O Alegre passou-se. A sua reacção à crítica de Louçã no comício de Braga, em que estive presente, é absolutamente incrível, quase inacreditável. Foi um ataque desconcertante, desproporcionado, inesperado, contundente, feroz.
Manuel Alegre passou os limites e foi malcriado. Não pretendia falar mais sobre o homem e sobre o político. A minha opinião sobre o político amiudada vezes foi exprimida neste sítio. Não gosto do político, também não apreciava o homem. Acasos da minha memória. Parece que tinha razão. Para além do fraco político parece que também estamos perante um homem fraco.
Manuel Alegre já tinha oferecido umas amostras de deselegância com os outros candidatos da esquerda, nesta campanha.
Manuel Alegre não faz campanha, exibe-se. Passeia o seu enorme ego. A sua grande vaidade pessoal. Manuel Alegre, não quer fazer política a sério. Quer mandar umas “bocas”. Manuel Alegre não quer o contacto com as pessoas, ouvir os seus problemas, apresentar propostas ou ideias, contrapor argumentos. Quer aparecer “acima”, atribuir-se méritos, raptar memórias, acontecimentos, protagonistas. A campanha de Manuel Alegre tem sido um revisitar da história para retirar dividendos indevidos. Não falha um monumento, um cemitério, uma estátua, invoca os capitães de Abril, a resistência antifascista, os feitos, a pátria, tudo como se fosse obra sua, ou o seu herdeiro e que ninguém ouse contestar, questionar, criticar. A ele ninguém o cala. Vai tudo à frente. Foi Jerónimo, Soares, Matilde Sousa Franco, foi agora Francisco Louçã.
Manuel Alegre não distingue critica política, de calúnia. Francisco Louçã ao fim de largar e largas semanas de campanha atreveu-se a dizer que Manuel Alegre faz uma campanha desajustada. Que é preciso os candidatos falarem com as pessoas, ouvir os seus problemas, conversar sobre a vida, as dificuldades, o desemprego, as reformas.
Ninguém deve esperar pelos votos. O voto deve ser merecido. O voto tem de ser merecido. O voto tem de ser conquistado.
O que desagradou a Manuel Alegre foi isto. A verdade. O resto é conversas.
O que este episódio releva é que os candidatos não são só o que se vê nas eleições. Os candidatos têm um passado e têm um presente e isso não pode ser esquecido. Louçã lembrou o famoso “orçamento do queijo limiano”, aprovado à custa do vergonhoso negócio da compra do voto do deputado Campelo. No momento do voto, onde estava Alegre? Bastava o seu voto. Isto não pode ser esquecido. Manuel Alegre mostra-se agora contra algumas medidas do governo Sócrates, mas ele apoiou-as. Votou a favor do programa do governo, a favor do aumento do IVA, votava a favor do aumento da idade da reforma, das privatizações se fosse necessário, não se coibiu de dizer Manuel Alegre. Agora não gosta de ser lembrado.
Os candidatos devem merecer o voto que pedem. Manuel Alegre decididamente não o merece. Não fez nada por isso. Nem antes, nem na pré, nem durante a campanha.
Manuel Alegre anda a passear a sua vaidade à procura da honraria, das benesses e da cadeira do poder como prémio de carreira. Não o merece.
As declarações de Manuel Alegre, sobre Francisco Louçã mostraram um carácter baixo que surpreendeu todos. O Homem que não gosta de “perder nem a feijões” perdeu a cabeça e verteu insultos. Espalhou calúnias. Disse o impensável. Desrespeitou não só Louçã mas os aderentes, simpatizantes e eleitores do seu partido. Ofendeu a inteligência dos seus apoiantes.
Para memória futura ficam aqui algumas das declarações:
“Louçã é um Cavaco do avesso. Estou farto das lições de moral. Não aceito a direcção espiritual de Louçã que parece ter errado a vocação. Ele deixou de combater Cavaco Silva e persiste em combater as forças de esquerda. Ele anda aqui atrás de uns dinheiros e de uns votozinhos. Eu sou de outro campeonato. Eu tenho um passado político de luta e de resistência, Louçã não sei se tem".
Registo também a reacção de Francisco Louçã:
“Manuel Alegre escolheu o caminho fácil e desagradável do insulto. Não quero comentar um deslize para sublinhar a pequenez das rixas. Respeito quem, nesta campanha, faz homenagens, beija estátuas e faz essas escolhas da memória de si próprio, mas na campanha devem discutir-se os problemas do País. Louça acrescentou que desrespeita o País quem acha que uns votos são inhos e outros são importantes”.
Duas notas: 1 - Estive em Braga e ouvi o Louçã numa grande intervenção num grande comício com o auditório da Gulbenkiam a abarrotar. Deixem-me deixar-vos aqui mais uma aparte; Fui informado de que a rádio transmitiu que a sala esvaziou após a intervenção de Sérgio Godinho. Mentira, não saíu mais de uma dezena de pessoas e entraram outras tantas. 2- Ontem à noite realizou-se o maior e mais animado jantar-comício alguma vez realizado em Viana e aquela senhora idosa (84 anos) que apareceu entrevistada era a minha mãe. Todos na luta. É a vida.
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