Cuba não divide a esquerda.
Muitas pessoas de esquerda, sobre Cuba e sobre Fidel, fazem avaliações distintas, até opostas e contudo, tais apreciações, em nada beliscam, a sua condição de pessoas de esquerda. A esquerda das liberdades, da igualdade, da justiça social.
Não justifico Cuba. Não justifico Fidel. São quase 50 anos de poder absoluto, após o derrube da ditadura de Fulgêncio Baptista em 1959, por um exército de guerrilheiros, sob o comando de Fidel e Che Guevara. Não justifico, Cuba, não justifico Fidel, mas compreendo porque tanta gente de esquerda defende o regime cubano e o seu líder.
A defesa de Cuba é uma autodefesa, contra o império americano, contra as direitas reaccionárias, contra a prepotência e arrogância dos poderosos. A maioria dos defensores de Cuba, alavanca as suas posições nos grandes avanços na saúde, educação, na habitação, apesar do cerco económico, das manobras da CIA para derrubar o regime. Alguma tolerância da população perante os evidentes constrangimentos às liberdades, à escassez de meios, ancora na bondade de um povo, cortês, despretensioso, simples, que a seus olhos, partilham as dificuldades. Esse é um grande orgulho nacionalista.
Por isso compreendo e concedo o benefício dessa postura, embora não concorde com ela, aos defensores do regime e de Fidel de Castro.
Por isso digo que Cuba não divide a esquerda.
A Coreia do Norte ou China, sim, divide.
E aí não consigo perceber mesmo, nem transijo, na relação de “irmãos”, entre os partidos comunistas no poder, nesses países de ditadura feroz, muito dissemelhante ao de Cuba, na sua raiz, propósitos e essência e o de uma esquerda conservadora.
Por aí e nestas questões, assentam, também, muitas das minhas divergências com o Partido Comunista Português.
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