quarta-feira, agosto 30

Não haja confusões!


Foto roubada aos marretas

Os administradores do Hospital de Matosinhos impuseram a cor amarela em vez da tradicional cor branca, às batas dos enfermeiros daquela unidade. Parece que é para não se confundirem com os médicos. É uma questão de diferenciação de classe. Patético.

Os enfermeiros consideram uma “despromoção” e falam em tradição da cor branca, associado à enfermagem. Parece-me também mesquinho esse argumento. A questão central é mesmo saber as vantagens desta medida. Não encontro resposta. A não ser a de marcar uma diferença de estatuto. E isso é estúpido. Seria mais sensato e apropriado que os “doutos” administradores, alterassem a cor da farda aos médicos. Assim o mal era “repartido pelas aldeias”.


Ensandeceram todos!

Grrr... Grrr...




A tradição mata toiros para gáudio dos presentes.

E viva a festa.


Em Barrancos!



Roubar

Pescadores de "banho à minhoca", obrigados a pagarem licença. Um governo ladrão e mentiroso! Ridículas as justificações do ministro. Acabei de o ver na televisão, agora mesmo. Não percebo como consegue dar aquelas justificações com aquela voz e olhar imaculados. Apetecia-me bater-lhe!

Os portugueses seriam mais pobres sem os imigrantes.

Ora tomem!

Porque tem de ser assim?

Envio de militares é «absolutamente natural», diz Cavaco Silva, para justificar a presença de Portugal na força internacional, que estará no sul do Líbano.

Mas, natural, porquê? Então isto agora é assim!.. A que propósito Portugal tem de participar em todas as missões militares? Não se pode questionar a sua presença? Avaliar as implicações e os propósitos? Ponderar os benefícios ou prejuízos? Dizer que não? Seria o único país a fazê-lo?


Que raio de porcaria é esta que, sem mais, se acha "absolutamente natural", participar em missões militares? Natural seria não participar em missões militares, muito indefenidas...


A Inglaterra, parece-me, não irá fazer parte desse contingente e os Estados Unidos, também. Porque ficam de fora? Porque disputaram a França e a Itália a liderança dessa força? Qual é o nosso papel nessa missão? Tem Portugal, disponibilidade financeira, para estar presença em mais esta missão?


A presença de forças portuguesas em zonas de conflito, só deveriam ser aceites, em caso extremo e com a clareza dos objectivos.
Não me parece ser o caso da presença no Líbano em que tudo é muito nebluso.
Na situação em que está o Médio Oriente, só com a resolução definitiva do problema da Palestina, obrigando Israel a respeitar as decisões da ONU, a paz pode chegar áquela zona.


Tenho receio de que algumas famílias, desta vez, irão chorar os seus familiares.

terça-feira, agosto 29

Carlos Sousa ainda.

A propósito, da substituição de Carlos Sousa da Câmara de Setúbal, bem cedo, exprimi a minha posição aqui, “ainda” o PCP examinava o assunto. Tive, logo, uma posição muito clara. Estava contra. Não podia concordar com uma substituição, à revelia do próprio ou dos eleitores. Do próprio, porque um partido não é “dono” dos seus militantes. Dos eleitores, porque esta eleição não se confina ao voto dos eleitores do PCP.

Um partido pode e deve fazer análise, em conjunto, ao trabalho autárquico dos seus militantes. Um partido pode ter opiniões diferentes, acerca da prestação dos eleitos. Pode discordar, leve ou profundamente, da sua actividade.
Não deve é pressionar a sua substituição em público ou em privado, em especial tratando-se de um presidente da Câmara, eleito, pelos munícipes.

Um partido pode retirar a confiança política, pode afirmar a sua desaprovação sobre a governação da Câmara, em qualquer sítio.
Não deve é substituir-se ao próprio e pressionar a uma decisão que só a ele cabe.

Um partido pode concordar ou não, mas não pode substituir-se ao próprio nem aos eleitores, mesmo tendo sido eleito em listas partidárias. O partido deve tratar das questões internamente com os seus militantes. Pode suspender, expulsar, retirar a confiança, promover um processo interno se achar caso disso.
Não deve é misturar as questões do partido com as da soberania dos cidadãos.

O Presidente da Câmara é o presidente dos munícipes de um concelho. É a eles, e em particular a quem o elegeu que deve prestar contas da sua actividade, assim como aos órgãos de fiscalização autárquica, como a assembleia municipal. As suas contas. Ao partido cabe tudo, menos, “promover” a sua substituição por questões tácticas ou estratégicas, sem a concordância do mesmo e à revelia da avaliação dos eleitores.
Isso é uma “fraude” aos eleitores.

Pior do que a atitude do PCP só a atitude do próprio Carlos Sousa ao aceitar a sua substituição com o argumento de “renovar energias, rejuvenescer e reforçar a equipa, para melhor enfrentar os desafios”. Carlos Sousa esteve-se nas tintas para os seus eleitores; deu precedência à estratégia do partido, conformou-se, desistiu, teve medo. Mostrou ser um fraco. Mostrou que não merecia a confiança dos seus eleitores. Foi pior a emenda (deixar-se substituir) do que o soneto (a pressão para se demitir).

Reitero o que disse neste outro post. “A demissão [a acontecer] só a entendo por dois motivos: Não resistir às pressões partidárias. Abandonar o barco traindo as suas próprias convicções. Haveria uma terceira legítima mas que no caso me parece desajustada e que seria o próprio reconhecer uma prestação negativa do seu trabalho à frente da autarquia, mas nesse quadro, a sua saída é a destempo.”

Com isto, não quero dizer que o Presidente ou qualquer outro eleito, não possa “deixar-se” substituir ou ser o próprio pedir a sua substituição. Pode, claro. Mas não sendo por razões pessoais, deve assumir que não estava a desempenhar bem o seu papel. Não foi isso que aconteceu. O partido também não estava ainda em condições de fazer um balanço que conduzisse a uma substituição, em particular, depois de uma recandidatura e de uma reeleição, há dez meses. Mas essa é outra questão.

Há um ano.



O furacão Katrina destruiu Nova Orleãos.
Contra a força poderosa do furacão, o governo dos Estados Unidos, não soube estar à altura dos acontecimentos.

O País mais rico e poderoso do mundo, esteve ao nível de um país do terceiro mundo. Mostrou-se incompetente. Não soube prevenir, não soube responder, mesmo depois de saber da força do Katrina. Mesmo depois de avisado. A cidade foi arrasada.

Passado um ano, a recuperação é lenta. Os homens dos negócios espreitam. Alguém vai e está a ganhar muito dinheiro. Os pobres e negros de Nova Orleães que se cuidem e desenrasquem.
Nova Orleães não será a mesma.

O bocadinho de papel

Há tempos que andava com este papelinho num bolso. Um bocadinho de uma página da revista do Expresso. Estava guardado para vir aqui.

Este bocadinho de papel traz a notícia de que “37 milhões de americanos são oficialmente pobres; 46 milhões não têm qualquer tipo de seguro; um em cada quatro salários está abaixo do rendimento de pobreza…”.


Na terra das oportunidades, de todas as oportunidades, são cada vez mais as oportunidades que se perdem – ou melhor, que não se deixam ganhar.
Neste bocadinho de papel, rasgado de uma revista de muitas páginas, vem a imensa contradição do centro do império.
Neste bocadinho de papel mostra-se toda a imensa ilusão das oportunidades vendidas por um ilusionista falhado.


Há bocadinhos de papel que, por muito que andem perdidos, encontram sempre o trilho da indignação!

Victor Franco

segunda-feira, agosto 28

Futebóis

Não consigo perceber certas coisas no futebol português. Este caso "Mateus" é um deles. Apesar de gostar de futebol, ver quase todos os jogos na televisão, assistir ao vivo a alguns, ser adepto do Glorioso, estas polémicas passam-me ao lado. Não presto atenção a estes "detalhes".

Julgo que tudo começa com a utilização irregular do jogador Mateus que teria um contrato de amador e para participar em competições da Liga, precisava de ter um contrato de profissional. Não sei porque razão tinha um contrato de amador. Também não sei porque é que um jogador não pode ter um contrato de amador. Talvez alguém me explique.

O campeonato já começou e um problema da última época ainda está por resolver. O campeonato começou "coxo" com menos uma equipa. A confusão é enorme.

Com decisões diferentes, em períodos diferentes, num sentido e em sentido contrário, tomadas por dois órgão de futebol, o conselho de disciplina e o conselho de justiça, o Belenenses e o Gil Vicente, nos últimos tempos, já "estiveram" na divisão de honra, na 1ª liga, outra vez na honra, e por fim, com a última decisão, o Belenenses na1ª liga e o Gil Vicente
na honra
. O Gil não conformado recorreu aos tribunais civis e a liga, face à decisão do tribunal, decidiu suspender os jogos dessas equipas, até melhor “altura”.
Pelo meio ainda houve eleições para a Liga que entretanto foram impugnadas.

Isto para mim é muito estranho. Não consigo perceber como este caso não "morreu” à partida... bastaria que a liga, no caso da existência de irregularidades, desde logo, tivesse recusado a inscrição ou a utilização do jogador Mateus, até estar conforme os regulamentos.
Ter-se-ia evitado este imbróglio.

Mas, talvez interesse que isto seja assim. Deve ser mais um caso de polícia.

domingo, agosto 27

Ah grande camarada!

A "brigada sindical" foi dar uma ajudinha à festa do Avante. A brigada, além de Jerónimo de Sousa, incluía, Domingos Abrantes e Francisco Lopes.

Este sim, vê-se, é um dirigente político a sério. Veste o fato trabalho e arregaça as mangas. Não é só mandar "bitaites". É a diferença entre ser um operário ou ser um intelectual.

E não venham dizer que isto é marketing político! Não estamos em campanha, nem em vésperas de campanha eleitoral...

Essa coisa de Setúbal, de susbstituir o Presidente da Câmara, são "fait-diver" da pequena burguesia, para esconder estas lições de militância partidária!..

OK camarada,
escuso de ficar descansado.

Urgente

...
Cospe nas mãos,
diz
mesmo,
quatro pragas,
- mas vem
acorda,
põe-te,
enfim,
de
pé!...

Alfredo Reguengo
Poemas da Resistência
26/11/1970

sábado, agosto 26

Portugal deve participar na UNIFIL 2?

A derrota política de Israel no Líbano, mais do que a incapacidade de neutralizar o Hezbollah, o recente protagonismo de Kofi Annan e da ONU e, em particular, o arrufo italiano fizeram despertar alguns activistas-da-treta defensores do papel “insubstituível” da Europa e de um ressurgir do multilateralismo.
Deixem que vos traga apenas algumas breves notas à reflexão:

1. Israel decidiu unilateralmente (com o apoio dos EUA e da Inglaterra) invadir o Líbano. Quando bombardeava este território bombardeou e matou soldados da UNIFIL apesar dos insistentes alertas destes de que estavam a ser mortos.
2. Israel continua a cercar o Líbano por mar e pelo ar e sempre que entende continua a violar a resolução 1701.
3. Israel continuou a bombardear, a destruir casas, a matar populações na Palestina e a raptar dirigentes eleitos pelo povo palestiniano.

E, compreendendo a necessidade do governo libanez e do Hezbollah de pararem com as bombas que lhe caíam em cima da cabeça, a verdade é que:

1. A resolução 1701 é suficientemente ambígua para poder dar para os dois lados.
2. Ainda falta uma nova resolução que clarifique, de facto, o que fazer com os assuntos mais decisivos.
3. Ainda nada impõe uma disciplina internacional a Israel que o obrigue a respeitar as resoluções das Nações Unidas que ele sempre violou. Será essa força internacional?
4. Os EUA e a Inglaterra não se querem meter naquele vespeiro, porque será?
5. Ainda está por ligar a situação do Líbano à situação da Palestina – a raiz de todo o problema.
6. Qual o futuro do Líbano? Mais um protectorado internacional, como a Bósnia e o Kosovo, sem solução à vista?
7. Que garantia de que essa força internacional não se junta a uma possível guerra contra a Síria e/ou o Irão?
8. Há novos passos para a paz que precisam de ser dados…

Perante tudo isto, a participação portuguesa na UNIFIL 2 não é obrigatória, é imprópria e é desaconselhável.
Apenas o governo e se calhar algumas chefias militares, sequiosas de protagonismo guerreiro que depois há-de ser altamente mediatizado pelas televisões – apesar de não passarem de uns paus mandados e uns zeros à esquerda na escala de decisão –, acham que a presença de Portugal numa força internacional é assim uma coisa absolutamente transcendental e indispensável à resolução dos problemas no planeta Terra.
Neste quadro, político, militar e económico, os factores de predomínio do imperialismo continuam e qualquer actividade militar nesta zona estratégica do mundo ou a ele está subordinada, ou, se calhar, teria que ter um grande movimento mundial de solidariedade e contestação da guerra - coisa que não está a acontecer.
É pena, mas ainda é assim!

Victor Franco

sexta-feira, agosto 25

Criminosos

Um relatório das Nações Unidas confirma que Israel usou bombas de fragmentação contra populações civis no Libano e que este armamento é de fabrico americano. A Casa Branca viu-se obrigada a abrir um inquérito.

(via Arrastão)

Sinto vergonha!

Estas notícias já não chocam muita gente, infelizmente.

Dirão os palermas do costume:
São pretos. Estão ilegais, construiram casas (barracas) na ilegalidade que querem eles?

Entretanto, centenas de famílias, não têm onde ficar, dormem no meio dos escombros, abraçados aos filhos. O olhar perdido. Uma vida sem esperança.
Toda a gente tem direito a um tecto!

Esta cambada que toma estas decisões são uns canalhas, uns bandalhos, não são humanos.

Não me interessa para o caso, os fundamentos legais. Que se fodam, as (i)legalidades. A autarquia, antes da demolição, tem de assegurar que as pessoas não fiquem entregues à sua "sorte" (azar) por serem pobres, pretos e imigrantes e demolir as suas "habitações" construídas com muito esforço, para não dormirem na rua.

SÃO UNS FILHOS DA PUTA!!!
Adenda: Não digo "asneiras", por hábito. Só quando estou zangadíssimo, como nestas situações. Preferia partir-lhes os cornos ou o ir-lhes ao focinho. Mas não pode ser. As minhas desculpas aos próprios e às famílias pelas ofensas verbais. Mas quando tiver que ser... à falta de melhor, vão continuar a sair.


quinta-feira, agosto 24

PT Portugal para contrapor à OPA

PT Portugal é o nome da empresa que irá resultar da "fusão" entre a PT Comunicações e a TMN, se a OPA sobre a PT não se concretizar, segundo o Jornal de Negócios de hoje. (sem link)

A PT depois de anunciar a separação da PT Multimédia do grupo PT, pretende agora, agregar as duas empresas numa única, a PT Portugal, e aproveitar as sinergias tecnológicas, nomeadamente, fazendo a "convergência", entre as comunicações fixas e as móveis.

Isso significará que um telemóvel poderá funcionar, como sendo um telefone da rede fixa, quando em casa ou no escritório e inversamente, o telefone fixo (um telefone portátil) poderá funcionar na rua, limitado, a um espaço geográfico de cobertura, ainda não defenido. Estão neste momento a decorrer já testes em dois pontos do país.

A fusão das duas empresas, até agora, com administrações distintas e autónomas, passará a ter uma administração, uma liderança e uma estratégia única e com uma dimensão de quase "10 milhões de clientes e mais de nove mil trabalhadores" o que lhe permitirá ultrapassar constrangimentos legais, da sua oferta e do seu portfólio comercial e tecnológico.

Para além da convergência fixo-móvel a a nova empresa pretende implementar a curto prazo a oferta do "Triple-play", ou seja a possibilidade de combinar, Voz, Internet e Televisão, na mesma infra-estrutura de suporte físico. Todo este sistema acredita-se, para além de melhorar as ofertas comerciais, poderá fazer baixar os preços ao consumidor, por força da utilização de um único meio de transporte dessas comunicações, em banda larga.

Com esta medida, a PT, continuará a competir em todos os segmentos do negócio das telecomunicações, embora com menor dimensão, em escala e em recursos, com a perda da PT Multimédia, mas, simultaneamente, resolve um problema, de "excesso" de monopólio de que era acusado, com alguma razão, por diversos segmentos da sociedade, permitindo uma melhor e mais eficaz concorrência, entre os diferentes operadores de telecomunicações e irá melhorar e aumentar, certamente, as ofertas de conteúdos, resultante das convergências tecnológicas e dos condicionamentos “impostos” pela Anacom.

É também uma resposta à OPA da Sonaecom, sobre a PT. A partir destes novos dados, cada vez se justifica menos, uma OPA sobre a PT, após o cumprimento das "exigências" da separação da rede de cobre e cabo e de permitir uma maior concorrência que definitivamente a OPA não está em condições de oferecer.

Esta solução, parece-me razoável, embora não disponha de todos os elementos que me permitam fazer uma avaliaão categórica. Mas como tenho vindo a defender, a melhor solução, em minha opinião, seria a de o Estado "nacionalizar" toda a infra-estrutura física, e "alugar" aos operadores de telecomunicações em condições de igualdade. Naturalmente, esta opção, teria de assegurar os direitos sociais dos trabalhadores da PT, "transferíveis", a todos os níveis.

quarta-feira, agosto 23

- Fodida estou eu ...

Foi à mais de vinte anos. Nessa altura, as avarias nas ligações telefónicas eram comunicadas à Telecom, (CTT) marcando o número treze. As chamadas eram sinalizadas numas pequenas lâmpadas, com um orifício por baixo e atendidas por um operador telefónico, através da inserção de uma cavilha telefónica, com cordão e micro-telefone.

Foi engraçada a situação.
A lâmpada acende o colega operador atende a chamada e passa-me o telefone, dizendo-me apenas que era para mim. Atendi e o diálogo foi assim, quase "ipsis verbis":

- Sim, faz favor.
- Fernando?
- Sou!?
- Sou eu... a Ermelinda. Olha… não veio nada!...
- Não veio nada?!! Estamos fodidos!!!
- Fodida estou eu… e agora como vai ser?
- Temos de conversar.
- Vens cá logo?
- Sim, vou, claro...
- Apareces às nove?
- Sim, estou aí às nove…
- Tinha de acontecer-me a mim, caralho.
- Logo vemos isso.
- Tá... até logo.
- Até logo, Ermelinda.

O diálogo terminou aqui. Curto, como podem verificar.

Há situações quase inacreditáveis e esta é uma delas. Antes uma pequena explicação “técnica”. Naquele tempo era habitual as chamadas “caírem”a meio da marcação do número telefónico do destinatário. Lembro que foi para aí há vinte anos e as estações de comutação telefónica, ainda não eram digitalizadas. A comutação de chamadas já não era manual, era electro-mecânica, através de uns selectores que direccionavam as chamadas para o destino. Esse selector às vezes falhava e as chamadas não chegavam a se completar, e acabavam por “baixar” ao tal bastidor, sem o emissor se aperceber, e eram atendidas pelo operador telefónico, como se fossem dirigidas às “avarias”, também ele sem saber. Foi o que aconteceu.

A tal Ermelinda, pretendia marcar para um Fernando, supostamente, seu namorado, amante, companheiro, nunca chegarei a saber. Por coincidência, estava naquele momento, naquele espaço, designado, de mesa de ensaios. A chamada foi atendida normalmente e o colega operadora ao ouvir o meu nome, de imediato passou-me o telefone, sem mais explicações.

Eu embalei e alimentei aquele diálogo. Eu não conhecia a rapariga nem a situação. Foi um momento de intuição apurado. A frase chave foi o “não veio nada”. Lembrei-me imediatamente pelo tom de voz, preocupado, aflito, que seria a menstruação e acertei. Entrei numa brincadeira séria sem a rapariga saber. Com o nervosismo, não conseguiu sequer distinguir a voz. Não sei como terminou. O tal Fernando não deveria ter aparecido ao encontro “combinado” comigo. Deve ter ouvido das boas…

Fui muito mauzinho.

Grrr... Grrr...


"...renovar energias, rejuvenescer e reforçar a equipa para melhor enfrentar os desafios que a autarquia tem pela frente”.

Nota da concelhia do PCP de Setúbal
, justificando a demissão do presidente da Câmara.
Díário Digital 23 Agosto 2006



O Vaticano toma posição contra Israel e defende o Hezbollah.

Talvez, seja abusiva esta interpretação, mas não me ocorre outra, ao tomar conhecimento, através do esquerda.net, que o principal meio de comunicação do Vaticano, a Rádio Vaticano "A voz do Papa e da Igreja em diálogo com o mundo", dá um destaque inusitado a uma entrevista, concedida à agência italiana ANSA, por um sacerdote católito, em que critica, violentamente, Israel e o Ocidente, pelos acontecimentos no Médio Oriente e afirma que a "resistência" dos países Árabes, é comparável à defesa da Europa, contra o nazismo.

Leia aqui, a notícia da Rádio Vaticano.

A demissão de Carlos Sousa

Carlos Sousa, presidente da Câmara de Setúbal, vai pedir a demissão do lugar. Esta informação foi prestada à saída de uma reunião da concelhia do PCP de Setúbal. As razões para o pedido de demissão, segundo o próprio vão ser dadas amanhã.

Cá por mim não tenho dúvidas. Carlos Sousa, face ao pedido do IGAT ao tribunal administrativo para demissão do executivo, perante algumas eventuais ilegalidades e a pressão dos orgãos do partido, preferiu ceder a fazer finca-pé contra o partido e a aguardar uma possível decisão dos tribunais, no sentido da dissolução do executivo da Câmara.

Faz mal em minha opinião, Carlos Sousa.

As decisões que tomou e foram consideradas ilegais, foram sempre, defendidas pelo próprio, pelos vereadores da CDU e pelos orgãos do partido como sendo no âmbito das suas competências e dentro do quadro legal. Assim, deveria defender até ao fim, essas posições, no seu lugar. Se agora, eventualmente, admite irregularidades, vai tarde, como vai tarde a sua "substituição".
O PCP, é público, sempre defendeu as medidas tomadas pelos seus militantes nos orgãos executivos, nas questões complexas das aposentações compulsivas e na gestão financeira da Câmara.

Por fim quem comunica a sua substituição é o PCP. Está mal, outra vez. A substituição ou a demissão do lugar é um acto individual. Não é um acto imposto pelo partido. O eleito ao ser eleito, assumiu um compromisso com a população. E é perante a população que tem de se justificar, primeiro. Com o partido há lealdade e compromissos de cumprimento do programa eleitoral.
Nunca ouvi criticas do partido perante a gravidade das acusações à Câmara, bem pelo contrário.


A demissão só a entendo por dois motivos:
Não resistir às pressões partidárias.
Abandonar o barco traindo as suas próprias convicções.
Haveria uma terceira legitima mas que no caso me parece desajustada e que seria o próprio reconhecer uma prestação negativa do seu trabalho à frente da autarquia, mas nesse quadro, a sua saida é a destempo.

Não retiro uma virgula do que disse no anterior post e nos comentários em resposta a outros:
O eleito não pode aceitar um pedido de substituição, com base na avaliação do trabalho negativo por parte de uma estrutura partidária, mesmo sendo a sua. A avaliação deve ser do próprio. Ele a partir do momento em que é eleito (e não é eleito, por militantes e simpatizantes do partido pelo qual foi candidato), pelos munícipes, responde por ele próprio e perante todos.

Por isso, só por uma alegada má avaliação do seu trabalho ou por motivos pessoais, poderia ser a sua justificação para a demissão. Não sai bem, neste quadro em que há muito "barulho" ao redor.

terça-feira, agosto 22

À procura da esperança

O problema da imigração é um problema grave. Segundo as últimas notícias, há famílias na África subsariana, que vendem todos os seus pertences que juntaram durante anos, a redes de imigração ilegais, arriscando a vida, pelo alto mar, através de pequenas embarcações sobre lotadíssimas, em direcção às Canárias, em viagens de mais de 1000 quilómetros, como "porta de entrada" para a Europa.

Só no Senegal, estarão, segundo a Cruz Vermelha, 100 mil pessoas em lista de espera.

Este é um problema delicado. Por um lado é compreensível que as pessoas da "África Pobre", procure na Europa, a salvação para uma vida um pouco melhor, do que a miséria extrema. Por outro, a entrada descontrolada, cria dificuldades extras, particularmente a Espanha que só este ano, viu, entraram 18 000 imigrantes.

Não restam dúvidas que o problema da imigração é grave. O problema não pode ser resolvido à "força". É perfeitamente compreensível que esses imigrantes arrisquem a vida, a uma possibilidade de sobrevivência, em vez da morte lenta e dolorosa, nos seus países de origem.


O problema passa, inequivocamente, por criar condições, para que as pessoas não tenham necessidade de migrar. Os países mais ricos, o mundo não pode ficar indiferente, à morte por inanição de crianças e à desesperança de milhares e milhares de famílias, de uma vida "mínima".

É um problema humanitário antes de mais nada.

Depois cada país deve recolher os imigrantes possíveis de integrar. Os imigrantes não podem ser olhados com desconfiança e devem ser integrados em pleno na sociedade, com direitos e deveres, respeitando a cultura própria de cada um.

O problema pode e deve, agora, ser resolvido por medidas de controlo rigoroso, deste fluxo migratório, combatendo as redes mafiosas que exploram o sonho de milhares de pessoas que arriscam uma travessia suicida, nesta viagem para o seu "paraíso".

Insisto. Há que inverter as prioridades:

A fome e a miséria extrema existem e matam mais do que todas as bombas.

O terrorismo é estúpido. Mas não se combate os "terrorismos" com mais bombas, mais tanques de guerra, com mais corrida ao armamento.

O terrorismo existe. Mas a fome e a miséria também.

As prioridades devem ser o investimento na paz, na erradicação da pobreza no mundo. Não deve ser em armamento e em guerras estúpidas e infindáv
eis.

Contas simples

No último ano, duplicaram os beneficiários do Rendimento Social Inserção e do Abono de Família. Também, o emprego de longa duração (considerado para quem está há mais de dois anos no desemprego) atingiu, em particular para os jovens, os valores mais elevados dos últimos tempos.

O resultado só pode ser; o aumento da pobreza.

Grrr... Grrr...


"...devemos abdicar das férias para garantir o futuro."

Peer Steinbrueck-Ministro das Finanças Alemão

Diários Notícias 22 Agosto 2006




segunda-feira, agosto 21

Usar e deitar fora

A direcção regional e a direcção nacional do PCP querem "substituir" o actual presidente da Câmara de Setubal, devido a uma "avaliação negativa do seu trabalho".

Isto parece qualquer coisa de surreal.
As pessoas são eleitas pelos munícipes não são eleitas pelos partidos. Por isso só poderão ser "demitidas" pelos eleitores ou por entidades competentes no caso de ilegalidades. Um partido, não é dono de ninguém.
Se não estão contentes com o trabalho do eleito, internamente, devem resolver o problema com o militante em questão ou em alternativa, retirar-lhe-iam a confiança política, se o caso fosse grave.

Vir para a rua, pôr em causa o trabalho de um seu militante "sugerindo" a seu afastamento a pretexto de uma avaliação negativa é desonesto. A razão é outra e não me recordo de o PCP criticar Carlos Sousa por isso, pelo contrário, defendeu-o, negando os acontecimentos.


O PCP sabe que há um processo na Inspecção-Geral da Administração do Território (IGAT) que recomenda a dissolução da Câmara Municipal de Setúbal e a perda de mandato dos vereadores, incluindo do presidente, Carlos de Sousa. E antes que isso aconteça quer livrar-se de um seu militante, empurrando-o pela porta fora. Insisto. É desonesto.

O Carlos Sousa é um militante de longa data. Nos últimos tempos, manifestou divergências com a linha oficial do PCP. Apesar disso foi, escolhido pelos seus camaradas de partido, para cabeça de lista e foi eleito nos últimos dois mandatos, presidente da Câmara. Agora fazem uma avaliação negativa. Tudo bem. O processo é que está mal.

No lugar dele, não me demitiria. Preferia ser demitido pelo IGAT. Ou se eu próprio fizesse uma avaliação negativa do meu trabalho. Nunca sob pressão partidária.

Mas o motivo, real, terá a ver com um "eventual" acordo do executivo da Câmara com os trabalhadores mais antigos, para através de um subterfúgio, fomentar reformas (antecipadas) compulsivas, antes da alteração da fórmula de calculo das aposentações para que os trabalhadores não ficassem prejudicados por uma questão de dias ou meses.


Por isso até merece a minha compreensão. As alterações do governo, foram um "golpe" muito forte nos orçamentos familiares. Provavelmente faria o mesmo que Carlos Sousa.

A Câmara Municipal não é um orgão do partido!

A crónica de Álvaro de Oliveira

Inquietação dos dias

Aquela tarde de férias, nas minhas piores férias de sempre, passou a evaporar-se de um sopro. Tudo me caía às mãos e logo tudo das mãos desaparecia. As mãos, sempre as mãos a convocar o sol e a tecer as mantas que me hão-de agasalhar no próximo inverno.

O tear é essa imensidão de repouso e descanso que ora passa por um tempo desprevenido e severamente abandonado, sem que outro linho lhe segrede a idade.

É Agosto e tudo está queimado. Todos os montes por aqui cheiram a terra queimada. A terra tomou a cor negra do carvão. As aves desapareceram. Todos os animais selvagens foram engolidos pelas chamas. Morreram milhares homens, mulheres e crianças. E os rios onde outrora mergulhei sonhos e ilusões não seguram sequer uma réstia de azul. Tudo por aqui é estranho a este olhar esbatido pela tarde que ora vai ao fim.

Antes, eram os bombardeamentos no Líbano; e o meu olhar húmido. Era Israel a furar o mais um tratado de cessar fogo; e a minha esperança entristecida. Era a hipocrisia dos americanos a ver os estragos da guerra; e a minha inteligência insultada.

Vou não vou, decido-me, olho em frente e caminho por dentro destes dias de inquietação para me insurgir contra essa corja de incendiários e patifes de guerras santas que soltos ainda se passeiam por lugares que elegi para deles fruir do verde e da frescura.

O olhar estende-se inquieto pelo negrume das cinzas que por este chão ficou, e tomo uma palavra para nela expressar o meu repúdio: - Porra! - É aqui que vejo que uma só palavra vale tudo e mil palavras valem nada. E que mais poderei dizer sobre a paisagem?

Para já, há noite e solidão. Pouco do que havia nos resta agora. Precipito o andar para o interior da noite e apercebo-me que sou invadido por uma indomável sede de justiça.
Ontem, por entre as chamas no Líbano o ar estava suspenso e sufocava as aves no leve manejar das asas. Aí atirei o olhar para lá dos rios, para lá dos montes, para lá das nuvens, para lá das cidades destruídas e, já na ausência do sol que entretanto desaparecera com as aves, procurei segurar as últimas horas daquela tarde que de um sopro se evaporava. Foi então que regressei com a esperança por melhores dias, ainda que os ataques no Líbano continuem.

Por melhores dias, sim, esses dias em que o mel escorrerá em abundância pelos dedos do tempo até saciar os desprotegidos e os refugiados das guerras e dos sucessivos ataques de incêndio. Contudo, nada direi da inquietação dos dias, desses dias de incerteza e dúvida, de dor e desespero, de pronto e de solidão, porque foi aí que os poderosos e os incendiários assaltaram os celeiros da nossa memória e levaram consigo o trigo da nossa esperança.

Creio por isso mesmo que a hora está próxima, essa hora que repentina passará como o vento, para consagrar o olhar das aves num voo de pureza admirável até ao limite dos dias desejados. E, com eles, assistir à destruição total desta satânica dualidade: vingança e ódio.

Álvaro de Oliveira

domingo, agosto 20

Há quem insista em não querer ver

O Estado de Israel desrespeitou o cessar-fogo, ao fazer um novo ataque, na última sexta-feira, no Líbano e diz que estas incursões vão continuar.
Os Estados Unidos, não condenaram mais este atentado.

Entretanto na Faixa de Gasa, Israel prendeu, esta madrugada, na sua própria casa, o vice-primeiro-ministro Palestiniano, Nasser al-Shaer.
Os Estados Unidos não condenaram esta prisão da segunda figura do governo da Palestina.

O exército israelita, já antes, tinha detido, do mesmo modo, o presidente do Parlamento palestiniano, Aziz Doweik, igualmente membro do Hamas e outros oito ministros e 26 deputados.
O governo dos Estado Unidos, também não condenara estes actos.

O que é preciso mais para colocar na ordem o Estado de Israel?
O que pretende Israel na Palestina e no Líbano?

E depois os terroristas são o Hamas, o Fatah's, o Hezbollah…

E Israel é o quê? E os Estados Unidos são o quê?

sexta-feira, agosto 18

Patriotismo serôdio

Uma comissão de inquérito do parlamento europeu, anda a investigar a eventual cumplicidade, dos governos europeus, a propósito dos voos ilegais, nos casos de "sequestro, rapto e detenções ilegais de suspeitos de terrorismo" efectuados pela CIA.

Os partidos, do CDS ao PCP, com a excepção do Bloco de Esquerda, mais os colunistas de direita e outros da esquerda conservadora, juntos neste coro pacóvio de “patriotismo”, indignam-se, com um eventual pedido, da comissão europeia, para que os governos europeus, da rota dos aviões da CIA, esclareçam, se houve “envolvimento e cumplicidade” dos mesmos e colaborarem no esclarecimento cabal destes voos ilegais.

Não tenho pachorra para certas patetices nacionalistas!

O caso é grave demais para “invocar” a (in)constitucionalidade deste pedido da comissão europeia ou de outros aspectos jurídicos.

Estamos a falar de responder a “pedidos de esclarecimentos”, caramba!...

Falar em "soberania", em "competências", é contraproducente, quase indecente.

Não importa, para o caso, saber se o governo:
“só é obrigado a prestar esclarecimentos à AR”, como pretende, Ilda Figueiredo;
ou “os governos nacionais não respondem perante o PE”, citando Luís Queirós;
ou “do ponto de vista jurídico, a posição do Governo é inatacável”, como refere Hasse Ferreira;
para justificaram as suas posições de recusa e de alinhamento ao lado do governo, se este for desafiado a prestar declarações.

O que importa é que o esclarecimento se faça!
O que importa é saber das eventuais responsabilidades de alguns governos europeus, nos voos da CIA, transportando pessoas, “sequestradas, raptadas e detidas ilegalmente” e de um presumível conhecimento e colaboração, para usarem um corredor aéreo europeu, a pretexto do combate ao terrorismo.

Como diz, Miguel Portas, “quando o Governo se refugia numa posição de soberania e procura torpedear o trabalho de uma comissão de inquérito, está a prestar um serviço a Washington".

Acrescentarei que quem não deve não teme!
E quanto pateta é, relacionar as questões de soberania nacional, porque uma comissão europeia pretende “descobrir” a verdade e ouvir os governos, por onde operou a rota dos aviões da CIA.

Já não fico desapontado.
Dou 20 em 20 pontos à posição do Bloco por mais politicamente incorrecta que possa ser considerada.

Isto vem provar o quanto parolos nós, portugueses, ainda somos. A Espanha ao que li mostrou-se logo disponível, para colaborar.


Julho, o mês mais mortífero

O mês de Julho foi o mais mortífero no Iraque. 3500 pessoas morreram vítimas da guerra, ou das guerras, que lá se desenvolvem.

À ocupação terrorista somam-se os ataques terroristas, às bombas que vêm de cima juntam-se as bombas que explodem ao lado das pessoas em carros armadilhados.


É difícil conhecer com precisão os fundamentos desses ataques terroristas que aparentemente são de chiitas contra sunitas e vice-versa.

Mas em tanta mortandade deve estar mãozinha dos serviços secretos americanos - a CIA é especialista em ataques terroristas, em voltar comunidades contra comunidades.


Quando não se consegue derrotar os adversários é melhor dividi-los. Os EUA sabem disso, e é isso que devem estar a fazer.


Morrem milhares de pessoas; e isso que lhes interessa? Prometeram paz; e isso que lhes interessa?


Victor Franco

Uma prenda da Cris.

A Cris deixou-me esta prenda. Melhor era difícil.



Compay Segundo, morreu há dois ou três anos. Era um músico quase único. E esta música é extraordinária. Compay Segundo era genuinamente a imagem do povo cubano. Uma lenda. Morreu aos 95 anos. Não esqueço Compay o seu grupo e as suas magnificas interpretações músicais. As minhas homenagens e obrigado Cris.

quinta-feira, agosto 17

O marketing dos pobres

Pobreza “ Ajude por favor”, pede o letreiro colocado aos pés em cima de um saco azul. A mensagem contém ainda uma outra garantia: “ Sou portuguesa”. O que terá levado esta mulher, que se expõe assim na escadaria do Marquês de Pombal, a lembrar a sua nacionalidade? A pobreza tem rosto. Mas terá marketing? Há olhares de cidade que valem por si só. Sem respostas, mas com várias perguntas. E muitas inquietações…

Esta fotografia (digitalizada) e o comentário vinham hoje no Diário de Notícias. Não quero acrescentar mais nada. Apenas reforçar a sabedoria da senhora, ao colocar aquelas duas palavras, “Sou portuguesa”. Sem dúvida uma frase notável que suscita muitas interrogações e muitas inquietações...

Uma lição de marketing!

(Embora uma frase que dita por outros, noutros contextos, não teria dúvidas em a classificar de racista e xenófoba. Fica o elogio a sagacidade.)

E as prendas, carago?

Este rapazinho faz hoje 51 anos!

quarta-feira, agosto 16

(Não) há coincidências

Os que apoiaram a invasão do Iraque apoiaram agora a guerra de Israel contra o Líbano.

Contra o Iraque fez-se uma guerra, invadiu-se um país soberano, morreram e morrem ainda milhares de pessoas, com o falso pretexto de destruir armas químicas, que não existiam. Tudo mentira. Ficou provado.

O país está pior. Corre o risco de fraccionamento. A insegurança é maior. Por dia morrem, ainda hoje, só na capital do Iraque, 50 a 70 pessoas por dia, segundo fonte da administração americana.

No Líbano, o pretexto do bombardeamento em massa, teria sido o rapto de dois soldados israelitas. Agora, aparecem investigações e testemunhos a demonstrar que a guerra já estava planeada, antes do rapto. Nova mentira para uma intervenção terrorista (e no mínimo desproporcionada) mesmo admitindo como verdadeiro o motivo.

Que novos argumentos encontrarão os do costume?

Nestas guerras desenharam-se claramente duas linhas:
Os que apoiam, incondicionalmente, toda a estratégia dos Estados Unidos, mesmo a mais tenebrosa, a mais asquerosa; a guerra que mata, milhares de pessoas inocentes, arruína países, sem questionar as razões profundas de tais crimes… e os outros.

São estes outros que a democracia e a paz mundial precisam. Os senhores da guerra e seus apoiantes que se lixem. Merda para aqueles que em vez de reconhecerem os seus erros irão encontrar, novas desculpas, para justificar, mais um crime contra a humanidade.

A lista negra

Amanhã sai a lista de devedores à Segurança Social. As dívidas à Segurança Social, são, presumo, na sua maioria, relacionadas com retenções na fonte dos descontos de empregados e não entregues à Segurança Social.

Apoio incondicionalmente esta medida!
Nada como a tomada de medidas fortes para atacar problemas concretos e injustificáveis, por menos (ou mais) ortodoxas que sejam as medidas.

Quem não paga deve ser denunciado e deve ser punido. Não é admissível este tipo de dívidas. A publicação de nomes na praça pública, comporta riscos e por isso todo o processo, deve decorrer com muito cuidado. Mas tem de ser publicado. É um passo importante no combate à fuga e fraudes fiscais. Outro passo, mais importante ainda, seria a abertura do sigilo bancário. Aí tem faltado a coragem.

A publicação do nome dos devedores é uma exigência cívica de quem paga os seus impostos.

Os devedores foram avisados com tempo. E em caso de erro podem sempre recorrer em sua defesa nos tribunais. Mas, como se viu no caso da publicação das dívidas fiscais, não houve problemas e não vai haver agora, também.

As dívidas à Segurança Social, são inaceitáveis.

Não transferir os descontos dos trabalhadores é desprotegê-los nos seus direitos sociais elementares.

Quantos trabalhadores, por conta de outrem, não foram já confrontados, com situações de doença, de despedimento ou de aposentação e verificaram que parte ou a totalidade dos seus descontos não foram transferidos? E qual é o resultado destas situações?

Venha de lá essa lista, com nomes e moradas. Para os inscrever na “minha lista negra”.

Cessar Fogo

Está visto que só à chuva os fogos obedecem.
Diz o velho: acabam!
E se há lei forte é a da natureza
A do homem? que pobreza, meu deus, que pobreza!


Nota: este post não é meu. É o primeiro post de, um novo Blogue, de um velho conhecido. Começa muito bem e com refinada ironia. Continua velho amigo. De vez em quando dá cá um saltinho. Fica desde já sinalizado que vai valer a pena visitar o Ironias do Velho .

terça-feira, agosto 15

Parecenças e dissemelhanças

Cuba não divide a esquerda.

Muitas pessoas de esquerda, sobre Cuba e sobre Fidel, fazem avaliações distintas, até opostas e contudo, tais apreciações, em nada beliscam, a sua condição de pessoas de esquerda. A esquerda das liberdades, da igualdade, da justiça social.

Não justifico Cuba. Não justifico Fidel. São quase 50 anos de poder absoluto, após o derrube da ditadura de Fulgêncio Baptista em 1959, por um exército de guerrilheiros, sob o comando de Fidel e Che Guevara. Não justifico, Cuba, não justifico Fidel, mas compreendo porque tanta gente de esquerda defende o regime cubano e o seu líder.

A defesa de Cuba é uma autodefesa, contra o império americano, contra as direitas reaccionárias, contra a prepotência e arrogância dos poderosos. A maioria dos defensores de Cuba, alavanca as suas posições nos grandes avanços na saúde, educação, na habitação, apesar do cerco económico, das manobras da CIA para derrubar o regime. Alguma tolerância da população perante os evidentes constrangimentos às liberdades, à escassez de meios, ancora na bondade de um povo, cortês, despretensioso, simples, que a seus olhos, partilham as dificuldades. Esse é um grande orgulho nacionalista.

Por isso compreendo e concedo o benefício dessa postura, embora não concorde com ela, aos defensores do regime e de Fidel de Castro.

Por isso digo que Cuba não divide a esquerda.

A Coreia do Norte ou China, sim, divide.

E aí não consigo perceber mesmo, nem transijo, na relação de “irmãos”, entre os partidos comunistas no poder, nesses países de ditadura feroz, muito dissemelhante ao de Cuba, na sua raiz, propósitos e essência e o de uma esquerda conservadora.

Por aí e nestas questões, assentam, também, muitas das minhas divergências com o Partido Comunista Português.

Nostalgia

1 - A guerra suspensa no Líbano. Ainda não é o fim. Embora tarde, a resolução do Conselho de Segurança da ONU, para já produziu efeitos.
O que me chateia mesmo é ouvir falar em vencedores e ven
cidos. Não é um bom caminho!

2 - Hoje, não tinha dada por ela que é feriado. Na rua, só avisto emigrantes portugueses em férias.
Todo o tempo e espaço do mundo para os emigrantes nesta altura!

3 - Não ando particularmente bem e daqui a dois dias faço 51 anos.
Sinto-me fatigado. Não me apetece sair de casa!
Tenho saudades dos meus "putos". Não me "ligam" patavina.


4 - Um bom dia para todos. Mais logo, pode ser que apareça.


segunda-feira, agosto 14

Compreender Cuba

"Para analisar a actual situação em Cuba, publicamos uma série de textos para reflexão.
Uma excelente e extensa reportagem de Jon Lee Anderson. Uma entrevista ao jornalista brasileiro Fernando Morais, um texto elogioso para Fidel do seu amigo Garcia Márquez em que Fidel é apresentado como líder único e esclarecido, e um texto muito violento contra Fidel do escritor Carlos Montaner.

Pensamos que todos eles são importantes para compreender a realidade, e é importante sublinhar que a publicação destes textos não implica a concordância da redacção com todas as suas linhas e, em alguns, com nenhuma letra."

(do esquerda.net do bloco de esquerda)

Para quem quiser acompanhar o link fica disponível na coluna do lado direito do blogue com este símbolo.




domingo, agosto 13

50 pessoas são mortas diariamente na capital do Iraque

Os Americanos estão em todas guerras.
Não há uma em que directamente ou por interposição, não tenha lá as patas. Para defender a democracia, dizem. Só alguém demente é que pensará assim. Os Estados Unidos defendem apenas os seus interesses estratégicos mais nada, como grande potência imperial que são e querem continuar a ser. Não são palavras. São os factos que o demonstram.

Outras potências seguem-lhe os passos.
A Europa quer também construir o seu próprio império. Há vozes a defender o reforço no armamento e num exército europeu, como ponto de equilíbrio. Não me convencem. Só apostando na paz se vai lá. Com a mobilização dos povos contra as guerras, contra os terrorismos, pela negociação.

Nessas guerras morrem milhares de pessoas inocentes.

Hoje é com normalidade que se assiste a estas mortes, entram-nos a toda a hora, através das televisões, jornais ou rádios, pela cara adentro. As detonações das bombas que destroem tudo, matam e estropiam pessoas, são o pão-nosso de cada dia.

O mundo anda indiferente ou cheio de medo.

Uma frase de uma senhora lida nas cartas ao director do jornal o Publico, um dia destes, chamou-me a atenção e fixei-me nela. Jamais sairá da minha cabeça.
Dizia ela: Nestes tempos e nesta idade, será que não tenho o direito a gerir os meus afectos?

Será que temos, mesmo?
Confesso que este sentimento passa-me muitas vezes pela cabeça.

Cuba III

Pode haver socialismo fundindo o partido com o Estado?
Uma das características dos regimes ditos socialistas é a fusão do partido com o Estado. De onde virá essa consequência? Apenas algumas notas.

O conceito vanguarda do proletariado e o exercício do poder por essa vanguarda organizada no partido do proletariado:

Determinado que havia um partido que era a vanguarda, a reserva mais consciente e avançada do povo, o filho mais querido do proletariado, o melhor fruto da revolução, a ditadura do proletariado era exercida pelo representante desse proletariado – legitimamente – o partido. Por definição dos estatutos do partido e até por definição constitucional. Esta poderá ser uma das ilações porque não são necessários outros partidos. O que era necessário era eleger representantes pessoais do povo – intimamente ligados ao povo – portanto em círculos uninominais. Elegia-se o cidadão A ou B não se faziam escolhas políticas por caminhos e soluções políticas. Era assim no leste, penso que será assim em Cuba.

Aqui há uma outra questão. A ditadura do proletariado, a caminho do socialismo, exercia-se para impedir a volta da burguesia ao poder. Ora se se reconhecia que existiam ainda classes sociais como se poderia fazer a representação política dessas classes? Será abusivo dizer que não podendo se expressar livremente e eleitoralmente, as diversas opiniões e interesses na sociedade, esses interesses tivessem como único, estranhamente, precisamente o partido que se dizia do proletariado? Sim porque quando se expressavam na sociedade recebiam a prisão e o fuzilamento como resposta! E lembram-se daquela frase que diz que “não há machado que corte a raiz ao pensamento”?

A ausência de democracia, de contraditório, de eleições livres a todos os que respeitassem a “democracia popular” concentrou no poder uma única organização – quase sempre um único grupo de pessoas que se perpetuaram no poder. E o que é um facto, é que um grupo de pessoas, maior ou menor, se constituiu como centro de poder, se constituiu como “proprietário” indirecto dos meios de produção, como decisor único sobre esses meios, sobre o poder de Estado, sobre a economia. O que é um facto é que esse grupo de pessoas se constituiu em classe-em-si, em burguesia beneficiadora dos privilégios fundamentais e do controle da economia.

Talvez a fusão do partido com o Estado ajuda-se a levar a que esse Estado deixa-se de ser a ditadura do proletariado e passa-se a ser a ditadura do partido que se dizia do proletariado. E esse partido deixou de ser do proletariado e passou a ser de uma outra e nova classe.

Em Cuba os privilégios poderão ser diminutos, se comparados com os da ex URSS, mas a raiz ideológica do problema é a mesma. Talvez isto tenha a haver com a perpetuação dos dirigentes. Dirigentes idolatrados e temidos.

E perante tudo isto não há romantismo que nos valha!

Os marxistas não têm futuro se persistirem nos dogmas trágicos do passado. A prática marxista parte de uma análise da sociedade, de uma referência de classe, com as ferramentas do materialismo e da dialética - não é um exercício de copy-paste de soluções de um outro tempo de uma outra realidade.

Victor Franco

sábado, agosto 12

Ardis propagandísticos

O governo é perito em manobras de propaganda. A Direcção Geral de Contribuição e Impostos anunciou em grandes parangonas que os reembolsos da primeira fase estavam todos processados. Como ainda não tinha recebido fui ao site da DGCI, não fosse, sem saber, um dos casos de contribuintes, com problemas com o fisco que ficaram pendentes.

Não, não era, a diferença está no pequeno detalhe; processados. São ardis linguísticos que enganam os incautos. Processados não quer dizer pagos ou prestes a pagar. Não. Quer, apenas dizer que já estão observados, vistos e revistos, que estão correctos e que podem ser enviados os reembolsos. São já quatro meses. E oque é um facto é que o reembolso do IRS ainda não está na minha conta.

É absurdo que a DGCI faça uma nota de imprensa para comunicar um facto irrelevante e manhoso. Nota de imprensa, para quê e porquê? Estamos num país de terceiro mundo. Os manhosos davam a entender que o dinheiro já estava na mão dos contribuintes...

Fazem de nós uns parvos esta gente ridícula.

Em vez de pedir desculpa, pelo atraso de mais de quatro meses, nos reembolsos; das altas taxas de retenção praticadas na fonte, ainda, nos tratam como coitadinhos a quem se oferece uma esmola. Como se cumprir um dever e devolver o que é nosso, fosse um caso extraordinário, a merecer nota de imprensa.

Melhor seria que explicassem a vergonha dos selos de carros, com prazos sucessivamente adiados, por razões inexplicáveis ao bom senso.

sexta-feira, agosto 11

Verdade ou mentira?

Quem é capaz de nos garantir que havia um plano terrorista, para fazer explodir aviões, ou se isto não passa de uma manobra de contra informação para desviar as atenções, do insucesso no ataque ao terrorismo, justificar o ataque ao Iraque, a perda de popularidades dos lideres, o apoio a Israel, a continuação dos conflitos no Médio Oriente?

A história dos conflitos, dá-nos inúmeros exemplos destas manobras. No caso da América a imprensa, não há muito tempo, deu conta de posições, na administração “para se fazer qualquer coisa” que justifique uma onda de medo de actos terroristas. Convém manter esta onda de temor, para justificar, a defesa das medidas adoptadas ou outras que venham a ser tomadas.

Sabendo isto, é sensato questionar se quando se fala de terrorismo ou de atentados, especialmente, se as “fontes” são os Estados Unidos ou o Reino Unido, se está a falar verdade. Nós não sabemos nada. Apenas sabemos o que as autoridades dizem. Este questionamento pode não levar a nada, aparentemente. Mas deixa-nos alertados para não embarcarmos em aventuras, ou abalizar determinadas políticas.

O perigo existe, as organizações terroristas, não foram desactivadas, apesar das guerras desencadeadas, do desperdício de milhares de mortes de inocentes. A guerra não trouxe a paz, a derrota do terrorismo, a insegurança é agora maior.

O que isto vem mostrar, primeiramente, é que a invasão e a morte de milhares de pessoas na guerra do Iraque não tinha nada a ver com a guerra ao terrorismo. Foi uma mentira inventada, para os Estados Unidos e aliados, exercerem o domínio de uma importante zona geoestratégica e de controlo dos interesses petrolíferos, numa estúpida intervenção, aplaudida, pelos vendilhões da dignidade humana e traficantes das memórias colectivas, que matou milhares de pessoas.

Lembro-me disto e ocorre-me, dizer, como são estúpidos, os nossos entusiastas defensores de tudo o que cheire a americanisse, os “distintos” neoliberais mais conhecidos do nosso burgo.

Estamos perante uma mentira, numa campanha de contra informação e de medo, ou o perigo está aí na esquina mais próxima, a provar que estes conflitos, não se resolvem com as bombas, mas sim com a diplomacia e com a resolução dos problemas candentes na Palestina?

A solução está na paz.
Na exigência do abandono da política imperial dos Estados Unidos, em primeiro lugar.
Está em entregar a Palestina aos palestinianos.
Na retirada de Israel dos territórios ocupados.
Em exigir o cessar-fogo e retomar as negociações.
Em respeitar as determinações alcançadas no âmbito da ONU.
A solução está em encarar de frente os problemas do Médio Oriente.

Este contínuo atirar de labaredas para a fogueira, interessa aos dirigentes dos Estados Unidos e interessa aos terroristas. Mas não interessa aos povos de todo o mundo.

Não sou dos que defendo a aposta no reforço militar na Europa, para competir com os Estados Unidos. Não acredito que a uma força militar europeia, vá demover a Nato de intervir quando quiser. É entrar por um caminho perigoso e sem volta.

O investimento no desarmamento deve ser a linha directora de todos os movimentos de opinião e defensores da paz em todo o mundo. Os países estão a ser tomados pelo medo. O campo está aberto para o reforço de medidas mais securitárias.

Quando milhões de crianças morrem à fome em todo o mundo defender o reforço militar é uma medida contra-natura. Deixem-me ser "romântico" e utópico pf, e acreditar na capacidade dos povos, de criar “correntes fortes” de oposição a estas guerras sem nexo algum.


quinta-feira, agosto 10

Ontem, finalmente fui à pesca



do robalo. Cerca de três horas de pesca, ente as 19 e as 21,30 horas. Pesco neste molho da Praia Norte, bem lá no extremo e tenho que descer, perigosamente, por aquelas âncoras de pedra que protegem a entrada das ondas pelo cais de embarque dos pescadores.
Começo a ter medo de descer por ali. O joelho e a idade já não ajudam
nada. Apesar disso hoje conto lá ir outra vez, uma hora mais tarde, (é sempre uma hora mais tarde) por causa das marés.




Não correu muito mal a pescaria. Apanhei quatro, embora um, o maior (tinha de ser...) com cerca de 800 gramas, acabasse por fugir, do saco, mal fechado, uns minutos após o ter apanhado.

quarta-feira, agosto 9

Cubanos proibidos de ver televisão (link)

Porra, socialismo, não é isto. Se fosse isto merda para o socialismo.

A palavra socialismo de tão mal empregue, começa a assustar.

Diziam-se socialistas os regimes dos países do leste Europeu, a Albânia, Angola, Camboja e eram ditaduras. Continuam a afirmar-se socialistas, os regimes na China, em Cuba, na Coreia do Norte, a Líbia, o Laos, o Vietname e alguns deles, são ditaduras ferozes e não democráticos.

Olhamos para os partidos socialistas europeus no poder e praticam políticas neoliberais, anti trabalhadores. Olhamos para os partidos comunistas e a maior parte deles, continua, a advogar, políticas ultrapassadas e a defender regimes tiranos.

Afinal o que é o socialismo?

Agora leio que Cuba, em nome da preservação dos interesses do regime e "do povo cubano", impediu os residentes de verem notícias, emitidas por canais estrangeiros. China e Cuba que mantêm ainda, restrições severas ao uso da Internet e praticam a censura nos conteúdos.

Talvez, tenham, os verdadeiros socialistas, de examinar a conveniência de usar a palavra socialista. Ou então, explicar muito bem que tipo de socialismo se defende e em que se diferencia daqueles.

E o mesmo sobre a palavra Esquerda, também, dizer-se o que se entende por esquerda. Há para aí tanta palavra mal utilizada ou deturpadamente usada...

Não digo isto para me esclarecerem a mim. Eu sei que tipo de socialismo defendo e o que é ser de esquerda. Se for preciso eu digo o que penso sobre isso, mas preciso de tempo e disponibilidade mental. Agora não.

Para as gerações mais novas deve ser uma grande baralhada.

Para que não haja confusões, conviria falar nisto, mais vezes.


terça-feira, agosto 8

Cuba II

Num post anterior colocava algumas reflexões. Elas suscitaram opiniões muito interessantes e sentidas. Gostei dessas reacções porque se colocam com abertura e sinceridade.

Por isso quero voltar à primeira pergunta: Pode haver socialismo sem direito de greve dos trabalhadores? Pode haver socialismo com pena de morte? Pode haver socialismo sem direitos humanos?

Não resisto a contar um dos episódios. Num dos hotéis, em Varadero, onde fiquei, estive de conversa com uma empregada de limpeza. Ganhava (há dez anos atrás) 20 dólares por mês. Parte do seu salário real era o que lhe vinha das ofertas de bens dos clientes dos hotéis, material escolar, de higiene e limpeza...

Falámos um pouco sobre a vida difícil que levava. Em dada altura perguntei:
E se fizesse greve por aumento de ordenado? Resposta pronta: "Não posso que me prendem".

Senti uma coisa estranha, eu estava a falar com uma trabalhadora num país dito socialista... tentei argumentar, mas não dava... não havia argumentos.

Se um país é socialista os trabalhadores precisam de ter direitos de cidadania. Não é isso que reclamamos no capitalismo? Como posso eu lutar por uma sociedade em que tenho menos direitos do que agora?

Reconheço os avanços na medicina, na educação... um pouco à semelhança dos outros países ditos socialistas. Mas a vida demonstrou que esses avanços são insuficientes para qualificar o socialismo. Não sendo comparável, também reconheço avanços desse tipo em países nórdicos - mas esses países são capitalistas. O socialismo não depende apenas do papel social do Estado - da maior ou menor redistribuição do nosso salário indirecto.

Há uma coisa importante a ter em conta: a relação entre as pessoas na sociedade - essa sociedade dá ou não direitos aos cidadãos? No socialismo precisamos de ter medo dos direitos das pessoas?

A pena de morte é um exemplo demarcatório. No socialismo todos os cidadãos têm que ter direito de acesso à justiça - cada vez mais negado no capitalismo. Então como é possível que alguém ordene fuzilamentos sem sequer a pessoa ter direito a um sistema judicial democrático? E mesmo que tivesse acesso, como é possível no séc. XXI existir a barbaridade da pena de morte?

Os direitos têm que ser parte integrante de um futuro socialismo. É por esse que eu luto.

Victor Franco

segunda-feira, agosto 7

Postal

Este fim da tarde-noite não está a correr muito bem um pouco à semelhanças das duas últimas noites.

Nestas duas noites, praticamente, não dormi. A Meadela esteve em festa, este fim-de-semana com a sua romaria. A minha casa está no coração do local das festas. A música pimba horrorosa, a voz deslavada do locutor, os altifalantes rafeiros, o barulho estridente das pessoas e por fim, o desmontar dos materiais durante a madrugada, para além de me provocar uma enorme irritação, não permitiram um sono descansado.

O dia até correu bem, mais ou menos o ritual do costume. O ginásio de manhã, o café e a biblioteca da praia, à tarde. Faltou a praia. Estava cheiinha e não gosto de muitas confusões. Resisti à tentação de apreciar uns belos bronzeados de umas belas meninas.

Esta noite pensava colocar um post sobre a imbecilidade do Conselho Europeu ou de um seu comissário, vai dar ao mesmo, de ter dado razão a uma empresa irlandesa, se não estou em erro, de recusar-se a contratar empregados que se afirmassem fumadores.

Nem sei como classificar esta cretinice. Já não basta as discriminações que se conhecem, com base no sexo, na orientação sexual, religiosas e outras, só falhava esta, de uns perfeitos idiotas, discriminarem com base no facto das pessoas fumarem. Não lhes basta dizerem que não podiam fumar nas instalações, querem também interferir na vida pessoal. Talvez prefiram que as pessoas mintam. Ninguém as iria impedir de fumar fora do emprego. Já tinha o texto quase feito e pimba a luz foi abaixo e perdi tudo. Não me apeteceu voltar a escrever sobre o mesmo tema.

A electricidade veio uns largos minutos depois. Escolhi falar sobre o pensamento. É, sobre o pensamento… sobre os meu pensamentos. Os pensamentos que a todo o momento fervilhar turbilhões de ideias, de coisas, em simultâneo e que, regra geral, me inquietam. Estava a escrevê-lo em forma poética. Dá-me para isto às vezes. Azar meu e sorte dos leitores. A electricidade falhou novamente e uma vez mais tudo se perdeu.

Voltou agora a luz outra vez. E aqui fica um post inútil. Como muitos outros.
Um crente, diria que talvez seja um chamamento a pôr-me à prova. Se assim foi, prova superada.
Sinto forte, neste momento, a poesia de Alfredo Reguengo:

É em vão que bradais para que a minha voz se cale!
Em mim
o pensamento
é voz e é semente!

Hei-de falar, porque penso e vivo
e hei-de pensar
constantemente

(…)

Os estados fúnebres da direita

António Pires de Lima continua a sua missão contra o líder do seu partido. O que o move? Um apoio futuro a Paulo Portas? Qual a diferença do seu projecto político com o de Ribeiro e Castro?

Pires de Lima diz que uns eventuais "estados gerais da direita" serão uns "estados fúnebres da direita"!

A direita anda em dificuldades. Não admira, o governo PS transferiu-se com armas e bagagens para o seu campo político. Os dados, hoje conhecidos, de que o PSD e CDS foram os partidos que mais votaram ao lado do PS são elucidativos. Isto sem contar com 8 propostas de lei do governo que, por serem tão mazinhas, nem a direita teve a coragem de votar ao seu lado.

Não admira que a direita esteja em dificuldades. Pelo menos enquanto a burguesia continuar a apoiar o PS e o seu governo. E este a fazer a política da direita!

Victor Franco

sábado, agosto 5

Desabafos à esquerda

Quem me acode? Estou profundamente agastado. Cansado e farto. Voltei à política partidária, com o Bloco de Esquerda. Já lá vão uns anitos. Mas num intervalo que surja vou deixar a militância partidária.

Como militante partidário tenho um grau de exigência elevado. Comigo e com os outros. Gosto de ser e não pertencer. Gosto de fazer acontecer. Não gosto de estar. Já não tenho muita paciência, para esperas. Para estar, por estar. E para ver sempre as mesmas caras. É difícil trabalhar comigo, reconheço. Tenho quase sempre opinião e ideias. O que é uma grande “chatisse”…

Não pretendo que as minhas posições vençam sempre, não tenho esse pretensiosismo, mas o acomodamento, a insuficiência de posição critica, faz-me impressão, dentro da estrutura. Falta uma cultura de critica. Não culpo a direcção ou talvez culpe, por falta de estímulos, por ser demasiado distante, por dar “autonomia” a mais, por “controlar” a menos, por não estar. Presos por ter cão e por não ter, dirão eles e talvez com razão. Poi é caros amigos, é difícil encontrar a dose certa.

Sei que vejo a intervenção política de um modo muito peculiar. O que estou a dizer não é novidade para os meus camaradas e muito menos para os meus amigos. E muitos anos decorridos, confesso faltarem-me já as forças e o ânimo, para tentar atravancar certos comportamentos errados e por isso prefiro manter-me à distância mínima.

Considero mais de meia dúzia de anos passados que está a faltar capacidade ao Bloco para atrair “novos públicos”, para a actividade partidária, fazer interessar mais as pessoas, investir mais, nos mais jovens. Trazer mais jovens à liderança. Não culpo o partido, tão-pouco as políticas do partido. Muito menos as pessoas ou os jovens. São sinais dos tempos. Mas é possível fazer mais, penso eu.

A “desconstrução” ideológica foi e é a alma do Bloco. É esta a sua marca distintiva, genética, a sua “impressão digital”. É este modelo que permite questionar o que era dado como adquirido, repensar as práticas políticas, reflectir sobre as ideologias, adaptar o pensamento e a acção aos novos problemas de uma sociedade moderna, com respostas novas e adequadas.

A “descontrução” ideológica, não é pois, um abandono da ideologia. É antes um assumir de que a ideologia não se esgotou nos pensadores clássicos marxistas ou nos pensadores mais contemporâneos, anti-capitalistas. Sem complexos e sem preconceitos, tendo como pano de fundo, os valores capitais de uma sociedade socialista, num cenário de um novo mundo globalizado. Estou de acordo com este caminho. Parece-me aliás o único.

O Bloco afirma-se da esquerda e socialista. Faz bem. A esquerda e o socialismo são o traço comum, a muitas mulheres e homens que procuram a justiça social, a dignidade, a fraternidade, o bem-estar a todos os níveis. E o Bloco tem a obrigação de contribuir, com o seu melhor esforço, para que a sociedade melhore e mude. Acho que tem feito muito por isso, sinceramente.

Isto não quer dizer que cauciono todas as políticas e todos os dirigentes do Bloco. Não o conheço o suficiente, todos os dirigentes. Mas estou convicto da bondade das suas motivações políticas. Acredito, mesmo que estão na política, para servir a causa pública. Não serão todos, certamente. Existirão e onde existir sempre oportunistas que antevêem o entremetimento na coisa política, como trampolim para outros interesses particulares.

Queria acreditar que não, mas apesar de crédulo não sou tão ingénuo a esse ponto.

Há comportamentos que não aprecio, mas avalio como adversidades naturais, num partido, novo e ainda a estruturar-se. Mas estou atento. Interessa-me, antes, acentuar o que melhor descortino na actividade do Bloco. A presença de um vasto grupo de pessoas, verdadeiramente empenhadas. Desinteressadamente empenhadas. Pessoas que dão o seu tempo, a sua disponibilidade mental e física, a um ideal, a uma ideia. A de construir uma ponte de esperança, de resgatar a política, de se entregarem à causa de uma sociedade mais igualitária e justa. Uma sociedade socialista na sua profunda essência.

O problema é outro. O problema sou eu e outros como eu. E piores que eu. Estou cansado. Saturado. Sem paciência. E quero mais e exijo mais e desgosta-me que tudo ande ao ralenti. É preciso mais. Não podemos estar à espera que “os amanhãs cantem”. Que a “história nos dê razão”. Que tenhamos mais deputados, mais autarcas, mais influência, mais simpatia. É bom, mas é pouco.

Os pobres, os desempregados, os sem casa, os famintos, os angustiados com os novos tempos, os desempregados, os com o emprego precário, todos os que estão preocupados, com o presente e um futuro incerto e inseguro, com a assistência social, com a saúde, com a segurança, não podem esperar. Querem ter tempo de ter uma vida para viver com dignidade. E aqui há muita a fazer e daí, também alguma da minha insatisfação. Não estou no partido por estar. Estou porque quero que alguma coisa mude.

Já o disse. Não sou uma pessoa sectária. Não sou um radical. Mas sou alguém com princípios e causas. E estando em causa certos princípios, certas atitudes inadmissíveis, como a indignidade, a injustiça social, sabem que contam comigo, a sério. Aí transfiguro-me. Aí cuidado comigo. Por isso é que valorizo a unidade, os pequenos avanços, as pequenas e grandes conquistas, não importa se conseguido, à custa de um apagamento partidário, da ajuda do padre da freguesia, da instituição social, do movimento associativo, da actividade de outro partido.

É por isso que defendo uma esquerda, ainda mais ampla. Uma esquerda orgânica com base em linhas programáticas concretas e comuns à esquerda. Para fazer pequenas conquistas que para os beneficiários são grandes conquistas. Para dar uns empurrões para a frente. Uma esquerda de denominadores comuns. Uma esquerda orgânica, sem, perda da intervenção e identidade própria, de cada organização, partido, ou associação cívica. Uma frente de esquerda. À semelhança e imagem do Bloco. Para criar, num futuro, um partido da esquerda portuguesa. Um novo partido socialista.

É difícil, claro que é. Mas insisto, não chega ter mais deputados, mais simpatizantes, mais influência política e social. Isso é bom, muito bom. Mas em nome dos que sofrem todos os dias os que são vitimas do desemprego, do emprego precário. Dos que têm fome, não têm casa, não têm saúde. É preciso mais. É preciso arriscar mais. Ser mais combativos e conquistar todas as forças que nisso estejam verdadeiramente interessadas.

Há que apostar nestes caminhos. E não olhar para os nossos umbigos apenas. Por muito bem intencionados que sejamos. O tempo corre.