aximagem, vai no mesmo sentido e dá Cavaco com 54,6%, Soares 13,8%, Alegre 10%, Louçã 6% e Jerónimo 4%. Uma tristeza e uma desilusão!

Francisco Louçã, especialmente, mas também Jerónimo Sousa, mereciam bem melhor.

Faz-me impressão que esta grande massa de descontentes e que andam sempre a dizer mal dos que nos governam e com razão ou dos políticos em geral, não seja capaz de dizer basta e arriscar a votar diferente.

Com 50 anos já tenho idade para não sofrer este tipo de desilusões. Mas que posso fazer se não continuar a lutar em nome de um ideal de justiça social, de uma sociedade melhor para todos?

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