domingo, setembro 3

Em frente, marche!

O Jumento, (um blogue que aprecio e recomendo), em tom jocoso, descreve a marcha pelo emprego do Bloco de Esquerda como um três em um: A peregrinação a Fátima pela “postura” quase religiosa, o movimento dos sem terra no Brasil pelo “ar” combativo, a classe média pelas sapatilhas Nike ou as calças e camisolas Timberland dos participantes.

Está bem conseguida esta imagem. Como brincadeira.

Mas o problema do emprego, não é uma brincadeira. O emprego num país a sério deveria ser pleno. Para mim é uma iniciativa, séria, empenhada, inovadora, para chamar a atenção para um problema grave na sociedade portuguesa. Consigo imaginar o drama de famílias com filhos, marido ou mulher, ou ambos, desempregados; consigo imaginar as fábricas a fecharem e os trabalhadores desesperados; consigo imaginar os pais, depois de tantos sacrifícios, verificaram que não serviu de nada investir nuns cursos superiores, porque não há empregos; ao mesmo tempo, consigo imaginar os patrões, a fechar empresas e a comprar os últimos modelos de potentes carros; consigo imaginá-los nas maiores trafulhices, vigarizando o Estado; consigo imaginá-los a comer ou a passar férias nos melhores hotéis e locais do mundo, enquanto preparam mais despedimentos; consigo imaginar, a engendrar planos, para sacar, mais uns tostões, à custa dos trabalhadores, para rechear mais as carteiras; consigo vê-los a retirar direitos sociais, a quererem que se trabalhe mais, ganhe menos e em piores condições; consigo…; consigo…; consigo …;

Por isso vale muito esta iniciativa. Para desmascarar. Para denunciar. Para esclarecer. Para combater. Para apresentar propostas. E enquanto alguns, por esse país fora, preparam estas jornadas, outros caminham pelas ruas, vão às empresas, contactam com os trabalhadores, fazem sessões públicas, em torno da bandeira do emprego, com esforço físico, palmilhando milhares de quilómetros de estrada em dezassete dias, como o deputado Francisco Louça, nós, alguns de nós, muitos de nós, estamos tranquilamente, a apontar mal as nossas "baterias de criticas", a escolher mal o alvo. No que me toca pesa-me algum comodismo, impeditivo de participar de “corpo” inteiro nesta jornada até ao fim.


Força companheiros!

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