quarta-feira, agosto 2

É a vida!

O telefona tocou. Eram 22h de quarta-feira, da Marinha Grande. “Camarada estou a telefonar para dizer-te que a Dâmaso vai encerrar amanhã”. Porra!


Conheci o processo da Mandata, partilhei as (in)certezas do encerramento com companheiros da Comissão de Trabalhadores. A Mandata fechou e cada um foi à sua vida, que parar é morrer e a barriga tem aquele relógio maldito. Fiquei com mais amigos.


Conheci o processo da Jorgen Mortensen. Com eles também partilhei lutas, manifestações com 200 e com 20 trabalhadores. Recordo, até com uma certa incredulidade, uma manifestação com 20 trabalhadores que corta a rotunda do 18 Janeiro. O trânsito parado, sossegado, e vinte gatos-pingados no meio da rotunda. Faltava força aquele povo para sair à rua com os trabalhadores.


Também não havia hostilidade, muitos dos que olhavam passivamente sabiam bem o que era ter contas para pagar e não saber como. Da Mortensen ficaram mais amigos e mais companheiros de luta.


Agora estava a acompanhar a Dâmaso. Novos amigos e novos companheiros de luta, mas mais uma empresa encerrada. Triste “sina” esta!


Os operários resignar-se-ão. O sindicato depois de variados esforços de denúncia e mobilização também acabará por ceder, os operários irão cada um para seu sítio que a barriga não perdoa. É a vida!


É a vida numa das terras mais simbólicas para os trabalhadores. Em cada rua, em cada travessa ou em cada largo da Marinha há uma estória de luta, um património valioso, uma mensagem de insurgência que pode estar adormecida, talvez até depreciada, mas que a seu tempo retomará o seu lugar. Essa é a nossa tarefa.


Poderemos não saber quando – mas sabemos que caminha para lá. É a vida! É a história!


Victor Franco


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