segunda-feira, setembro 4

Chamar o nome aos bois

Assim gosto. Chamar os bois pelos nomes. Há momentos em que é preciso chamar os nomes “feios”. Todos os nomes feios a alto e bom som. Não é isso que dá razão a alguém. Mas há alturas que é preciso, falar curto e grosso! Não sou um adepto da guerrilha, como táctica. Gosto de resolver logo os problemas. Sou pelo diálogo, pela concertação, pela troca de argumentos. Abomino conflitos. Fico mesmo doente. Mas gosto de dar o meu murro na mesa, quando necessário. Quando tem de ser. Nos momentos certos. Detesto a hipocrisia. Defendo os consensos, os acordos, não conflituar por qualquer coisa, a serenidade. Mas não compactuo com o abuso, com falsidades, com hipocrisias, com desrespeitos… aí sou bravo, transfiguro-me.

Isto anda tudo em águas mornas. Muita diplomacia, elegância, cortesia, muitos salamaleques. Parece que não se passa nada. Tudo gente muito bem-educada. Arre!

Não é assim. Parece que estamos todos satisfeitos com a vida. De vez em quando resmungamos, protestamos e esquecemos. Dizemos que isto não vai lá. Eles dominam tudo. Não há nada a fazer e adormecemos, embalados.

Quando alguém diz em voz alta o que pensamos em voz baixa, vemos motivações encapotadas, insídias, desconfiamos de tudo e de todos. Ah quanta raiva, às vezes sinto!

Por isso regozijo-me quando ouço alguém a pôr a boca no trombone. A dizer o que os outros calam. A chamar o nome aos bois. A paciência tem limites. E para certas coisas, nem há margem para a paciência ou a tolerância. É preciso partir a loiça. Deixar para lá a boa educação, os bons termos.

Falo uma vez mais da marcha do emprego organizada pelo Bloco que percorre o país, a denunciar as políticas de emprego do Governo, a máfia de muitos patrões, a desmontar argumentos falaciosos sobre certas “inevitabilidades” e sobre falsas soluções. E neste tempo, "em que as forças parecem falhar", ter a coragem de vir para a rua, ao encontro das pessoas, apresentar propostas novas, modernas, contra a corrente das ideias feitas as velhas teorias de “novas” inteligências é de enaltecer. Para chamar os nomes aos bois, como faz e bem, Francisco Louçã.

Força nisso!

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